Era importante que não se voltasse a repetir os erros cometidos em relação ao Mali. Portugal tem de estar presente na intervenção militar em curso na República Centro-Africana (RCA). Alemanha, Bélgica, Espanha, Polónia e Reino Unido já se comprometeram a prestar auxílio à intervenção militar francesa na RCA que, recorde-se, tem cobertura legal das Nações Unidas.
Há mil e uma razões para Portugal ter uma presença mínima na operação militar liderada pela França, agora ou mais à frente, mas desde já anunciada publicamente. De forma breve e sem grande desenvolvimento: [1] Uma das cartas fortes da nossa diplomacia tem sido o facto de nós sermos um security provider. Que saiba, nada mudou, apesar das nossas dificuldades financeiras. [2] Por uma questão de solidariedade europeia com um parceiro histórico de Portugal. [3] A França fica-nos a dever um 'favor' que posteriormente poderá ser relembrado noutros palcos, como é o caso da Guiné-Bissau. [4] Onde estão os espanhóis nós também temos de estar. [5] Países europeus da nossa dimensão, como é o caso da Bélgica, vão marcar presença. [6] A política externa portuguesa, na sua vertente subsaariana, não se pode circunscrever quase em exclusivo aos países de língua portuguesa. [7] O que se passa na RCA é importante para a UE, mas também para os nossos parceiros da CPLP. Se é importante para eles inevitavelmente também tem de ser para nós.
Tudo somado, custa-me a aceitar que Portugal não possa ter uma forma qualquer de participação. Nem falo de boots on the ground. No mínimo, um C-130, por Toutátis!