quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O futuro do BE [6]

"A morte do Bloco está mais próxima", defende Paulo Pinto Mascarenhas. "Sem a sua presença [Francisco Louçã], a probabilidade de desagregação a prazo sobe vertiginosamente", salienta João Cândido da Silva.
Talvez sim, ou talvez não. Não há líderes insubstituíveis e a morte do Bloco de Esquerda (BE) não está escrita nas estrelas. As próximas eleições legislativas serão um teste muito duro à sua sobrevivência e certamente poderão determinar o seu futuro. Julgo ser mais razoável dizer que o futuro do Bloco está em aberto e é uma incógnita.
No entanto, Paulo Pinto Mascarenhas tem toda a razão quando caracteriza o BE como um "alberque espanhol". De facto, 13 anos depois da sua constituição, o Bloco está longe de ter tido êxito enquanto melting pot. "Qualquer solução de liderança terá de englobar no centro pessoas afectas à UDP", avisava recentemente Joana Mortágua, presidente da direcção nacional da UDP. A enorme preocupação com os equilíbrios internos confirma, caso fosse necessário, que as origens dos militantes -- PSR, UDP e Política XXI -- continuam bem vivas no Bloco.
Entretanto, uma vez que a discussão sobre a sucessão de Louçã saltou para o espaço público, diferentes elementos do BE têm destacado o carácter vivo e plural do debate interno. Certo. Mas se fosse o PS, o PSD, ou o CDS, a comunicação social caracterizaria esse debate vivo e plural como se se tratasse de um saco de gatos. Salientar o debate vivo e plural -- o que é verdade, claro -- pretende desvalorizar mediaticamente as divergências. E elas, como se tem visto, são profundas.