Resolver os problemas do país "é um bocadinho como apagar um fogo, sem criar outro ali. É uma espécie de malabarismo, difícil de conseguir, porque há um certo conflito", destaca Luís Cabral [economista e professor da Universidade de Nova Iorque]. E concretiza: "Muito do que se fala como políticas de crescimento, são, na verdade, políticas de expansão da despesa pública, para minorar a recessão, mas que complicam muito a crise da dívida pública". Ao mesmo tempo, "o ajustamento necessário para a reforma estrutural da economia portuguesa tem um custo grande no curto prazo". No fundo, "o país está entre três fogos e é preciso estabelecer um certo equilíbrio no seu combate".
"Não há uma solução mágica", reconhece Luís Cabral. "A solução teris sido começar a resolver a crise do crescimento no princípio da século, quando ainda havia folga". Por isso, o economista "não inveja a tarefa do Governo. É difícil fazer tudo ao mesmo tempo". Olhando para o primeiro ano de governação, considera que o resultado é o "possível". E aponta que "por causa do elevadíssimo custo político da reforma estrutural da economia portuguesa, por estranho que pareça, a crise em que nos encontramos é que permitiu a constituição de um Governo com pendor reformista" (Expresso/Economia, 11.8.2012: 17).