Paulo Pedroso colocou em votação no seu blogue a pergunta "a estratégia do Governo para 2013 deve ser":
1. Continuar a actual política de austeridade, se necessário indo além da troika.
2. Moderar a política de austeridade, se necessário renegociando com a troika prazos e condições.
3. Abandonar a política de austeridade, se necessário denunciando o acordo com a troika.
Duvido que a primeira opção tenha muitos votos. A última terá mais votos, seguramente, mas qualquer pessoa que pense um pouco tenderá a rejeitá-la de imediato. Suponho que o grosso das pessoas, pelo menos no arco que vai do PS ao PSD, escolherá a segunda opção. Esta hipótese, recorde-se, é aquela que anda mais próximo das posições de António José Seguro. O líder do PS, como se sabe, defendia que era necessário mais tempo. Julgo, posso estar enganado, que nunca disse exactamente quanto tempo adicional seria necessário na sua opinião. E julgo, igualmente (e também aqui posso estar enganado), que nunca foi muito explícito sobre que condições queria renegociar. O meu ponto, muito simples, é que esta segunda opção parece ser apenas uma questão de bom senso, mas é mais complexa do que possa parecer. É preciso saber, por exemplo, [1] o que queremos renegociar em termos de prazos e condições, mas também [2] se temos capacidade para renegociar o que quer que seja.
O Governo e o PS que não tenham dúvidas: Pedro Passos Coelho vai assistir a uma crescente pressão para renegociar e vai ter de explicar de forma muito convincente porque não quer, ou porque não pode. António José Seguro, enquanto alternativa de governo e de modo a assumir uma posição minimamente credível, terá de explicar exactamente o que quer renegociar e porque pensa que será possível.
Adicionalmente, importa também reflectir sobre as vantagens e as desvantagens -- sim, não serão seguramente apenas vantagens -- de se moderar a austeridade e de se renegociar prazos e condições. Dito de outra maneira, quais as vantagens e as desvantagens de se abandonar a política do bom aluno e, consequentemente, de Portugal se afastar da Alemanha?
Estas questões a preto e branco, tal como sabe Paulo Pedroso, escondem muitos tons de cinzento. Mas isso não lhes retira relevância, apenas aconselha prudência nas respostas.