"Esta foi a 11 moção de confiança da nossa democracia; as dez que a antecederam não foram em geral um bom augúrio em termos de estabilidade governativa. Com efeito, se apenas a primeira destas moções levou à queda de um Governo, a verdade é que nenhum dos outros governos que apresentou moções de confiança conseguiu concluir uma legislatura."
Carlos Jalali (Público, 31.7.2013: 4).
Carlos Jalali, professor de Ciência Política na Universidade de Aveiro, não vai ao ponto de estabelecer uma relação de causalidade entre a apresentação de uma moção de confiança e o destino dos governos, mas em todo o caso parece julgar estar perante algo de considera relevante destacar, caso contrário não o faria.
Ora, na verdade, o que destaca é uma mão cheia de nada. Pior. Compara o que não pode ser comparado, por exemplo governos minoritários com governos com maioria absoluta. Nem me parece que do universo de dez moções se possa inferir muita coisa, ainda que tudo fosse constante (e não é). Em suma, no que toca a moções de confiança, o passado tem pouco que nos possa servir de lição. O Governo até pode não terminar a legislatura, mas o augúrio de Jalali não tem qualquer valor.
José Ortega y Gasset: "Yo soy yo y mi circunstancia". Liberdade e destino. A vida é isto, o que não é pouco.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Santander Totta
Vieira Monteiro lá vai procurando defender os swap do Santander Totta. Faz o seu papel. Eu, como simples cidadão, também faço o meu à minha escala. Depois de transferir o dinheiro para outra instituição, nos próximos dias há uma conta bancária no Santander Totta que vai ser encerrada. Vai uma aposta que se muitos clientes do banco seguissem o meu exemplo o Santander Totta chegava rapidamente a um acordo com o Estado português?
P.S. -- A minha decisão é irrevogável. No sentido clássico, i.e. antes de Portas.
P.S. -- A minha decisão é irrevogável. No sentido clássico, i.e. antes de Portas.
Nada menos correcto
"Eu falo directamente com o primeiro-ministro que continua a reafirmar seguramente, sem a mínima dúvida, eu não posso deixar de acreditar no primeiro-ministro", afirmou [o Presidente da República], lembrando que, quando o nome lhe foi proposto, Pedro Passos Coelho lhe deu "garantias absolutas de que nada menos correcto pesava" sobre a ministra [Maria Luís Albuquerque].
Cavaco Silva, bem ao seu estilo, o que dá com uma mão tira com a outra. Por um lado recusa entrar na polémica sobre a idoneidade da ministra das Finanças, mas por outro deixa bem claro que a sua posição resulta exclusivamente da informação que lhe foi transmitida pelo primeiro-ministro. O que, em bom rigor, nem é institucionalmente incorrecto.
Maria Luís Albuquerque não teria sido a minha escolha para ministra das Finanças, ainda que tenha percebido a intenção do primeiro-ministro. Isto dito, até prova em contrário e no que se refere à sua idoneidade, Maria Luís Albuquerque tem todas as condições para desempenhar o cargo de ministra das Finanças. A suposta polémica sobre as suas declarações no Parlamento, em que alegadamente teria mentido, é pura chicana político-partidária. Espuma, portanto.
Cavaco Silva, bem ao seu estilo, o que dá com uma mão tira com a outra. Por um lado recusa entrar na polémica sobre a idoneidade da ministra das Finanças, mas por outro deixa bem claro que a sua posição resulta exclusivamente da informação que lhe foi transmitida pelo primeiro-ministro. O que, em bom rigor, nem é institucionalmente incorrecto.
Maria Luís Albuquerque não teria sido a minha escolha para ministra das Finanças, ainda que tenha percebido a intenção do primeiro-ministro. Isto dito, até prova em contrário e no que se refere à sua idoneidade, Maria Luís Albuquerque tem todas as condições para desempenhar o cargo de ministra das Finanças. A suposta polémica sobre as suas declarações no Parlamento, em que alegadamente teria mentido, é pura chicana político-partidária. Espuma, portanto.
terça-feira, 30 de julho de 2013
Sempre a aprender
Tomando como boa a palavra de Mário Soares, aparentemente Álvaro Santos Pereira andou a pedir conselhos aqui e ali. Soares, em tempo de guerra, não limpa armas e Álvaro recebe mais uma lição. Póstuma, neste caso. Santos Pereira queria conselhos de Soares sobre economia. Fico esclarecido. Afinal, o chuto que levou só pecou por tardio.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
A sua falta...
...foi sentida. A falta que nos fizeram. Era quase como se nos faltasse o oxigénio. Felizmente estão de volta.
Esclarecimento tardio
Silva Peneda esclarece hoje em entrevista publicada pelo Diário Económico que rejeita a ideia de participação num Governo de iniciativa presidencial. Muito bem. Fica feito o esclarecimento. Só há um pormenor. Trata-se de um esclarecimento totalmente irrelevante no actual contexto. Teria sido uma clarificação relevante se a tivesse feito publicamente entre a primeira e a segunda intervenção do Presidente da República. Nessa altura poderia ter esclarecido, como fez agora, que não contavam consigo para aventuras políticas dessa natureza. Curiosamente, Silva Peneda, alguém cujo acesso à comunicação social não é um problema, permaneceu em silêncio.
domingo, 28 de julho de 2013
A traição das palavras
O líder do PS, o actual ou outro, pode dizer que "ninguém leva a sério" o primeiro-ministro, o actual ou outro, e ninguém questiona a dureza das suas palavras. Em contrapartida, se fosse ao contrário, não faltaria quem criticasse a dureza e o tipo de linguagem utilizada pelo primeiro-ministro.
Como explicar esta aparente duplicidade de critérios?
Julgo que ao líder de um Governo não toleramos uma liberdade na linguagem, digamos, pouco institucional. Em contrapartida, ao líder do principal partido da oposição, consoante os ciclos políticos, toleramos uma linguagem mais agressiva e menos cordial. No fundo, incorporamos na nossa duplicidade de critérios o desequilíbrio de poder que percepcionamos existir entre o primeiro-ministro e o líder do principal partido da oposição.
Mas não somos só nós que o fazemos. Curiosamente, os próprios actores políticos também incorporam essa assimetria. O primeiro-ministro tem a noção de que não deve e não precisa de ser excessivamente agressivo com o líder do principal partido da oposição, comportamento que muito provavelmente se altera com o aproximar de novos ciclos eleitorais. E o líder do principal partido da oposição, em contrapartida, tendo por base a sua fraqueza política, sente a necessidade de utilizar uma agressividade política que não utilizaria se fosse primeiro-ministro.
No fundo, António José Seguro acusa o primeiro-ministro de ninguém o levar a sério porque é ele e não Pedro Passos Coelho quem tem um défice de credibilidade. A ironia é que, ao criticar o primeiro-ministros nesses termos, na prática está a chamar a atenção para o facto de ser a si que ninguém leva muito a sério.
Como explicar esta aparente duplicidade de critérios?
Julgo que ao líder de um Governo não toleramos uma liberdade na linguagem, digamos, pouco institucional. Em contrapartida, ao líder do principal partido da oposição, consoante os ciclos políticos, toleramos uma linguagem mais agressiva e menos cordial. No fundo, incorporamos na nossa duplicidade de critérios o desequilíbrio de poder que percepcionamos existir entre o primeiro-ministro e o líder do principal partido da oposição.
Mas não somos só nós que o fazemos. Curiosamente, os próprios actores políticos também incorporam essa assimetria. O primeiro-ministro tem a noção de que não deve e não precisa de ser excessivamente agressivo com o líder do principal partido da oposição, comportamento que muito provavelmente se altera com o aproximar de novos ciclos eleitorais. E o líder do principal partido da oposição, em contrapartida, tendo por base a sua fraqueza política, sente a necessidade de utilizar uma agressividade política que não utilizaria se fosse primeiro-ministro.
No fundo, António José Seguro acusa o primeiro-ministro de ninguém o levar a sério porque é ele e não Pedro Passos Coelho quem tem um défice de credibilidade. A ironia é que, ao criticar o primeiro-ministros nesses termos, na prática está a chamar a atenção para o facto de ser a si que ninguém leva muito a sério.
