quarta-feira, 27 de março de 2013

Um problema com a narrativa [1]

Costuma dizer-se que a história é escrita pelos vencedores. José Sócrates, pelos vistos, acredita nisso e tudo fará para que, no mínimo, a história também inclua a sua versão dos factos. Ao longo da entrevista concedida à RTP foi evidente a sua preocupação com a "narrativa" e com a "tese" dominante. Narrativa que tem "passado sem contraditório", nas suas palavras. A mensagem tem um destinatário óbvio ainda que Sócrates tenha evitado criticar directamente António José Seguro.
O ex-Primeiro-Ministro deixou bem claro que quer re-escrever a narrativa, ou parte dela pelo menos. Mas o que não quer é assumir as suas pesadas responsabilidades. "Todos os que assumiram responsabilidades políticas têm responsabilidades" relativamente ao estado a que chegou Portugal, reconheceu Sócrates. Uma fórmula que, na verdade, nada reconhece. Se todos têm responsabilidades por igual, na prática ninguém as tem. Na história escrita por Sócrates, o seu mandato não é pior nem melhor do que os anteriores. Era bom, era...
Quanto ao resto, o mesmo personagem de sempre. Dois anos a estudar filosofia em Paris e Sócrates não aprendeu nada. Um investimento, está visto, com retorno diminuto.

[Adenda]
Miguel Gaspar, numa análise na mesma linha.