"Parece-me quase impossível que não haja [eleições antecipadas]", afirmou esta semana Freitas do Amaral. Freitas do Amaral disse não ser provável que o Primeiro-Ministro se demita ou que o CDS quebre a coligação, mas entende que é provável que o Presidente da República acabe por dissolver a Assembleia da República. Em suma, a tese de Freitas do Amaral é esta: haverá eleições antecipadas, não como consequência de uma moção de censura ou da demissão do Governo por implosão, mas por iniciativa presidencial, ainda que reconheça que o PS não está preparado para governar.
Dito por outras palavras, e deixando de lado o próprio entendimento que o Presidente tem do seu papel à luz da Constituição, ainda que Aníbal Cavaco Silva tenha dito explicitamente na sua mensagem de ano novo que entende que Portugal "não está em condições de se permitir juntar uma grave crise política à crise económica, financeira e social em que está mergulhado", Freitas do Amaral considera que será o Presidente quem desencadeará a crise política, ainda por cima sabendo que o PS não está preparado para governar. Freitas do Amaral, portanto, julga que o Presidente é um total irresponsável...
A outra hipótese que explicaria a convocação de eleições antecipadas seria a implosão do Governo. Freitas do Amaral, porém, afasta este cenário dizendo que o CDS "não tem coragem para isso". Vamos por partes. Há um ponto de alta tensão devidamente identificado e que será a negociação entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas do Orçamento do Estado (OE) para 2014. Acontece que, em teoria pelo menos, o OE para 2014 já não será tão difícil e tão exigente como o OE de 2013 e, por conseguinte, será mais fácil de negociar. Dito de outra maneira, não é por falta de coragem do CDS que a coligação tenderá a manter-se, mas sim porque os factores de tensão na segunda metade da legislatura tenderão a diminuir à medida que a própria conjuntura portuguesa for melhorando. Tão simples como isto.