"Se não tivermos uma solução europeia, arriscamo-nos a ter novamente ditaduras na Europa", afirmou Álvaro Santos Pereira, acrescentando que o caminho da "austeridade cega" vai exaltar "os extremismos" europeus.
Este é um tema que me interessa particularmente e para o qual a União Europeia (UE) não tem, se tal acontecesse, mecanismos institucionais para fazer face. Isto dito, não creio que a UE corra o risco de ver um dos seus Estados-membros transitar de um regime democrático para um autoritário. Pura e simplesmente, não me parece provável, ainda que teoricamente seja possível. O que já me parece mais provável é a erosão e a degradação da qualidade de alguns regimes democráticos no espaço da UE.
Qual a probabilidade?
Não sei. Pouca, porventura, partindo do pressuposto de que no plano europeu o mais difícil do actual ciclo de austeridade já se encontra ultrapassado, ou em vias de ser ultrapassado.
Esta discussão, entre democracia e prosperidade, nas suas diversas mutações, é muito antiga. Em bom rigor, ultrapassa-a. No fundo estamos a falar do potencial declínio, neste caso da Europa, e do seu impacto na ordem política. Uma longa conversa.