A
posição assumida por José Pacheco Pereira não é compreensível se não se tiver em linha de conta pelo menos duas variáveis. A primeira é a sua péssima relação pessoal com Pedro Passos Coelho. Há, por isso, um lado pessoal e irracional. A sua posição isolada não obedece, julgo eu, a nenhuma estratégia. Rui Rio seguramente não subscreve as suas afirmações. O Presidente da República, por sua vez, acaba de expressar o seu total apoio institucional ao Governo e a última coisa que quererá será associar o seu segundo mandato a uma deriva presidencialista. Em suma, só a péssima relação de Pacheco Pereira com o Primeiro-Ministro explica e justifica o seu extremismo.
A segunda variável refere-se às alterações que estão a ocorrer no panorama mediático. Com a emergência de novos programas de opinião, Pacheco Pereira sente-se obrigado a extremar as suas posições, gritar mais alto, caso contrário ninguém o ouve e ninguém o cita. Pacheco Pacheco procura desesperadamente fugir à irrelevância. É, por isso, uma questão de sobrevivência mediática.
Devo ser um dos poucos apoiantes -- o único, porventura? -- de Passos Coelho que tem estima e consideração por Pacheco Pereira. Custa-me, por isso, assistir a esta deriva e à deriva em que se encontra. É a vida.