Excelentíssimo senhor secretário de Estado do Orçamento, Luís Morais Sarmento, um conselho amigo: não se estique na conversa. O senhor não é analista ou comentador; é político e faz parte do Executivo. Portanto, de duas uma: ou sabe o que está a fazer e as suas palavras têm uma finalidade e estão vinculadas a uma estratégia, ou então é preferível estar calado. Se a sua intenção passa por pressionar o Tribunal Constitucional -- e eu tenho dificuldade em ver outra finalidade nas suas palavas -- o meu conselho amigo é que pense primeiro numa estratégia antes de dizer a primeira coisa que lhe vem à cabeça.
Mas isto é apenas a opinião de um insignificante cidadão, eleitor e simpatizante do seu Governo. O meu amigo seguramente tem um batalhão de estrategas e de assessores de comunicação, pelo que estou seguro que sabe o caminho que está a trilhar. O meu amigo lá terá as suas razões para levantar a hipótese de incumprimento do programa de assistência económica e financeira. Numa altura em que os juros da dívida alcançaram valores muito animadores, o meu amigo terá as suas razões para assustar os investidores e quem nos empresta dinheiro.
Com os melhores cumprimentos,
Paulo Gorjão
P.S. -- Ex.mo senhor secretário de Estado, na próxima vez diga qualquer coisa ao senhor Primeiro-Ministro. Informe-o do que deve dizer. Está o meu amigo a perorar sobre cenários de risco -- e de potencial crise -- e o senhor Primeiro-Ministro a remar no sentido contrário. Em última instância, se o senhor Primeiro-Ministro não o ouvir, demita-o.