Verdades indesmentíveis
Ao que o meio de comunicação social A, B ou C apurou a figura D, E ou F foi um dos nomes na short-list para o cargo X, Y ou Z.
Este tipo de afirmação, por regra, é impossível de confirmar. Quem o pode confirmar não o faz. Quem lança os nomes -- muitas vezes o próprio -- fá-lo sempre sob anonimato e por regra tem uma agenda política própria.
O leitor acreditará ou não, consoante a credibilidade que atribui ao meio de comunicação social e/ou ao jornalista em particular.
À medida que o tempo passa por mim, acredito cada vez menos.
Este tipo de afirmação, por regra, é impossível de confirmar. Quem o pode confirmar não o faz. Quem lança os nomes -- muitas vezes o próprio -- fá-lo sempre sob anonimato e por regra tem uma agenda política própria.
O leitor acreditará ou não, consoante a credibilidade que atribui ao meio de comunicação social e/ou ao jornalista em particular.
À medida que o tempo passa por mim, acredito cada vez menos.
Precisa, determinada, grande
"Soares é um homem de poder e não se limita a exercer uma certa influência, quer exercer uma influência precisa, determinada e grande."
Manuel Lucena (Público/2, 28.7.2013: 30).
"[U]ma imensa ternura e um imenso carinho," lembra-se?
sábado, 27 de julho de 2013
Descubra as diferenças
"Não é prática do PS pedir a demissão de nenhum ministro. O PS contesta as políticas, contesta o Governo e quando entende defende a saída do Governo. A saída de um ou outro ministro é da competência do primeiro-ministro."
Óscar Gaspar, assessor económico de António José Seguro e dirigente do PS (Diário Económico, 26.7.2013: 11).
"[F]ace aos factos já apurados, o Partido Socialista considera que Maria Luís Albuquerque não tem condições de idoneidade política para se manter em funções governativas no alto e exigente cargo de ministra das Finanças."
Carlos Zorrinho, líder parlamentar do PS (Diário Económico online, 26.7.2013).
Vale a pena comentar?
Óscar Gaspar, assessor económico de António José Seguro e dirigente do PS (Diário Económico, 26.7.2013: 11).
"[F]ace aos factos já apurados, o Partido Socialista considera que Maria Luís Albuquerque não tem condições de idoneidade política para se manter em funções governativas no alto e exigente cargo de ministra das Finanças."
Carlos Zorrinho, líder parlamentar do PS (Diário Económico online, 26.7.2013).
Vale a pena comentar?
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Por outras palavras
O PS decidiu actuar politicamente para garantir a manutenção da ministra das Finanças. Quem é amigo, quem é?
Que os deuses a oiçam
"Os indicadores de actividade económica revelam que podemos estar num momento de viragem e que entrámos no ciclo final do ajustamento", afirmou hoje a ministra das Finanças.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
A remodelação
Teria sido possível fazer esta remodelação ministerial -- que indiscutivelmente trouxe valor acrescentado ao Governo -- depois das autárquicas, ou no início de 2014, como supostamente quereria o primeiro-ministro?
Não acredito.
Não acredito.
Subscrevo...
...grande parte do que destaca Medeiros Ferreira. No meio da tempestade, o desfecho é favorável ao primeiro-ministro. Não vejo, por isso, razão alguma para que a legislatura não faça o seu caminho até 2015.
Momentos Kodak: António Capucho
Declarações recolhidas por Pedro Correia. Capucho é também uma fonte de excelente análise política.
Boas notícias
Poucos dias depois do fracasso nas negociações, constatamos que PS e PSD não alimentaram o jogo de recriminações mútuas para além do estritamente necessário. Sinal de que os dois partidos e as suas lideranças em particular estão interessadas em preservar algumas pontes entre si. O diálogo, mais ou menos explícito, mais ou menos ambicioso, vai ser possível, mais tarde ou mais cedo. Provavelmente depois das autárquicas voltaremos a falar sobre isto.
Momentos Kodak: Ferreira Leite
Vale sempre a pena recordar exemplos de boa análise política, ainda por cima de alguém que conhece bem o PSD.
Rui Machete
Compreendo o incómodo que causou o convite a Rui Machete para MNE. Ou melhor, percebo a azia que causou o facto de Machete ter aceite o convite de Pedro Passos Coelho. É muito aborrecido para aqueles que no PSD andavam já a pensar no pós-Passismo que um antigo líder do partido, um dito barão, um antigo vice-PM, entre outras coisas, alguém que não esteve desde a primeira hora ao lado de Passos Coelho, aceite agora integrar o Governo do ex-jota.
Machete comete um pecado mortal ao furar a narrativa daqueles que gostariam de vender a tese de que Passos já não consegue captar ninguém de peso político no partido. Anda a malta a querer vender a ideia de que o Governo está moribundo e alguém com o gravitas de Machete fura os planos da rapaziada. Não se faz...
Machete comete um pecado mortal ao furar a narrativa daqueles que gostariam de vender a tese de que Passos já não consegue captar ninguém de peso político no partido. Anda a malta a querer vender a ideia de que o Governo está moribundo e alguém com o gravitas de Machete fura os planos da rapaziada. Não se faz...
As boas notícias...
...são incómodas para a narrativa da oposição. Precisa-se urgentemente de spin que desvalorize os factos.
terça-feira, 23 de julho de 2013
O instinto...
...de sobrevivência e a resiliência de alguns políticos é notável. É por isso que as declarações de óbito político podem ser um exercício de alto risco.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
À prova de bala
Em entrevista ao Jornal de Notícias, António José Seguro esclarece que resistiu a todo o tipo de pressões. Um autêntico Super-Homem. O problema foi a kryptonite da ala esquerda do PS...
É isso mesmo
O caminho passa por consolidar os entendimentos que se identificaram na semana passada.
À medida que o tempo passa
João Semedo vai assumindo crescente espaço político e mediático em detrimento de Catarina Martins. Veremos quanto tempo dura a liderança bicéfala no Bloco de Esquerda até que surjam os ecos das primeiras brechas. Está escrito nas estrelas.
domingo, 21 de julho de 2013
Depois da tempestade
De forma algo surpreendente, Pedro Passos Coelho acaba por ser quem sai de forma mais airosa dos acontecimentos das últimas semanas.
Mea culpa
Dei o benefício da dúvida ao Presidente no outro dia. Parti do pressuposto que Cavaco Silva sabia o que estava a fazer. Assumi que havia um Plano B. Espalhei-me ao comprido. No que toca ao Presidente não volta a acontecer. Mea culpa.
Uma admissão inconveniente
"Temos falta de políticos com qualidade e com coragem", disse Luís Marques Mendes. No fundo, esta é a versão soft, mas aparentemente correcta na opinião do ex-líder do PSD, da variante hard popular segundo a qual os políticos são todos a mesma merda.
sábado, 20 de julho de 2013
Pequenos prazeres
Mário Soares, por estes dias, deve andar particularmente bem disposto por, uma vez mais, ter entalado o gajo. Nós, os portugueses, somos a carne para canhão.
O fim das negociações
O facto de o PS ter decretado o fim das negociações significa que as negociações chegaram mesmo ao fim? E se o Presidente da República decidir prolongá-las, que margem de manobra tem o PS para insistir no seu término? Antes disso, tem sentido o Presidente ir por esse caminho?
Regresso ao Plano B que não consigo vislumbrar.
Regresso ao Plano B que não consigo vislumbrar.
Importa clarificar
É verdade que o Presidente da República foi apanhado de surpresa pelo fim abrupto das negociações, como refere o Expresso? E isso significa exactamente o quê? Na audiência de ontem, António José Seguro não informou o Presidente de que para o PS as negociações tinham chegado ao fim? Houve apenas um telefonema posterior, ou nem isso? Em suma, o Presidente pode ou não queixar-se legitimamente de ter existido deslealdade institucional da parte do PS?
O momento TSU de Seguro?
