Jorge Sampaio considera necessário um consenso alargado para conseguir renegociar as condições do empréstimo com a troika.
Regressamos sempre ao défice de política neste Governo. Desde o final de Agosto que começou a ser perceptível que alguma coisa estava a correr mal com a estratégia do Governo e que era necessário ajustar a narrativa oficial. Entretanto passou um mês e meio e o Governo nada fez nesse sentido. Pelo meio a troika concedeu mais um ano a Portugal, mas ninguém ficou com a noção de que tal tenha sido solicitado pelo Governo português, ou fruto da sua estratégia. No mesmo sentido, não tenho conhecimento público de uma única intervenção de membros do Governo que aponte para a tentativa de redução dos custos de financiamento, tal como o PS defende, refira-se.
Se o Governo tem feito alguma coisa junto da troika no sentido de atenuar a austeridade, torná-la sustentável e exequível, tal não é do conhecimento público. Pelo contrário. O Governo aparece sempre como o fiel executor do programa imposto pela troika. Ora, parece-me evidente que isto é um suicídio político.
O Governo tem de reconquistar a iniciativa política, rever a narrativa e o rumo. De caminho e nesse âmbito, Pedro Passos Coelho tem aqui uma oportunidade para voltar a incluir o PS de novo num consenso mais alargado. Caso contrário, com uma base de apoio cada vez mais diminuta, este é um caminho político sem retorno.