Esta conversa toda vem a propósito do dossier RTP, pois claro. Poderia ter começado de pior maneira?
Duvido. O modo como se iniciou a discussão pública sobre o futuro da RTP foi um desastre, ao ponto de me parecer neste momento que o processo estará politicamente morto. Sendo um pouco mais optimista diria que estará moribundo ainda antes do tiro de partida oficial.
Será que estou a revelar falta de distanciamento em relação aos acontecimentos das últimas 48 horas?
Muito honestamente, não sei. O que sei é que a intervenção de António Borges, conjugada com a reacção do CDS, parece-me ter sido mortal para qualquer alteração significativa na RTP. Subitamente, a juntar às críticas mais do que esperadas de BE, PCP e PS, eis que surge o CDS em clara divergência com o PSD. Ou seja, o PSD vai ter que suar muito para convencer a opinião pública de que não está isolado nesta matéria e que a sua proposta, seja ela qual for, é equilibrada e corresponde ao interesse público.
Muito honestamente, não sei. O que sei é que a intervenção de António Borges, conjugada com a reacção do CDS, parece-me ter sido mortal para qualquer alteração significativa na RTP. Subitamente, a juntar às críticas mais do que esperadas de BE, PCP e PS, eis que surge o CDS em clara divergência com o PSD. Ou seja, o PSD vai ter que suar muito para convencer a opinião pública de que não está isolado nesta matéria e que a sua proposta, seja ela qual for, é equilibrada e corresponde ao interesse público.
A opinião pública, refira-se, assiste a isto sem qualquer intervenção do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho ou do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares Miguel Relvas. No imediato surge como bombeiro de serviço José Pedro Aguiar-Branco que manifestamente não é a pessoa indicada para este combate político. Entretanto, em parte fruto de uma campanha mais do que esperada envolvendo interesses vários, vai-se instalando na opinião pública a percepção de que a(s) proposta(s) na calha não salvaguardam o interesse comum. Ora, uma vez criado este caldo, experimentem agora alterá-lo...
É claro que a percepção de que estamos perante uma nova PPP também não ajuda, tal como não ajuda o facto de os portugueses ficarem a saber que continuarão a ter que pagar a taxa audiovisual, ainda por cima sem ser líquido qual é o risco do futuro operador privado. Também aqui me parece que vai ser muito difícil conquistar os corações e as mentes da opinião pública.
No meio disto tudo, se o Presidente da República decidir manifestar dúvidas publicamente, algo que não sei se fará, mas que não excluo, então diria que será cheque-mate garantido a qualquer alteração estrutural na RTP.
Chegados a este ponto, qual era mesmo a intenção do Governo, manter tudo na mesma, ou alterar o mínimo possível?
Se a intenção era mexer mesmo a sério na RTP, como se deduz da intervenção de António Borges, então a abordagem não poderia ter sido mais contraproducente. É a vida.
P.S. -- O título deste post corresponde a um dos livros de Barbara Tuchman.