Como qualquer líder fraco, António José Seguro tinha ontem uma única prioridade: pacificar o PS e, com isso, ganhar tempo. O líder do PS pensou primeiro no partido (e na sua liderança) e só depois no país, a principal vítima colateral neste jogo.
Ontem poderá ter sido o momento TSU de Seguro e este documento -- totalmente irrealista -- irá persegui-lo a partir de agora. Na hora da verdade, o líder do PS não esteve à altura da ocasião. António José Seguro teve uma oportunidade única para afirmar a sua liderança, para se credibilizar aos olhos dos portugueses e para se consolidar enquanto alternativa. Não só desperdiçou essa oportunidade, como ainda por cima revelou como é politicamente fraco e pouco credível.
O Governo, com os cumprimentos de Seguro, recebeu ontem um enorme balão de oxigénio.
Ontem poderá ter sido o momento TSU de Seguro e este documento -- totalmente irrealista -- irá persegui-lo a partir de agora. Na hora da verdade, o líder do PS não esteve à altura da ocasião. António José Seguro teve uma oportunidade única para afirmar a sua liderança, para se credibilizar aos olhos dos portugueses e para se consolidar enquanto alternativa. Não só desperdiçou essa oportunidade, como ainda por cima revelou como é politicamente fraco e pouco credível.
O Governo, com os cumprimentos de Seguro, recebeu ontem um enorme balão de oxigénio.
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Saltou fora
Ainda antes da conclusão do prazo definido para se negociar, e antecipando-se a qualquer iniciativa final que o Presidente ainda pudesse desenvolver, António José Seguro, aflito, optou por saltar para fora do barco negocial. Registe-se, para memória futura.
O elo fraco
Quando o Presidente alerta para o perigo que constituem os "adversários do acordo" -- e sabendo nós quem eles são -- não é preciso ser muito inteligente para perceber quem é o potencial elo fraco nas negociações, pois não? Não é difícil perceber quem tem mais dificuldade para se libertar dos interesses partidários, certo?
Em nome da clarificação
"A estratégia do BE é disputar a hegemonia de que o PS ainda dispõe e deslocar a centralidade de uma alternativa para a esquerda à esquerda do PS".
João Semedo (Sol, 19.7.2013: 8).
Não é preciso fazer um desenho, pois não? Percebe-se muito claramente o que o BE tem a ganhar com o fracasso de um acordo. Mas o PS ganha o quê?
João Semedo (Sol, 19.7.2013: 8).
Não é preciso fazer um desenho, pois não? Percebe-se muito claramente o que o BE tem a ganhar com o fracasso de um acordo. Mas o PS ganha o quê?
A falar...
...para fora e, sobretudo, para dentro do PS. Como sempre acontece nas ocasiões difíceis, registo o silêncio cobarde e o calculismo daqueles que sabem quão importante é um acordo que envolva também o PS, mas que assistem sem mexer um dedo aos ataques internos de que António José Seguro tem sido alvo.
[Adenda]
Se reinasse um silêncio interno no seio do PS, um silêncio disciplinado, até perceberia que ninguém no partido se chegasse à frente na defesa de um acordo. O silêncio, porém, não existe. Os opositores a um acordo, seja ele qual for, têm sido o mais ruidosos possível. Nessa medida, a barreira da disciplina está quebrada. Ora, como é óbvio, não falta no PS quem perceba a necessidade e a utilidade de um acordo. O seu silêncio, nessa medida, é inadmissível.
[Adenda]
Se reinasse um silêncio interno no seio do PS, um silêncio disciplinado, até perceberia que ninguém no partido se chegasse à frente na defesa de um acordo. O silêncio, porém, não existe. Os opositores a um acordo, seja ele qual for, têm sido o mais ruidosos possível. Nessa medida, a barreira da disciplina está quebrada. Ora, como é óbvio, não falta no PS quem perceba a necessidade e a utilidade de um acordo. O seu silêncio, nessa medida, é inadmissível.
Cisão
Era uma sorte para António José Seguro se a tal rapaziada que Mário Soares afirma que poderá abandonar o PS, de facto, o fizesse. Poderiam, quem sabe, aderir em conjunto ao Bloco de Esquerda. Bem sei que o BE estava a pensar exactamente no contrário, i.e. em tomar o PS a partir de dentro. Ainda hoje, a título de exemplo, João Semedo afirma que Portugal deve saír da NATO e que tal seria aceitável para o PS. Seria aceitável para o PS? Mas para qual PS?
Só poderia ser aceitável para os bloquistas-socialistas disfarçados de socialistas, porque para os restantes não seria aceitável de certeza absoluta.
Ironia das ironias: o partido que teve 5.17% dos votos nas legislativas de 2011 quer ditar o posicionamento político e a estratégia do partido que teve 28.06%. Curiosamente, ainda que isto não tenha qualquer sentido, há alguns idiotas úteis que nos últimos tempos têm ido no canto das sereias bloquistas.
Seguro que se deixe ir também na música dos bloquistas-socialistas e vai ver o que lhe acontece.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Governo de iniciativa presidencial
O Presidente da República excluiu a possibilidade de um governo de iniciativa presidencial. Como era óbvio desde a primeira hora, essa hipótese não tinha pés nem cabeça.
Em destaque [10]
"muitos são os que caem pelo caminho
poucos os que flutuam
(...)
parece não haver alternativa à vida [p. 16]
(...)
estou nesta vida provisória sabendo que não há outra [p. 31]
(...)
agora que morremos
a vida pode enfim recomeçar [p. 32]
(...)
o que será mais cruel
a possibilidade ou a contingência? [p. 37]
(...)
estamos todos em guerra mesmo sem guerra [p. 41]."
Rosa Oliveira, Cinza (Tinta da China, 2013).
Momentos de clarificação
Se António José Seguro não for capaz de se libertar dos grilhões que o PS lhe quer impôr, imagine-se o que não será se um dia for primeiro-ministro, cargo político em que os grilhões são muito mais fortes e em maior número.
Tão simples como isto: um líder partidário fraco nunca será um primeiro-ministro forte.
Tão simples como isto: um líder partidário fraco nunca será um primeiro-ministro forte.
Outro bom sinal
Tanta pressão interna não pode deixar de ser um bom sinal. Significa que um acordo é possível. António José Seguro terá, também ele, de atravessar o seu Rubicão. É a vida.
Manifestações em vez de manifestos
Uma vez na vida, em vez de manifestos gostava de ver os profissionais dos manifestos organizar uma grande manifestação supra-partidária, precisamente com o intuito de exigir aos partidos políticos um acordo que salvaguarde o interesse nacional. Bem sei que dá mais trabalho e que não chega meia-dúzia de telefonemas entre amigos. Sei também que o sucesso da coisa não se assegura com meia-dúzia de telefonemas para as redacções de jornais, rádios e televisões. Por último mas não em último, sei igualmente que, ao contrário dos manifestos da treta, organizar uma manifestação dá trabalho e tem riscos. Riscos como por exemplo revelar que os profissionais dos manifestos pouco valem em termos de representatividade e capacidade mobilizadora. Mas, precisamente, ao contrário dos manifestos, uma manifestação bem sucedida poderia ter impacto político real. Seguramente seria tida em conta pelos partidos, ao contrário dos manifestos que têm outro tipo de lógica. Ou será que os resultados pouco interessam, uma vez que a utilidade dos manifestos se esgota no momento em que são publicitados?
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Para embrulhar peixe
A utilidade?
Nenhuma. Peço desculpa. Contribui para a promoção pessoal e para o protagonismo de quem o organizou no conforto dos seus gabinetes sob a capa de um suposto dever cívico. Não são apenas os partidos políticos que têm de mudar de vida. Esta rapaziada também tem de deixar de montar estes números inconsequentes -- basta meia-dúzia de telefonemas e meia-hora ao computador -- e, convenhamos, um pouco ridículos. Já cansam estes manifestos de papel e caneta para inglês ver de que ninguém se lembra três segundos depois.
