António José Seguro lembrou ontem que vai ser apresentada pelo Governo, na Assembleia da República, uma proposta legislativa que prevê "a criação de 90 cargos políticos nas comunidades intermunicipais, com salários superiores a 3.000 euros". Marcelo Rebelo de Sousa, na mesma linha, no seu espaço de comentário na TVI, arredondaria para 100 cargos políticos.
Onde é que Seguro e Rebelo de Sousa foram buscar estes números?
O Governo, como sempre acontece, peca por omissão, mesmo quando está a fazer algo positivo. Ainda ontem, ou hoje, já alguém deveria ter esclarecido a opinião pública. Explicações tão simples como isto. Primeira: As Comunidades Intermunicipais (CIM) vão diminuir no seu número total. O seu número não diminui muito, é certo, mas em todo o caso a tendência vai nesse sentido. Isto dito, em circunstância alguma estaremos a falar em criar 90 novos cargos. Em bom rigor, parte já existe (mas não eram remunerados) e uma parte poderá ser criada, mas no máximo estaremos a falar, por hipótese, de 40 novos cargos.
Segunda explicação: Seguro destaca as remunerações, mas se o problema é o custo, nesse caso importa frisar que se esquece de referir as poupanças. Ora, estamos a falar, em paralelo, da extinção de centenas de cargos de apoio político (adjuntos e secretários de presidentes e vereadores) nas câmaras municipais e da extinção de todos os membros das assembleias intermunicipais, i.e. cerca de 1500 elementos.
Ou seja, entre o deve e o haver, entre os cargos criados e os extintos, o Governo poupará anualmente uns largos milhões de euros.
Existe algum motivo razoável para que o líder do PS não queira poupar uns largos milhões de euros, ele que parece estar tão preocupado com os salários dos secretários-executivos das CIM?
Last but not the least, porque não explica, de imediato, o Governo tudo isto?