Portugal, na América Latina, "atribu[i] prioridade ao Brasil, Colômbia, México, Venezuela e Chile", referiu hoje o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, durante a conferência de imprensa conjunta com o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. A omissão do Peru foi seguramente um lapso, uma vez que se trata também de um alvo prioritário da atenção diplomática portuguesa. Aliás, o Presidente peruano, Ollanta Humala, estará em Lisboa na próxima semana, no regresso da XXII Cimeira Ibero-Americana, que decorrerá em Cádiz.
Colômbia e Peru são os novos tigres da América Latina, nos quais se centram actualmente as atenções dos investidores internacionais, em larga medida atraídos pelo crescimento significativo do seu PIB. A diplomacia e os empresários portugueses, como não poderia deixar de ser, seguem com atenção estes dois países na expectativa de encontrar ou criar eventuais oportunidades. Na semana passada, por exemplo, foi notícia o plano de negócios da REN e a possibilidade de entrar em mercados como o Chile, a Colômbia e o Peru. Em sentido contrário, é conhecido o interesse do empresário colombiano, Germán Efromovich -- que integra a comitiva empresarial que acompanha o Presidente Juan Manuel Santos --, em adquirir a TAP. A lista de exemplos, independentemente da sua escala, poderia continuar.
Fruto dos tempos, é a economia -- e não a política -- que lidera o processo. É a diplomacia económica que fornece as 'lentes' com que olhamos hoje em dia para a América Latina. Nada contra, com a ressalva que nos faltam, em complemento, outros pares de óculos. Políticos, por exemplo. São necessárias 'lentes' complementares. Necessitamos de olhar para a América Latina de forma integrada, procurando maximizar e potenciar os laços económicos, mas também políticos e culturais. Caso contrário teremos um tripé diplomático desequilibrado, com as consequências negativas que daí decorrerão, incluindo para a própria diplomacia económica.