Nenhuma. Peço desculpa. Contribui para a promoção pessoal e para o protagonismo de quem o organizou no conforto dos seus gabinetes sob a capa de um suposto dever cívico. Não são apenas os partidos políticos que têm de mudar de vida. Esta rapaziada também tem de deixar de montar estes números inconsequentes -- basta meia-dúzia de telefonemas e meia-hora ao computador -- e, convenhamos, um pouco ridículos. Já cansam estes manifestos de papel e caneta para inglês ver de que ninguém se lembra três segundos depois.
terça-feira, 16 de julho de 2013
Um bom sinal
Interpreto a ausência de fugas de informação nas negociações em curso entre PS, PSD e CDS como algo promissor. Bem sei que posso estar a confundir os meus desejos com a realidade, mas julgo que tal significa que ainda ninguém desistiu das negociações e que não há, pelo menos para já, ninguém a procurar boicotá-las. Um bom sinal, portanto.
Sejamos criativos
Depois da moção de censura do PEV, o PCP decidiu endereçar "convites para a realização a curto prazo de encontros com organizações sociais, com o PEV, o Bloco de Esquerda e a Intervenção Democrática". A exclusão do PS era o dado mais evidente e um erro que o Bloco de Esquerda decidiu corrigir de imediato. Assim, o BE propôs a discussão de um programa de governo de esquerda com o PS e o PCP.
Com esta iniciativa o BE quer encostar António José Seguro às cordas, julgando que com isso obrigará o PS a assumir uma posição que terá custos políticos e eleitorais. Talvez. Na prática, porém, o Bloco mantém aquela que sempre foi a sua estratégia e que nas últimas eleições legislativas começou a revelar sinais de fadiga. O BE poderá ganhar alguns votos, sem dúvida, mas com isso empurra o PS para os braços de terceiros e auto-marginaliza-se, uma vez mais, de qualquer solução governativa. Dito de outra maneira, o Bloco ganhará eventualmente alguns votos, mas o custo será de natureza estratégica, uma vez que fecha a porta -- porventura em definitivo -- a um eventual entendimento com o PS. É certo que as probabilidades de um entendimento com o PS eram diminutas, mas será o BE quem assumirá a responsabilidade política por, uma vez mais, fechar essa porta. Nada que me tire o sono, na verdade.
P.S. -- Com ou sem eleições legislativas antecipadas, a possibilidade de se regressar a uma fórmula de Bloco Central vai ressurgindo no horizonte.
Com esta iniciativa o BE quer encostar António José Seguro às cordas, julgando que com isso obrigará o PS a assumir uma posição que terá custos políticos e eleitorais. Talvez. Na prática, porém, o Bloco mantém aquela que sempre foi a sua estratégia e que nas últimas eleições legislativas começou a revelar sinais de fadiga. O BE poderá ganhar alguns votos, sem dúvida, mas com isso empurra o PS para os braços de terceiros e auto-marginaliza-se, uma vez mais, de qualquer solução governativa. Dito de outra maneira, o Bloco ganhará eventualmente alguns votos, mas o custo será de natureza estratégica, uma vez que fecha a porta -- porventura em definitivo -- a um eventual entendimento com o PS. É certo que as probabilidades de um entendimento com o PS eram diminutas, mas será o BE quem assumirá a responsabilidade política por, uma vez mais, fechar essa porta. Nada que me tire o sono, na verdade.
P.S. -- Com ou sem eleições legislativas antecipadas, a possibilidade de se regressar a uma fórmula de Bloco Central vai ressurgindo no horizonte.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Intenções e resultados
"Ao querer forçar um acordo entre os partidos do arco da governação e ao encurtar a vida útil do Governo, o Presidente da República está a agir preventivamente. Apesar dos riscos, inevitáveis num cenário já sem soluções ideais, está a agir bem."
Bruno Faria Lopes, "O ‘reset’ do Presidente da República" (Diário Económico).
Uma vez mais, estou tendencialmente de acordo, ainda que só o Presidente saiba qual a informação de que dispunha e que sustentou a sua decisão.
Isto dito, a sua decisão será avaliada pelas intenções, mas também pelos resultados. Da minha parte só posso desejar que tenha êxito.
Bruno Faria Lopes, "O ‘reset’ do Presidente da República" (Diário Económico).
Uma vez mais, estou tendencialmente de acordo, ainda que só o Presidente saiba qual a informação de que dispunha e que sustentou a sua decisão.
Isto dito, a sua decisão será avaliada pelas intenções, mas também pelos resultados. Da minha parte só posso desejar que tenha êxito.
O futuro dirá
"O Presidente da República não gerou um problema, criou uma oportunidade de se iniciar uma nova era [de] actuação política em Portugal com os mesmos partidos. Salvou-os do suicídio a que se estavam a condenar. Só podemos desejar que a semana que agora se inicia termine com um acordo que credibilize Portugal, a política e o partidos."
Helena Garrido (Jornal de Negócios).
Se o Presidente gerou um problema ou não só o tempo dirá. Naturalmente, também desejo -- e espero -- que se alcance um acordo. Um acordo que salvaguarde o interesse nacional. Não haja grandes dúvidas, para o bem ou para o mal este é o momento que marcará o segundo mandato de Cavaco Silva. Espero que todos os intervenientes estejam à altura das suas responsabilidades e que todos saibam colocar o interesse nacional acima dos seus interesses pessoais. Ou que, no mínimo, os saibam conciliar. Já não era nada mau...
Helena Garrido (Jornal de Negócios).
Se o Presidente gerou um problema ou não só o tempo dirá. Naturalmente, também desejo -- e espero -- que se alcance um acordo. Um acordo que salvaguarde o interesse nacional. Não haja grandes dúvidas, para o bem ou para o mal este é o momento que marcará o segundo mandato de Cavaco Silva. Espero que todos os intervenientes estejam à altura das suas responsabilidades e que todos saibam colocar o interesse nacional acima dos seus interesses pessoais. Ou que, no mínimo, os saibam conciliar. Já não era nada mau...
Para memória futura
"Maioria dos "termos" do PS não estão nas mãos de Portugal" (Jornal de Negócios). Cito o jornalista Nuno Aguiar: "[G]rande parte das medidas propostas [por António José Seguro] estão fora das mãos de um futuro Governo português". Em suma, não vai demorar muitos dias para se perceber se o PS esteve nas negociações com uma postura séria.
(Clicar na imagem.)
O Expresso apurou...
O Expresso -- a notícia é assinada por Ricardo Costa -- "apurou, [que David Justino] não foi mandatado como negociador mas como observador". Onde é que o Expresso "apurou" tal coisa?
No mesmo local em que todos os outros (Sol, Público, Jornal de Negócios, Diário Económico), ou seja o comunicado conjunto emitido por PS, PSD e CDS e que foi enviado às redacções. A diferença?
Ao contrário dos outros, o Expresso esqueceu-se de referir que houve essa coisita do comunicado. Eis as coisas que o Expresso 'apura' com o árduo trabalho de ler comunicados cuja existência se esquece de referir. Jornalismo de investigação ao melhor nível.
No mesmo local em que todos os outros (Sol, Público, Jornal de Negócios, Diário Económico), ou seja o comunicado conjunto emitido por PS, PSD e CDS e que foi enviado às redacções. A diferença?
Ao contrário dos outros, o Expresso esqueceu-se de referir que houve essa coisita do comunicado. Eis as coisas que o Expresso 'apura' com o árduo trabalho de ler comunicados cuja existência se esquece de referir. Jornalismo de investigação ao melhor nível.
E se não houver acordo?
O Presidente também terá de explicar tudo o que fez para o alcançar e por que motivo esse acordo falhou. Todos serão chamados a assumir a sua quota de responsabilidade, incluindo Cavaco Silva, como é óbvio.
Eleições antecipadas?
Ao contrário do que parece ser a posição actual, julgo que Pedro Passos Coelho não deve temer eleições antecipadas e deve deixar claro que está disponível para as aceitar se o PS validar um acordo pós-troika. António José Seguro não deve ter, da parte do PSD, nenhum argumento que lhe permita manter-se à margem de um entendimento que salvaguarde o interesse nacional. E se o fizer tal deve ser do conhecimento público.
