"Nós [Portugal] não temos um problema de despesa. Nem Portugal tem, à entrada da crise e agora, indicadores de nível de despesa pública que sejam maiores do que a generalidade dos países europeus. Portugal tem em 2011 um nível de despesa pública no PIB de 48,9%. A média da União a 27 é 49,1% e da Zona Euro é 49,4%. (Fonte: Eurostat.) (...) É evidente que temos uma crise de endividamento global que atingiu os níveis que atingiu pela forma como o euro foi construído. Em moeda própria, nunca Portugal teria os níveis que tem. O endividamento é muito maior no sector privado que no público. Dois terços da dívida externa é privada", disse Fernando Medina, ex-secretário de Estado no Governo de José Sócrates e actualmente deputado do PS (Jornal de Negócios, supl. Weekend, 28.9.2012: 7).
Estas linhas explicam, em larga medida, a análise e a posição do PS. É por isso que o PS é tão resistente ao corte na despesa. Afinal, Portugal não tem, na sua visão, um problema de despesa. De certo modo contra a sua vontade, Medina apenas está disponível para reconhecer que se tem um problema de dívida, mas também aqui com atenuantes. Em primeiro lugar, o problema de endividamento não é culpa nossa, mas sim do euro. E em segundo, o endividamento é sobretudo privado. Moral da história?
Está tudo bem, portanto...