segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guiné-Bissau: Notícia sempre por maus motivos [2]

Algumas notas breves a reter sobre os acontecimentos de ontem e de hoje na Guiné-Bissau:
1. Ficou claro que o poder político esteve sempre nas mãos dos militares e de António Indjai em particular. O Governo de transição foi uma ficção tolerada por conveniência das partes.
2. A ECOMIB não tem qualquer influência ou capacidade de controlo dos acontecimentos na Guiné-Bissau. Algo que ONU e o Conselho de Segurança não poderão deixar de ter em conta.
3. Numa altura em que há fortes rumores de que Kumba Ialá poderá assumir amanhã a presidência da Guiné-Bissau, a comunidade internacional encontra-se uma vez mais confrontada com a necessidade de escolher entre o péssimo e o menos mau.
4. Os acontecimentos em curso de certo modo jogam a favor da posição portuguesa. Se a frente internacional corria o risco de se começar a desmoronar, com os acontecimentos de ontem e hoje, Portugal ganha acrescida margem de manobra.
5. Isto dito, por motivos que são amplamente conhecidos, Paulo Portas neste momento está focado quase em exclusivo na situação interna e o SENEC, pura e simplesmente, não existe.

[Adenda]
6. A CPLP vai reunir-se para analisar os acontecimentos? E na ONU, Portugal vai procurar, de novo, ver se o Conselho de Segurança emite uma resolução ou, o mais provável, uma declaração?
7. A janela da ONU está quase a fechar-se. O mandato português para o Conselho de Segurança da ONU termina em Dezembro, o que significa que Portugal perde força política nesse plano.