Desde que o actual Governo tomou posse, o período de aplicação do memorando assinado com a troika tem sido alvo de discussão. O PS, sobretudo, entende que Portugal necessita de mais tempo. O Governo, por sua vez, considera correcto o prazo inicialmente acordado com a troika.
O PS quer mais tempo para a implementação do plano de assistência financeira e justifica a sua posição com a necessidade de diluir no tempo as medidas a implementar. Sabemos, no entanto, que o PS não se revê ideologicamente no documento que assinou. O PS assinou o plano porque não teve outra alternativa. Pedir mais tempo, do ponto de vista do PS, é uma forma de resistência à implementação do plano de ajuda financeira. António José Seguro sabe que quanto mais tempo passar maiores serão as dificuldades de aplicação do memorando.
Em contrapartida, o memorando é o programa do Governo. O êxito ou o fracasso do Governo na sua implementação é a grande questão. Qualquer alteração de calendário, na perspectiva de Pedro Passos Coelho, constitui uma dificuldade adicional.
Em suma, mexer nos prazos é um pouco como reconfigurar a dimensão de um tabuleiro de xadrez a meio de um jogo. Os jogadores adoptaram uma estratégia e colocaram as suas peças no tabuleiro em conformidade. Modificar a dimensão do tabuleiro -- e alterar o tempo que levará a decidir o jogo -- não é uma decisão neutra e isenta de consequências.