segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Portugal, os EUA e as Lajes: Quais as soluções?

Este artigo de Victor Ângelo (Visão, 6.12.2012: 76), no âmbito do pouco que tenho lido sobre o assunto na comunicação social portuguesa, provavelmente é o texto que melhor explica como se chegou à actual situação no que se refere à base das Lajes. (Clicar na imagem para ler.) Infelizmente, como acontece na esmagadora maioria dos casos, comentadores e analistas explicam com razoável sucesso os motivos porque chegámos a uma determinada situação -- comentadores e analistas que, note-se, não nos alertaram em devido tempo para o problema que agora consideram que era óbvio e evidente -- mas pecam sempre por omissão quanto ao resto. Dito de outra maneira, ficamos com uma compreensão razoável sobre o problema, mas completamente no escuro quanto às soluções.
Acontece que não vale a pena chorar sobre o leite derramado. A desvalorização estratégica das Lajes é um facto. O que importa agora é tentar perceber como se pode dar a volta à situação, assumindo que isso é possível. Ora, Victor Ângelo não apresenta uma proposta, uma sugestão, sobre como, no seu entender, o Governo -- este ou outro -- deveria actuar para voltar a valorizar a base das Lajes.
Victor Ângelo não é um caso isolado, muito pelo contrário. Nessa medida, o comentário que aqui faço vai muito para além do seu artigo que, repito, vale a pena ler.
Será assim tão difícil focar o passado e os problemas, mas ao mesmo tempo tentar olhar para o futuro e para as eventuais soluções?
Como leitor e cidadão é isso que valorizo e parece-me que esse é o grande valor de um analista. Uma leitura correcta do passado e do presente, mas também -- e sobretudo? -- a capacidade de fornecer pistas sobre o futuro. Dito de outra maneira, uma identificação equilibrada do problema e ao mesmo tempo a capacidade de avançar com algumas pistas ou cenários relativos a eventuais soluções.
Bem sei que isto dá trabalho, muito trabalho, que obriga a correr riscos e a abandonar a zona de conforto. Mas é isso que faz a diferença.
Regresso ao início: de forma pragmática e realista, o que é que poderemos e deveremos fazer de modo a revalorizar aos olhos dos EUA a base das Lajes?
A base das Lajes é apenas uma pequena peça de um puzzle maior e que envolve, entre outras matérias, a relevância das relações transatlânticas, o futuro da NATO e a relação dos EUA com Portugal e Espanha. Mas, repito, não façamos o percurso apenas até ao meio da ponte. É altura de começar a pensar nos problemas, mas também nas soluções. Olhar para o passado e para o presente, mas também para o futuro.