sábado, 11 de agosto de 2012

Três fogos, três grandes crises

Na confluência de três grandes crises. (...) À crise da dívida junta-se a recesão desde 2008, de que Portugal não conseguiu sair, e, por fim, uma crise de crescimento já com 15 anos.
Resolver os problemas do país "é um bocadinho como apagar um fogo, sem criar outro ali. É uma espécie de malabarismo, difícil de conseguir, porque há um certo conflito", destaca Luís Cabral [economista e professor da Universidade de Nova Iorque]. E concretiza: "Muito do que se fala como políticas de crescimento, são, na verdade, políticas de expansão da despesa pública, para minorar a recessão, mas que complicam muito a crise da dívida pública". Ao mesmo tempo, "o ajustamento necessário para a reforma estrutural da economia portuguesa tem um custo grande no curto prazo". No fundo, "o país está entre três fogos e é preciso estabelecer um certo equilíbrio no seu combate".
"Não há uma solução mágica", reconhece Luís Cabral. "A solução teris sido começar a resolver a crise do crescimento no princípio da século, quando ainda havia folga". Por isso, o economista "não inveja a tarefa do Governo. É difícil fazer tudo ao mesmo tempo". Olhando para o primeiro ano de governação, considera que o resultado é o "possível". E aponta que "por causa do elevadíssimo custo político da reforma estrutural da economia portuguesa, por estranho que pareça, a crise em que nos encontramos é que permitiu a constituição de um Governo com pendor reformista" (Expresso/Economia, 11.8.2012: 17).