terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Portugal inteiro e arredores

Segundo Mário Soares, Pedro Passos Coelho "tem Portugal inteiro contra ele". À luz dessa realidade, o ex-Presidente aconselha que tenha "cuidado com o que lhe possa acontecer", uma vez que "corre imensos riscos". Isto é, no fundo, um conselho generoso de um amigo, preocupado com a integridade física do Primeiro-Ministro. Confesso que fico sensibilizado.
Ironicamente, em 1986, Soares foi alvo de uma agressão que daria um impulso decisivo à sua campanha presidencial. Soares, que tinha Portugal inteiro contra ele, de um dia para o outro viu o jogo político mudar por completo.
Mas aquilo que interessa lembrar é que, antes e depois de 1974, antes e depois de 1986, Soares procurou sempre estar à altura das circunstâncias, independentemente das sondagens e dos riscos.
Passos Coelho, em circunstâncias muito diferentes, segue hoje em dia a mesma forma de estar na política. No fundo, Soares não pode deixar de o admirar, se outra razão não existisse porque sabe que o Primeiro-Ministro é uma pessoa bem-intencionada.
Passos Coelho pode ter Portugal inteiro contra ele, mas como Soares não se cansa de lembrar, "em democracia não há inimigos", apenas "adversários".