O vento
"O pessimista queixa-se do vento; o optimista espera que ele mude; o realista ajusta as velas", William Arthur Ward.
Não têm aqui faltado críticas a Pedro Passos Coelho. Não haja, no entanto, dúvidas. Nos bons e nos maus momentos, e infelizmente não têm faltado maus momentos, Passos Coelho continua a merecer a minha confiança e o meu voto. Obviamente, melhor teria sido que não tivesse cometido alguns dos erros que cometeu. Isto dito, teria cometido outros, porque não é de deuses infalíveis que estamos a falar.
Passos Coelho enfrenta o momento mais complicado do seu mandato. É a vida. Há que tirar as devidas lições, aprender com elas e seguir em frente. Ajustar as velas, por outras palavras.
Não têm aqui faltado críticas a Pedro Passos Coelho. Não haja, no entanto, dúvidas. Nos bons e nos maus momentos, e infelizmente não têm faltado maus momentos, Passos Coelho continua a merecer a minha confiança e o meu voto. Obviamente, melhor teria sido que não tivesse cometido alguns dos erros que cometeu. Isto dito, teria cometido outros, porque não é de deuses infalíveis que estamos a falar.
Passos Coelho enfrenta o momento mais complicado do seu mandato. É a vida. Há que tirar as devidas lições, aprender com elas e seguir em frente. Ajustar as velas, por outras palavras.
sábado, 13 de julho de 2013
Sobre a importância do controlo do calendário [2]
Com a sua teimosia em não remodelar em devido tempo, Pedro Passos Coelho perdeu-o, veremos se irremediavelmente. Creio que sim, mas confirmaremos em devido tempo. Sem um núcleo duro político no Governo, erro em que insistia -- insiste? -- na remodelação recentemente proposta, Passos Coelho andou por vezes a navegar sem porto definido. O resultado está à vista.
Numa altura em que se aproxima um ciclo eleitoral exigente, não vai ser nada fácil voltar a mobilizar militantes e simpatizantes que, em larga medida, se ignorou e se deixou à deriva nos últimos dois anos. Mas isto, na verdade, agora pouco interessa. A pergunta que conta e que vale um milhão de euros é o que fazer para reconquistar o controlo do calendário. O que fazer para reconquistar a iniciativa política?
Numa altura em que se aproxima um ciclo eleitoral exigente, não vai ser nada fácil voltar a mobilizar militantes e simpatizantes que, em larga medida, se ignorou e se deixou à deriva nos últimos dois anos. Mas isto, na verdade, agora pouco interessa. A pergunta que conta e que vale um milhão de euros é o que fazer para reconquistar o controlo do calendário. O que fazer para reconquistar a iniciativa política?
Sede digna
Nada como um homem com as prioridades bem definidas. A sede digna é fundamental (pode lá alguém ser vice-primeiro-ministro sem uma sede digna), ainda que tudo o resto tenha sido muito indigno. Terrivelmente indigno, importa não esquecer. Interrogo-me se também seria possível citar Sá Carneiro quanto à preocupação com o gabinete?
Pobre Sá Carneiro, o que ele não diria se se pudesse defender daqueles que usam e abusam do seu nome.
Pobre Sá Carneiro, o que ele não diria se se pudesse defender daqueles que usam e abusam do seu nome.
Moção de censura
Uma única intenção, i.e. entalar o PS. Um favor, em certo sentido, ao Governo. No final, uma mão cheia de nada.
É também por isto que o fosso entre governados e governantes vai crescendo. Tudo a arder e a rapaziada entretida a contar berlindes.
A pergunta do Presidente
"Tudo continua a depender os partidos no Parlamento. É isso que o regime prevê desde 1982. Mas são ou não esses partidos capazes da governação necessária para terminar esta fase da assistência externa e evitar a bancarrota? Foi a pergunta que o Presidente fez, dentro dos limites que o regime estabeleceu para a sua acção. Esperemos a resposta" Rui Ramos (Expresso).
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Sobre a importância do controlo do calendário
Cito o Público: "O facto de as legislativas poderem passar de 2015 para 2014 foi encarado com alívio para os lados do Largo do Rato. (...) 'Ontem apareceram indicadores a dar um sinal de recuperação. Se a economia começasse a recuperar, em 2015 podíamos vir a ter problemas nas eleições', admitia um dirigente [do PS]".
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Cavaco Silva [9]
O Presidente percebeu que cada dia que passa e que se aproximam as eleições legislativas -- seja em 2014 ou 2015 (Portas foi mortal nesse âmbito) -- se torna mais difícil um entendimento pós-troika. A grave crise governamental provocada por Portas ofereceu ao Presidente uma janela de oportunidade única. Era agora ou nunca.
Cavaco Silva [8]
O que poderá jogar a favor do Presidente?
O facto de ninguém -- Seguro, Passos e Portas -- querer assumir o ónus da culpa, por assim dizer. Todos têm, à partida, incentivos para negociar e para ceder. Teoricamente, pelo menos. Até onde se poderá esticar a corda é a grande incógnita.
O facto de ninguém -- Seguro, Passos e Portas -- querer assumir o ónus da culpa, por assim dizer. Todos têm, à partida, incentivos para negociar e para ceder. Teoricamente, pelo menos. Até onde se poderá esticar a corda é a grande incógnita.
Cavaco Silva [7]
Uma das críticas que têm sido apontadas à declaração de Cavaco Silva é que fragiliza o Governo, que a partir de agora estará ferido de morte. Não necessariamente. Se existir um acordo que envolva o PS ninguém no arco de poder abrirá essa frente de batalha.
Cavaco Silva [6]
Ao contrário de uma parte considerável -- maioritária? -- da opinião de teor crítico que se expressa nas redes sociais e nos meios de comunicação social, estou convencido que o cidadão anónimo, na sua maioria, nesta fase, globalmente apoia Cavaco Silva, mesmo que em alguns aspectos concretos possa divergir. Se alguém no PS, PSD e CDS está a pensar numa estratégia de confronto aberto com o Presidente talvez seja melhor pensar duas vezes...
Tempo de negociações
Não tenho muito mais para acrescentar ao que já aqui escrevi. Agrada-me, em parte, o murro na mesa do Presidente da República. Digo em parte porque é preciso mais detalhes e mais explicações. Há um risco evidente de tudo poder correr mal, muito mal eventualmente. Isto dito, ao longo do dia têm vindo a decorrer conversações cujos pormenores não conhecemos, pelo que nos resta aguardar com serenidade pelo evoluir da situação. Este é o tempo de negociar e ver o que é possível alcançar, apenas isso, o que não é pouco.
Uma dúvida
Agora que as circunstâncias políticas se alteraram, quem aceitou na semana passada integrar o Governo remodelado mantém ainda a disponibilidade? E quem recebeu guia de marcha, caso não haja remodelação, aceita ficar?
Cavaco Silva [5]
Continuo na minha: não tem sentido o Presidente recusar a remodelação ao mesmo tempo que sinaliza eleições legislativas para 2014. Tem sentido, isso sim, aceitar a remodelação e ao mesmo tempo sinalizar eleições para o próximo ano. As duas coisas é meio caminho andado para o reacender da crise política se o Governo reagir e, naturalmente, tem toda a legitimidade para o fazer. Crise política essa que lhe pode rebentar nas mãos, passando ele próprio a ser um factor de instabilidade.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Cavaco Silva [4]
Um Governo de iniciativa presidencial? Mas isso alguma vez passa no Parlamento sem os votos do PSD e do CDS, liderados por Passos Coelho e Paulo Portas?
Era meio caminho andado para Cavaco Silva ver o chão a escorregar por debaixo dos pés e tornar-se, ele próprio, no centro e no foco da instabilidade política...
Era meio caminho andado para Cavaco Silva ver o chão a escorregar por debaixo dos pés e tornar-se, ele próprio, no centro e no foco da instabilidade política...
