segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Realismo e bom senso

Segundo um estudo de opinião para o jornal i, ainda que profundamente descontentes com o Governo, 70,2% dos portugueses rejeitam eleições antecipadas. Vejo duas leituras possíveis e eventualmente complementares. A primeira leitura aponta para a clara noção de que, ainda que insatisfeitos, os portugueses sabem que no essencial -- e descontadas algumas brincadeiras de natureza semântica -- não existe alternativa ao actual rumo de austeridade.
Uma segunda leitura salienta que os portugueses rejeitam eleições antecipadas porque não vislumbram uma alternativa em termos de projecto partidário. Por muito descontentes que estejam com o desempenho de Pedro Passos Coelho enquanto Primeiro-Ministro, ainda que admitam um caminho político alternativo, i.e. uma alternativa à austeridade, na verdade não confiam em António José Seguro para os levar a bom porto. Falta um protagonista que personifique a mudança.
Independentemente de qual seja a interpretação mais correcta, as duas dão tempo ao Primeiro-Ministro para apresentar resultados. Dito de outra maneira, apesar das sondagens, o destino do Governo continua única e exclusivamente nas suas mãos.