Se bem percebi, os críticos entendem que Pedro Passos Coelho não deveria ter dado um sinal de esperança no seu discurso no Pontal. Não deveria, portanto, ter dito que 2013 "será o ano da inversão da actividade económica". Em nome do 'realismo' -- curiosamente alguns destes 'realistas' andaram a engolir acriticamente os discursos de José Sócrates durante anos a fio -- o Primeiro-Ministro deveria ter sido mais comedido nas suas declarações.
É óbvio que 2013 pode não ser o momento de viragem, nomeadamente porque há variáveis de ordem externa que não controlamos, mas que influenciam a nossa capacidade de resposta. Em todo o caso, pesados os prós e os contras, neste momento há indicadores que indiciam que o pior pode estar ultrapassado e é com base nisso que Passos Coelho profere aquelas palavras. O Primeiro-Ministro sabe que corre um risco calculado nas suas previsões. Mas o seu papel não é o do analista político -- algo que Álvaro Santos Pereira persiste em se esquecer -- mas sim o do político. E o político Passos Coelho e líder do PSD -- talvez se justifique recordar que foi nessa qualidade que a sua intervenção se realizou -- fez aquilo que deveria ser feito, i.e. transmitiu alguma esperança. Não mais do que isso.