sábado, 22 de junho de 2013

Todos os partidos [2]

Custa-me regressar ciclicamente às intervenções de Carlos Zorrinho, mas o líder da bancada parlamentar do PS é um desastre político. Não há nada de pessoal neste juízo de valor. Tenho uma boa impressão pessoal de Carlos Zorrinho, mas uma péssima opinião do seu desempenho político. Por agora, pelo menos. A entrevista publicada hoje no Expresso é outro desastre. As suas considerações, acusando o Governo de ultrapassar uma fronteira ética, ou moral, como se sabe, é um terreno que considero minado e altamente perigoso. Repugna-me que o combate político entre por esse caminho. Dizer que o Governo "não é visceralmente democrático" é puro delírio. Afirmar que "há mais convergências com o CDS e o BE do que divergências e há mais divergências com o PSD e a CDU do que convergências" é total e absolutamente ridículo. Que fique claro. Percebo que Zorrinho queira diferenciar o PS do PSD e por isso tenha a necessidade de carregar nas divergências ainda que tal não seja bem assim. E percebo igualmente que, por uma questão de táctica e de autonomia política, o PS não se queira colocar apenas nos braços do BE ou do CDS. O reverso da medalha é que -- mesmo admitindo que há mais convergências com o BE e o CDS, algo que não é seguramente verdade -- o tipo de projecto de governação com o BE ou com o CDS é profundamente distinto.
No fundo, o que esta conversa inconsistente e desarticulada de Zorrinho revela é que o PS apenas quer o poder político. Jobs for the boys. Pouco interessa com quem é que esse poder político será exercido, ou com que finalidade. O PS está disponível para se acomodar literalmente a tudo, seja ao BE ou ao CDS, desde que isso viabilize os queridos jobs for the boys.