Cavaco Silva [3]
Ao contrário de Nuno Sá Lourenço, não ouvi nas palavras de Cavaco Silva qualquer veto, se com isto se quer dizer que não aceita a reestruturação e subsequente remodelação. Foi, aliás, omisso sobre isso, julgo.
[Adenda]
Pelos vistos devo ter percebido mal, porque parece existir uma interpretação generalizada que vai nesse sentido. Julgo que Cavaco Silva assume uma posição imprudente, se se confirmar.
[Adenda]
Pelos vistos devo ter percebido mal, porque parece existir uma interpretação generalizada que vai nesse sentido. Julgo que Cavaco Silva assume uma posição imprudente, se se confirmar.
Cavaco Silva [2]
Inevitavelmente, a partir de agora o palco está por conta dos Cavacologistas, nós todos, por outras palavras. O alcance de cada palavra será debatido até à exaustão. Os silêncios e as partes menos claras da sua comunicação serão igualmente alvo de escrutínio. Mas aquilo que vai contar é a reacção dos intervenientes políticos e dos alvos das suas palavras. Cavaco Silva tem uma palavra muito importante a dizer, mas ela depende de si e de terceiros. Mais. O Presidente não controla todo o tabuleiro político. Estamos ainda no adro. Mas, repito, o Rubicão foi atravessado.
Cavaco Silva [1]
Circulação nos dois sentidos
À falta de respeito com que Paulo Portas tratou os portugueses, os portugueses devem responder na mesma moeda, i.e. com total e absoluta falta de respeito em relação a Paulo Portas. Diria até que se trata de um imperativo de consciência e mais não podemos fazer.
Da série "grandes decisões irrevogáveis da minha vida"
Decisão 1: "este é o último post que aqui escrevo".
Obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.
Obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.
Estabilidade governativa [2]
Para memória futura: estou absolutamente convencido que a estabilidade governativa está longe de estar assegurada até ao final da legislatura. Por uma razão muito simples, a nova partilha de poder entre PSD e CDS não foi desejada. O novo statu quo foi imposto pelas circunstâncias actuais e é, por isso, instável por natureza. Na primeira oportunidade, se ela se proporcionar, vai tudo ao fundo. No mínimo dos mínimos não faltará atrito político.
Estabilidade governativa [1]
Paulo Portas entende que há condições de estabilidade governativa e, claro, não se esqueceu de mencionar o interesse nacional. Ninguém lhe enfiou nesse exacto momento uma malagueta pelas goelas, infelizmente.
Como sabemos, a estabilidade governativa é um valor muito acarinhado pelo líder do CDS, excepto quando ignora as consequências dos seus actos e manda esta merda toda às urtigas. Tem dias, portanto.
Não houve até hoje um pedido de desculpas ou uma explicação séria aos portugueses sobre a decisão que tomou e o que o levou a reconsiderar posteriormente. Houve, isso sim, umas negociatas com o primeiro-ministro e a decisão supostamente irrevogável, porque incidia sobre matéria de consciência, foi à vida num abrir e fechar de olhos.
As condições de estabilidade, para Portas, têm uma tradução muito concreta. Sem tachos no Governo não há estabilidade. Afinal, a estabilidade governativa é proporcional aos jobs. Mais tachos e mais jobs para o CDS corresponde a muito mais estabilidade governativa.
terça-feira, 9 de julho de 2013
Vai ser assim tão simples?
Vejo nos blogues e na comunicação social relativamente generalizada a opinião de que o Presidente da República se limitará a assinar de cruz a validação da recomposição do Governo. Contrariamente a essa opinião, julgo que não o fará -- e se o fizer julgo que fará mal. No mínimo julgo que o Presidente apresentará um caderno de encargos, mais ou menos informal, que na prática corresponderá a uma forma de condicionalidade.
Obviamente, Cavaco Silva não tem espaço de manobra para demitir o Governo. Mas tem todo o espaço político para deixar bem claro que não admite mais garotices e que, daqui para a frente, a fasquia subiu.
Obviamente, Cavaco Silva não tem espaço de manobra para demitir o Governo. Mas tem todo o espaço político para deixar bem claro que não admite mais garotices e que, daqui para a frente, a fasquia subiu.
Sobre a inevitabilidade
Infelizmente o líder do PS não tem maneira de obrigar o líder do Governo a negociar. Isto dito, o Presidente da República deveria deixar claro que aceita a solução proposta por Passos Coelho e por Portas para viabilizar a continuidade do Governo, mas que espera também um refundação da relação não apenas entre PSD e CDS, mas igualmente entre o Governo e o principal partido da oposição.
O Governo não pode continuar a ignorar o PS como fez nos últimos dois anos. O pós-troika a isso o obriga, em nome do interesse nacional. Sim, aqui sim em nome do interesse nacional.
P.S. -- A ironia, sempre ela: Passos Coelho adiou até ao limite uma remodelação governamental e tudo fez para não partilhar poder com o CDS e com o PS. A remodelação acabou por ocorrer, num calendário que não controlou e em circunstâncias muito mais adversas. Não haja ilusões, mais tarde ou mais cedo o primeiro-ministro terá de procurar um entendimento que envolva o PS. Fá-lo-á em circunstâncias mais ou menos favoráveis, essa é a única dúvida.
O Governo não pode continuar a ignorar o PS como fez nos últimos dois anos. O pós-troika a isso o obriga, em nome do interesse nacional. Sim, aqui sim em nome do interesse nacional.
P.S. -- A ironia, sempre ela: Passos Coelho adiou até ao limite uma remodelação governamental e tudo fez para não partilhar poder com o CDS e com o PS. A remodelação acabou por ocorrer, num calendário que não controlou e em circunstâncias muito mais adversas. Não haja ilusões, mais tarde ou mais cedo o primeiro-ministro terá de procurar um entendimento que envolva o PS. Fá-lo-á em circunstâncias mais ou menos favoráveis, essa é a única dúvida.
Momentos que marcam uma legislatura
As alterações propostas na TSU e a demissão de Paulo Portas poderão ter sido os momentos que marcaram o declínio irreversível deste Governo. Espero que não -- e bem sei que nada está concluído até estar tudo terminado --, mas pela primeira vez tenho a sensação que se poderá ter ultrapassado o ponto de não retorno.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Breve nota
Para expressar o meu respeito e admiração por quem aceitou integrar o Governo, a partir de agora e em circunstâncias tão difíceis, como ministro ou secretário de Estado. Refiro-me aos estreantes, naturalmente.
Uma dúvida
Onde estavam aqueles que agora se indignam com o peso dos mercados nos processos de decisão política quando o Estado português se endividou até ao pescoço a ponto de perder a sua autonomia?
domingo, 7 de julho de 2013
O problema orçamental
"A crise política desta semana não foi mais que um epifenómeno da crise de regime que estamos a viver. Haverá outras crises com este Governo remodelado, e com outro governo que a este suceda, com ou sem eleições. Sofrerão uma erosão política e social semelhante, se não conseguirem responder ao problema orçamental do regime. As demissões de Gaspar, Portas e o que se seguirá devem ser lidas a esta luz".
Paulo Trigo Pereira (Público)
Paulo Trigo Pereira (Público)
A rapaziada ficou...
...muito impressionada com o título novo de Paulo Portas. Os títulos em Portugal, como se sabe, são muito importantes. Percebe-se melhor, portanto, o fascínio de Miguel Relvas com o canudo.
Para memória futura
O grande vencedor desta crise foi Paulo Portas.
P.S. -- Parece que os políticos em Portugal são muito fraquinhos. Em contrapartida, como se nota, os analistas revelam uma qualidade notável.
P.S. -- Parece que os políticos em Portugal são muito fraquinhos. Em contrapartida, como se nota, os analistas revelam uma qualidade notável.
sábado, 6 de julho de 2013
Não esquecer as agências de rating
Espero que Pedro Passos Coelho não se tenha esquecido de incluir entre as novas competências de Paulo Portas os contactos com as agências de rating. O futuro vice-primeiro-ministro, para começar, poderia marcar uma videoconferência com a S&P para lhes explicar por que motivo a sua garotice da semana passada não deveria ter levado a uma revisão do rating. E de caminho explicava-lhes também por que motivo o Governo vai durar até 2015. Podia até fazer-lhes um ultimato. Se até ao final de 2014 as três grandes agências de rating não voltarem a colocar Portugal numa categoria acima de 'lixo', ele demite-se. Sim, será uma decisão irreversível.
