quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ainda a estratégia negocial

O debate político em Portugal é muito interessante. Manuela Ferreira Leite quer o Governo a gritar nas reuniões com a troika. Está implícito nas suas declarações que o Governo aceita tudo aquilo que a troika lhe impõe e que pouco ou nada negoceia com sucesso. O PS, por sua vez (e em sentido contrário), afirma que o actual memorando já pouco ou nada tem que ver com o documento original. O que significa que, no caso do PS, o Governo é responsabilizado por renegociar o documento seguindo uma orientação com a qual não concorda. O PS não afirma que a responsabilidade pelas alterações no memorando é da troika, mas sim do Governo.
Em que ficamos, afinal?
É um segredo público que a última ronda de negociações com a troika não foi fácil. A conclusão da sétima avaliação foi quase um milagre, segundo o Presidente da República. Sabemos também que em ocasiões anteriores Portugal conseguiu rever as taxas de juro. Enfim, os exemplos poderiam continuar.
Moral da história?
O Governo não andará aos berros nas reuniões com a troika, como desejaria Ferreira Leite, mas parece-me óbvio que a negociação tem sido um traço evidente. Poderia ter negociado mais e melhor?
Admito que sim, não sei. Ninguém sabe, na verdade. Mas, isto dito, não tenho nenhuma razão para pensar que o Governo não está a desempenhar a sua função. Se outra razão não existisse porque é do seu interesse que assim seja.