"A herança de Sócrates é pesadíssima e vai perdurar muitos mais anos. Mas a actual liderança, de António José Seguro, também não entusiasma o eleitorado", Eduardo Dâmaso (CM).
Eis a velha questão: são os governos que caem por si próprios, ou é a oposição que os faz cair?
Luís Marques Mendes sensivelmente por esta altura do primeiro mandato de José Sócrates também sofria todo o tipo de dificuldades para se impôr politicamente. Acabou por fracassar, como se sabe.
Isto dito, é verdade que hoje as circunstâncias são outras, talvez -- repito, talvez -- mais favoráveis à oposição. Sejam ou não mais favoráveis, não me surpreende que o PS esteja a recuperar nas sondagens. O que me espanta, de certa forma, é que o PSD ainda esteja à frente. Diria que o PSD até se tem aguentado muito bem nas sondagens, tendo em conta que aquilo que tem para oferecer, nesta fase, é apenas austeridade e mais austeridade.
Em vez de querer entusiasmar, talvez Seguro queira antes reflectir sobre isso. Apesar das circunstâncias, a que se deve a tolerância -- o pragmatismo, ou o realismo, your choice -- do eleitorado em relação a Pedro Passos Coelho? Que lições retirar disso para o seu próprio posicionamento político?