A última notícia que li sobre o assunto dizia que o BANIF pretendia reforçar o capital com um banco sul-americano. Na verdade não foi a última, visto que notícias posteriores mantinham a mesma versão. É certo que o reforço de capital está a ser difícil de concretizar. As dificuldades em captar accionistas de referência têm sido evidentes, mas em todo o caso o processo está ainda em aberto.
Vem isto a propósito da notícia de hoje segundo a qual o Banco BIC estará indisponível para entrar no capital do BANIF. Perante as dificuldades, talvez os planos do BANIF se tenham alterado entretanto, mas publicamente continua em vigor a versão segundo a qual Jorge Tomé quer captar um parceiro sul-americano. Ora, que saiba (e poderão ter existido movimentações nos bastidores que não são públicas), o Banco BIC será tudo menos sul-americano...
Mas lida a notícia fica-se com a impressão que a declaração de indisponibilidade do Banco BIC é, na verdade, uma manifestação de disponibilidade se se introduzirem alterações significativas nos termos do negócio. É quase uma manifestação de interesse para uma fase posterior, caso Jorge Tomé e os accionistas de referência não consigam levar até ao fim o processo de recapitalização do BANIF.
Dito isto, numa altura em que a parceria estratégica com Angola atravessa dias mais complicados, fazendo de algum modo nosso também o espírito das palavras de José Eduardo dos Santos, diria que não vejo que haja condições de momento para dar carta verde a um novo passo na penetração do capital angolano na banca portuguesa. Numa altura em que supostamente Angola procura aprofundar as relações com outros países europeus, diria que os bancos angolanos poderão sempre tentar adquirir bancos franceses e ingleses. Boa sorte.