quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Vaticínios falhados

Não faltou quem manifestasse os piores receios quanto aos processos de transição para a democracia na Tunísia, Líbia e Egipto. Por razões diversas, a democratização destes três países estava condenada ao fracasso, diziam os mais pessimistas. Porém, ignorando as piores expectativas, a verdade é que com maior ou menor dificuldade a estabilização e a democratização destes países vai fazendo o seu caminho. Em parte, aliás, para minha própria surpresa, constato por exemplo que na Líbia a evolução interna tem sido francamente notável. É claro que nada está garantido e estamos ainda muito longe de ter democracias liberais nestes países. Isto dito, quem diria que na Líbia, por exemplo, as eleições seriam ganhas pelos liberais?
Os acontecimentos no Magrebe lembram-nos uma vez mais, caso fosse necessário, que devemos ter a humildade de reconhecer que a nossa capacidade de prever o futuro tem grandes limitações. Podemos elaborar cenários, traçar opções possíveis, mas a interacção das variáveis e o seu resultado é algo que não controlamos. Podemos tentar influenciar o desfecho, mas não temos garantias nenhumas de que isso funcione como queremos.
Regresso repetidamente a José Ortega y Gasset: "Yo soy yo y mi circunstancia". Liberdade e destino. A vida é isto, o que não é pouco.