Ao contrário do que me parece ser a opinião dominante, julgo que a última semana foi mais trágica para o PS e para António José Seguro em particular do que para o Governo. Posso estar enganado, evidentemente, mas a minha percepção é que a moção de censura e a decisão do Tribunal Constitucional remeteram o PS para uma posição de completa irrelevância nos próximos tempos. Isto, naturalmente, se Seguro persistir no actual rumo.
O líder do PS pode ter apaziguado a sua oposição interna, mas pagou -- ou arrisca vir a pagar -- um preço muito elevado. Em primeiro lugar perdeu o contacto com o Presidente da República. Mais. Empurrou Aníbal Cavaco Silva para os braços do Governo. Depois perdeu também parte das pontes políticas com o CDS sem qualquer contrapartida à sua esquerda. Por último mas não em último, Seguro perdeu a simpatia de parte do eleitorado flutuante ao centro.
É claro que nada disto é definitivo. Seguro ainda pode corrigir a sua trajectória. Mas se não o fizer, muito claramente, foi aqui que começou o seu suicídio político.