quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Exportar mais e maior diversificação de mercados

As exportações portuguesas para Angola em 2012 mais do que compensaram a perda de vendas registada em Espanha. Evidentemente, em termos abstractos, é uma boa notícia o facto de se conseguir compensar a perda de quota mercado num país com o crescimento da quota noutro. Mas a substituição da nossa dependência do mercado espanhol pelo angolano não é necessariamente algo positivo. Isto nada tem que ver com o facto de ser Angola. Seria verdade na mesma se em vez de Angola se tratasse do Canadá, do Japão, ou de qualquer outro país. O problema está no facto de o grosso das nossas exportações depender de um leque reduzido de parceiros comerciais. Como é óbvio, trata-se de uma boa notícia o facto de quase 30% das nossas exportações ser para fora da Europa. Há uma decada atrás os números eram muito diferentes. Mas seria ainda melhor notícia se o grosso desses 30% não estivesse concentrado em dois ou três países fora da União Europeia.
A preocupação com a promoção das exportações e a diversificação de mercados não surgiu no discurso político apenas com este Governo. A diversificação de mercados, evidentemente, não se faz de um dia para o outro. É um esforço que leva anos, porventura décadas. E como não poderia deixar de ser, o Estado pode ter aqui algum papel a desempenhar, mas em última instância tudo depende dos empresários. Em nome do interesse nacional, Portugal tem interesse em exportar mais e em diversificar os mercados de destino das suas exportações. Em nome do seu interesse particular, o mesmo se passa com os empresários, embora por motivos diferentes. Os decisores políticos têm consciência dessa necessidade. Os empresários nem sempre.
Isto dito, o copo não está meio vazio, mas sim meio cheio. Gradualmente, os empresários portugueses vão assimilando que têm de depender menos do mercado interno, exportar mais e, em última instância, diversificar a sua carteira de clientes nacionais e estrangeiros. As condições que se vivem em Portugal são adversas, mas constituem ao mesmo tempo um estímulo estrutural sem o qual a mudança ocorreria de forma muito mais lenta. Uma crise profunda como a que vivemos, de facto, é um momento difícil para um país, mas ao mesmo tempo é uma oportunidade única para ultrapassar a resistência à mudança. Regresso sempre, sempre, a Ortega y Gasset.