Preso por ter e por não ter cão...
Primeiro criticavam Passos Coelho porque ele tinha insuficientemente em conta Paulo Portas. Agora criticam Passos Coelho porque ele tem excessivamente em conta Paulo Portas.
Primeiro o problema era que lhe dava poderes a menos. Agora é que lhe dá poderes a mais.
Decidam-se, pá...
Primeiro o problema era que lhe dava poderes a menos. Agora é que lhe dá poderes a mais.
Decidam-se, pá...
O mundo mudou
Agora é que Paulo Portas vai conseguir mostrar os seus dotes de negociador com a troika, ao mesmo tempo que vai poder avançar com a reforma do Estado, de modo a cortar na despesa e a baixar os impostos. Isto, claro, sem esquecer o crescimento económico.
Como o PS tem pontos de convergência com o CDS -- não se evaporaram nas últimas 24 horas, pois não? -- tal significa que a partir de agora aumentaram os pontos de convergência com o Governo. Há, portanto, razões acrescidas para renovadas almoçaradas.
Como o PS tem pontos de convergência com o CDS -- não se evaporaram nas últimas 24 horas, pois não? -- tal significa que a partir de agora aumentaram os pontos de convergência com o Governo. Há, portanto, razões acrescidas para renovadas almoçaradas.
Read my lips
"Obedeço à minha consciência e mais não posso fazer", frisou Paulo Portas. Enfim, como diria Ricardo Salgado, "tudo tem um preço, menos a honra". O preço da consciência foi hoje conhecido. Em nome do interesse nacional, naturalmente.
Abençoado
O jornal, como é o caso do Público, que conta com analistas e jornalistas como São José Almeida ou Manuel Loff. A capacidade que revelam para descrever e analisar os factos que abordam, com equilíbrio, rigor e isenção, são uma evidente mais valia para o jornal. É graças a preciosos contributos como os deles que o jornal vale todos os cêntimos que custa.
Um sorriso, um enorme sorriso...
Quando leio no Público que Paulo "Portas ficará numa posição mais reforçada no executivo". Nada a acrescentar à parte sobre a pirueta e a humilhação. Em nome do interesse nacional, claro. Sempre com sentido de Estado e em nome do interesse nacional.
Por portas e travessas
Estamos a chegar, finalmente, à solução que defendo desde Setembro de 2012. Na verdade até antes disso, mas foi nessa altura que lhe fiz aqui referência. Foi necessária, infelizmente, uma grave crise política. Considero que falta ainda rever o gabinete de Passos Coelho, mas essa, comparada com a reestruturação do Governo, é uma questão menor.
Tudo em aberto?
"O Presidente da República mantém em aberto todos os cenários para a resolução da crise", escreve a jornalista Luísa Meireles no Expresso. Esta afirmação fará sentido de um ponto de vista formal, mas na realidade as opções do Presidente são muito limitadas. Limitadas, em primeiro lugar, pelas suas preferências e pela sua leitura dos poderes presidenciais. E condicionadas, também, pela própria realidade. Se, de facto, Passos Coelho lhe apresentou uma solução sólida, nesse caso Cavaco Silva não tem outra alternativa que não seja manter o Governo. É, por isso, uma ilusão, ou um formalismo vazio, manter em cima da mesa cenários como eleições legislativas antecipadas ou um governo de iniciativa presidencial. Pura e simplesmente, esse comboio já deixou a estação há alguns dias.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Com ou sem Portas?
A Presidência da República esclarece hoje que Cavaco Silva não exigiu a presença de Paulo Portas no Governo. As notícias que surgiram ontem apontavam nesse sentido, mas não referiam a sua fonte. Há duas ou três explicações possíveis. Primeira: de facto, o Presidente não fez tal exigência e a Presidência não foi a fonte. Alguém exterior à Presidência procurou utilizar Cavaco Silva para encostar Paulo Portas às cordas. O suspeito óbvio é o primeiro-ministro, ou alguém em S. Bento, com ou sem o seu conhecimento. Já ontem, aliás, tinha aqui referido que a posição de Cavaco Silva seria seguramente vista com bons olhos por Passos Coelho.
Segunda: o Presidente não fez exigências de nomes, mas terá porventura feito exigências de cargos. Portas não tem de estar forçosamente no Governo; quem tem de estar é o líder do CDS, o actual ou um sucessor. Neste caso, a Presidência faz o esclarecimento de modo a evitar funcionar como seguro de vida de Portas. Uma vez mais, saber quem foi a fonte das notícias de ontem seria fundamental. Neste caso, a origem poderia estar no Largo do Caldas.
Terceira: Cavaco Silva até teria feito essa exigência, mas não gostou da fuga de informação e recusa ser peão de terceiros, pelo que recuou publicamente na exigência. É uma explicação possível, mas parece-me a menos sólida.
Poderão existir outras explicações -- nomeadamente a mais simples, i.e. a exigência não foi mesmo feita --, mas estas são, de momento, as que me ocorrem. Já ontem tinha referido a um amigo que as notícias não citavam Cavaco Silva na primeira pessoa e que, em teoria, poderia haver um desmentido. Aconteceu, ainda que o mesmo não seja totalmente esclarecedor.
Uma coisa é certa. A notícia foi transmitida de forma concertada a diversos jornais. Alguém quis passar essa mensagem. Sinal de que o risco de desinformação é elevado e que por estes dias tudo deve ser lido com a devida cautela.
Enfim, não me vou repetir pela milésima vez sobre os jogos políticos em que os jornalistas se deixam envolver, nunca denunciando as fontes que manifestamente gozam com o seu trabalho e a sua credibilidade.
Segunda: o Presidente não fez exigências de nomes, mas terá porventura feito exigências de cargos. Portas não tem de estar forçosamente no Governo; quem tem de estar é o líder do CDS, o actual ou um sucessor. Neste caso, a Presidência faz o esclarecimento de modo a evitar funcionar como seguro de vida de Portas. Uma vez mais, saber quem foi a fonte das notícias de ontem seria fundamental. Neste caso, a origem poderia estar no Largo do Caldas.
Terceira: Cavaco Silva até teria feito essa exigência, mas não gostou da fuga de informação e recusa ser peão de terceiros, pelo que recuou publicamente na exigência. É uma explicação possível, mas parece-me a menos sólida.
Poderão existir outras explicações -- nomeadamente a mais simples, i.e. a exigência não foi mesmo feita --, mas estas são, de momento, as que me ocorrem. Já ontem tinha referido a um amigo que as notícias não citavam Cavaco Silva na primeira pessoa e que, em teoria, poderia haver um desmentido. Aconteceu, ainda que o mesmo não seja totalmente esclarecedor.
Uma coisa é certa. A notícia foi transmitida de forma concertada a diversos jornais. Alguém quis passar essa mensagem. Sinal de que o risco de desinformação é elevado e que por estes dias tudo deve ser lido com a devida cautela.
Enfim, não me vou repetir pela milésima vez sobre os jogos políticos em que os jornalistas se deixam envolver, nunca denunciando as fontes que manifestamente gozam com o seu trabalho e a sua credibilidade.
A lição
Mas existiria algum idiota que necessitasse da prova dos factos e que não soubesse antecipadamente que uma crise política que termine com eleições antecipadas é caminho certo e seguro para um segundo resgate? Que não antecipasse a reacção negativa da eventual queda do Governo em termos de bolsa, yields e não só? Qual é o quociente de inteligência desse energúmeno?
Sobre a incontestabilidade
É tão incontestável que sentiu a necessidade de adiar o congresso. É tão incontestável que Pires de Lima tem de reafirmar a sua incontestabilidade. É tão incontestável que começam a surgir concorrentes na linha de partida, como Nuno Melo.
