Ainda que possa existir um pequeno fundo de verdade nesta afirmação, trata-se de um argumento que não pode, ou não deve, ser utilizado por aqueles que defendem a legitimidade do Governo. Isto porque está implícito nesta linha argumentação, ainda que involuntariamente, que o Governo apenas é tolerado porque as circunstâncias não permitem outros cenários. Decorre desta observação que estamos perante um Governo diminuído, cuja legitimidade está corroída e que apenas as circunstâncias salvam de uma destituição.
Sejamos claros, em democracia há sempre -- repito, sempre -- espaço para realizar eleições. Nada, ou quase nada, tem prioridade perante a realização de eleições.
Se não foram convocadas eleições antecipadas foi porque a crise política não era suficientemente grave e porque, por diversas razões, os players não as quiseram nesta altura. Nessa medida, o Governo tem total legitimidade, decorrente aliás de eleições legislativas recentemente realizadas.
Portugal não poderia ter eleições legislativas antecipadas nesta altura?
Claro que podia.
Portugal não poderia ter eleições legislativas antecipadas nesta altura?
Claro que podia.