quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pessimismo excessivo

"[N]ão podemos cair num pessimismo excessivo", alerta Pedro Passos Coelho, numa altura em que as más notícias se sucedem, oriundas dos mais diversos e respeitáveis oráculos (Banco de Portugal e INE, por exemplo). Na realidade, há poucas razões para não estar pessimista, excessivamente ou não. O Primeiro-Ministro bem pode ir desvalorizando as notícias dizendo que a queda do PIB e o aumento do desemprego está "bastante em linha com as previsões do Governo". Infelizmente, há outros dados que não estão em linha com as previsões do Governo, facto que alimenta o pessimismo, excessivo ou não. Pessimismo, excessivo ou não, que é igualmente alimentado pelo facto, como reconhece o Primeiro-Ministro, de a "Europa [ser] um bocadinho mais lenta do que precisamos" para Portugal sair da situação actual. É verdade que a "Europa [já] mostr[ou] que está na retaguarda" e que "ajudará desde que cumpramos a nossa parte". Mas, ainda que assim seja, esta ausência de alternativa, de que falava Luís Amado, é motivo mais do que suficiente para nos deixar pessimistas, excessivamente ou não. Todos sabemos que "[h]á outras opções de governo mas não há outro caminho. O outro caminho é o de saída do euro". Assim, resta-nos continuar a trilhar este caminho de pedras, naturalmente com o pessimismo que daí advém, excessivo ou não. Aliás, o cidadão Passos Coelho, se não fosse Primeiro-Ministro, não nos faria companhia no pessimismo?