"Uma má notícia para Portugal". Foi desta forma que António José Seguro reagiu ao acordo alcançado no âmbito das Perspectivas Financeiras para 2014-2020. E foi uma má notícia para Portugal, na perspectiva do líder do PS, porque consagrou uma redução de três mil milhões de euros na verba destinada a Portugal.
Duas observações. A primeira sobre a redução da verba. Alguém ouviu António José Seguro criticar o Governo de José Sócrates quando este negociou as Perspectivas Financeiras para 2007-2013 e aceitou igualmente uma redução da verba -- facto a que Passos Coelho faz uma referência discreta -- em relação ao anterior período? Ninguém ouviu, certo?
Segunda observação. Na verdade a 'quantidade' nunca foi a batalha principal, mas sim a 'qualidade'. O Governo português sabia desde a primeira hora que iria perder verbas. Era inevitável. Mas mais importante do que assegurar um envelope de igual valor em relação ao período anterior era garantir maior flexibilidade na sua aplicação, i.e. condições facilitadas de absorção dos fundos. Não há nisto nenhuma novidade. Essa foi sempre a estratégia. Escrevi sobre isso em Setembro de 2011: "more than the total amount, Lisbon is more interested in improving the absorption capacity of the EU funds". Ora, sobre a vertente qualitativa do acordo alcançado por Portugal, Seguro nada tinha para dizer. Aliás, o líder do PS não tinha nada de substantivo para dizer. Restava-lhe a crítica fácil e instantânea. Seguro tinha uma única ponta para pegar e criticar o acordo alcançado, i.e. a quantidade. Isto dito, estivesse Seguro no governo e estaria agora a elogiar o acordo alcançado. É a vida.