domingo, 4 de novembro de 2012

O estado da arte do jornalismo político

"O que impressiona não é que ele [i.e. Luís Marques Mendes] a tenha e a procure, mas que a classe jornalística não chegue primeiro às informações, muitas vezes públicas e muito relevantes e que ele divulga", refere Eduardo Cintra Torres (ECT).
Há diversas razões que explicarão o problema referido por ECT no Correio da Manhã. Seguramente serão todas relevantes, mas há uma que julgo ser essencial e fundamental. Os jornalistas não chegam primeiro à informação (alguma, pelo menos) porque a relação entre políticos e jornalistas é marcada pela desconfiança, por vezes mútua.
O caso de Marques Mendes é diferente. Não só não é jornalista, como ainda por cima faz parte da tribo política e, por conseguinte, tem relações cordiais com diversos membros do Governo. O seu estatuto permite-lhe ter acesso a informação que os membros do Governo não partilhariam com os jornalistas (e com alguns políticos). Acresce que, ao contrário de diversos jornalistas, Marques Mendes não anda à espreita de uma oportunidade para fazer rolar cabeças. Dito de outra maneira, o ex-líder do PSD não se assume como um watchdog, mas sim como um analista e divulgador de informação. Isto faz toda a diferença.