1. Angola: Eleições sem história?
Ninguém tem dúvidas que José Eduardo dos Santos e o MPLA serão os vencedores das eleições gerais. Falta apenas saber qual a dimensão da sua vitória, se a UNITA de Isaías Samakuva tem uma vez mais um péssimo resultado, e como se comportará eleitoralmente a CASA-CE de Abel Chivukuvuku.
Quer isto dizer que estamos perante um acto eleitoral sem história?
Muito pelo contrário. Estas eleições constituem mais um passo importante na tripla transição em curso desde 1992: da guerra para a paz, do autoritarismo para a democracia liberal, e de uma economia planificada para uma economia de mercado.
Acresce que, estas eleições marcam o fim de um longo ciclo. Como salientava recentemente José Eduardo Agualusa, estas serão muito provavelmente as últimas eleições angolanas em que o vencedor é conhecido à partida. Ou seja, o simples facto de se realizarem estas eleições, independentemente das suas insuficiências, é importante. Acresce que, como observou Staffan I. Lindberg no livro Democracy and Elections in Africa, no continente africano os regimes democráticos tendem a ganhar raízes na sequência de três ciclos eleitorais, e a passagem de um regime ditatorial para um regime eleitoral competitivo tende a reforçar a tendência para a democratização e, eventualmente, para a democracia.
Se assim será, ou não, é algo que está apenas nas mãos dos angolanos.
(DE, 29.8.2012: 19.)