"Depuis huit ans, le président de la Commission s'est distingué par sa ductilité. Défenseur des petits Etats lorsqu'il était premier ministre du Portugal, libéral lors de sa nomination à Bruxelles avant la crise de 2008, sarkozyste sous la présidence de Nicolas Sarkozy, incapable, depuis, de la moindre initiative politique pour relancer l'Union, il a accompagné le déclin des institutions européennes.
Aujourd'hui, à 57 ans, ce caméléon se cherche un avenir. A la recherche d'un beau poste, à l'OTAN ou aux Nations unies – qui sait ? –, il a choisi de flatter ses partenaires anglo-saxons, le premier ministre britannique et le président américain. A la tête de la Commission, M. Barroso aura été un bon reflet de l'Europe : une décennie de régression. (Le Monde, 18.6.2013)"
O problema dos franceses, como é óbvio, não tem que ver com o facto de Durão Barroso ser camaleão. O seu problema é que não é o seu camaleão. Se o problema fosse a natureza camaleónica de Durão Barroso, então a denúncia do Monde já teria ocorrido há muito mais tempo e não apenas agora e por influência de acontecimentos recentes.
Nas palavras do embaixador António Monteiro, amigo de longa data de Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia é alguém "livre de qualquer dogmatismo e ideologia pré-concebida". Um pragmático, por consequência, com as vantagens e os inconvenientes daí decorrentes. Durão Barroso tem o killer instinct, a ambição e a maleabilidade táctica que o métier político exige. Por isso, não me surpreenderia que, apesar dos editoriais inflamados do Monde, um destes dias assistíssemos a uma qualquer barganha entre Barroso e Hollande que permitisse voltar a selar a paz no presente e a propiciar novos entendimentos no futuro.
Em suma, por muito que Durão Barroso não seja a nossa cup of tea, manda o bom senso que não se assumam como nossas as dores dos franceses porque os franceses não tomarão como suas as nossas.
[Adenda]
Sobre os factos que motivaram o arrufo, ler Luís Naves.