A RTP, sempre a RTP...
Duas observações muito rápidas sobre as declarações de ontem de Nuno Santos.
Primeira. Não sei se o conteúdo das palavras do ex-director de informação da RTP corresponde aos factos, mas para o caso pouco importa. Seja ou não verdade o que afirma, do meu ponto de vista considero ser perfeitamente compreensível e legítimo que uma nova administração da RTP queira ter em lugares cruciais, como é a direcção de informação, pessoas da sua confiança. Nuno Santos seguramente concorda com isto que acabo de afirmar. A minha dúvida é a seguinte: o ex-director de informação colocou o seu lugar à disposição quando a nova administração da RTP tomou posse?
Segunda observação. Tenho muitas dúvidas se Nuno Santos mediu bem o alcance das suas palavras. O ex-director de informação acusa a actual direcção da RTP de saneamento político. Porém, assumindo que tal é verdade, não vejo nenhuma razão para atribuir determinado tipo de comportamentos à actual equipa de gestão e isentar as anteriores. Se nada mudou na última década (a empresa continua a ser pública e a tutela assegurada por um ministro), nesse caso comem todos do mesmo prato. Afinal, a natureza humana e as lógicas empresariais e políticas são exactamente as mesmas. Consequentemente, a ser persona non grata para o actual Governo, tal significa que Nuno Santos era persona grata para o anterior?
Sejamos claros. Independentemente da veracidade dos factos e da bondade das suas interpretações, é óbvio que Nuno Santos quer abandonar o cargo com algum estrondo e provocar uma certa dose de dano político. As coisas são como são. Naturalmente, Nuno Santos está no seu direito.