Reparo, entretanto, que Pires de Lima, o analista político, nada teve a dizer de significativo sobre a garotice de Paulo Portas. A título pessoal, claro. Enfim, apenas se lhe pedia um pouquinho de frontalidade e de independência. Lobo Xavier explica-lhe o que quero dizer, caso seja necessário.
Reparo, entretanto, que Pires de Lima, o analista político, nada teve a dizer de significativo sobre a garotice de Paulo Portas. A título pessoal, claro. Enfim, apenas se lhe pedia um pouquinho de frontalidade e de independência. Lobo Xavier explica-lhe o que quero dizer, caso seja necessário.
Pressão total
O Presidente da República faz muito bem em dizer publicamente, preto no branco, qual é o ponto da situação. Ninguém, absolutamente ninguém, poderá alegar desconhecimento ou ignorância, de modo a aligeirar responsabilidades. Disparates deste calibre não são admissíveis e toleráveis. Já chega de garotices e de leviandade, ou não?
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Venham mais 10
Abri uma conta no Blogger em Junho de 2003, mas foi no dia 4 de Julho de 2003 que este blogue começou. Quer isto dizer que, com algumas ligeiras interrupções, tenho vindo a escrever em blogues, neste e noutros, há dez -- longos? -- anos. Hoje, tal como no primeiro dia, tenho um genuíno prazer neste hobby e no exercício de cidadania que também é, ou pelo menos também o encaro assim.
É claro que nada disto teria metade do interesse se não existissem leitores do outro lado. Escrevo com o intuito de ser lido, como é óbvio, mas sem o interesse de ser lido por muitos. Gosto que o blogue seja uma espécie de café de bairro frequentado por um número limitado de clientes. O acesso não é limitado, claro, mas gosto das coisas tal como estão.
Fazer um balanço destes dez anos implicaria ter um objectivo pré-definido, algo que nunca existiu. O tempo foi passando, pura e simplesmente. Escrevi milhares de textos, umas vezes acertei no que disse, outras errei. Apenas de um texto me arrependo vivamente de o ter escrito. É a vida.
Nestes dez anos de participação em blogues conheci algumas pessoas e com algumas incompatibilizei-me à conta do que escrevi. É assim mesmo, nada a fazer.
Não sei se cá estarei daqui a mais dez anos. Talvez, quem sabe? Uma coisa é certa, enquanto por cá estiver o blogue continuará a obedecer aos dois critérios de sempre, i.e. ser um hobby e um exercício de cidadania.
Aos leitores, como sempre, agradeço a atenção. Sentem-se mais um pouco e bebam mais um café. Até já.
É claro que nada disto teria metade do interesse se não existissem leitores do outro lado. Escrevo com o intuito de ser lido, como é óbvio, mas sem o interesse de ser lido por muitos. Gosto que o blogue seja uma espécie de café de bairro frequentado por um número limitado de clientes. O acesso não é limitado, claro, mas gosto das coisas tal como estão.
Fazer um balanço destes dez anos implicaria ter um objectivo pré-definido, algo que nunca existiu. O tempo foi passando, pura e simplesmente. Escrevi milhares de textos, umas vezes acertei no que disse, outras errei. Apenas de um texto me arrependo vivamente de o ter escrito. É a vida.
Nestes dez anos de participação em blogues conheci algumas pessoas e com algumas incompatibilizei-me à conta do que escrevi. É assim mesmo, nada a fazer.
Não sei se cá estarei daqui a mais dez anos. Talvez, quem sabe? Uma coisa é certa, enquanto por cá estiver o blogue continuará a obedecer aos dois critérios de sempre, i.e. ser um hobby e um exercício de cidadania.
Aos leitores, como sempre, agradeço a atenção. Sentem-se mais um pouco e bebam mais um café. Até já.
Por último, mas não em último...
De acordo com a comunicação social, o Presidente da República estará a exigir que os líderes do PSD e do CDS façam parte do Governo. Uma exigência perfeitamente razoável, note-se, e que seguramente não desagrada ao líder do PSD. Temos, portanto, um de dois cenários. Primeiro: Paulo Portas, depois da garotice e da birra em que se envolveu, engole um sapo de todo o tamanho e aceita integrar o Governo juntamente com Maria Luís Albuquerque. Portas, pura e simplesmente, não está em condições de exigir a substituição da ministra das Finanças. Logo, o líder do CDS pode dizer o que quiser, justificar como entender mais uma pirueta, mas a humilhação política será incontornável e indisfarçável.
Segundo cenário: precisamente para evitar o primeiro, Portas demite-se da liderança do CDS, abrindo caminho à sua substituição no congresso deste fim de semana. Eleito um novo líder o CDS estará em condições de responder positivamente à exigência do Presidente. Ironia das ironias: foi precisamente para não perder o controlo do CDS que Portas recuou no braço de ferro com Passos Coelho...
Há, evidentemente, um terceiro cenário possível: Portas faz frente ao Presidente reabrindo o cenário de crise política. Seria nova garotice e suicídio político. Na prática terminaria igualmente com a sua demissão do CDS e muito provavelmente colocaria um ponto final na sua carreira política.
Em suma, por culpa própria e em consequência da sua irresponsabilidade, Portas tem de optar (do seu ponto de vista) entre o mau e o péssimo. É a vida.
P.S. -- Há, em teoria, um quarto cenário possível em que Passos Coelho seria um actor central. Não vejo, para já, nenhuma razão para que o líder do PSD 'ajude' Portas, ainda por cima porque isso implica entrar em conflito com o Presidente.
Uma vez que...
...hoje se noticia insistentemente a continuidade, ainda que numa pasta diferente, de Paulo Portas no Governo, parece-me oportuno reler a sua carta.
Nada está concluído...
...até estar terminado. Se a crise política contribuir para uma clarificação (e uma remodelação a sério) enfim, menos mal. Veremos.
Ponto da situação
Quem queria eleições legislativas antecipadas, afinal?
A maioria dos portugueses não queria e não quer, como revelou recentemente uma sondagem.
António José Seguro tinha e tem de dizer que queria e quer -- poderia dizer outra coisa? -- mas duvido que na realidade esteja com muita pressa. Por todas as razões e mais alguma, este ainda não é o seu momento.
Havia apenas uma minoria que genuinamente queria e quer eleições o mais rapidamente possível, custe o que custar. Essa minoria, por ironia, ou talvez não, pertence toda ao PSD. São os inimigos de longa data de Passos Coelho. Como a realidade confirmou, estes eram os únicos que queriam genuinamente eleições, independentemente das suas consequências para Portugal. O seu ódio é tão grande que estão disponíveis para sacrificar o interesse nacional. No fundo, também eles andam sempre com a boca cheia de sentido de Estado e de interesse nacional, mas tudo isso passa para um plano secundário se se conseguir afastar Passos Coelho, custe o que custar, incluindo a Portugal.
A maioria dos portugueses não queria e não quer, como revelou recentemente uma sondagem.
António José Seguro tinha e tem de dizer que queria e quer -- poderia dizer outra coisa? -- mas duvido que na realidade esteja com muita pressa. Por todas as razões e mais alguma, este ainda não é o seu momento.
Havia apenas uma minoria que genuinamente queria e quer eleições o mais rapidamente possível, custe o que custar. Essa minoria, por ironia, ou talvez não, pertence toda ao PSD. São os inimigos de longa data de Passos Coelho. Como a realidade confirmou, estes eram os únicos que queriam genuinamente eleições, independentemente das suas consequências para Portugal. O seu ódio é tão grande que estão disponíveis para sacrificar o interesse nacional. No fundo, também eles andam sempre com a boca cheia de sentido de Estado e de interesse nacional, mas tudo isso passa para um plano secundário se se conseguir afastar Passos Coelho, custe o que custar, incluindo a Portugal.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
No meio da tempestade... [2]
...impõe-se uma palavra de apreço e de elogio a diversos elementos do CDS que pressionaram o irresponsável do seu líder.
P.S. -- Pires de Lima, curiosamente, perdeu o pio. Logo ele que gosta tanto de analisar publicamente (sempre a título pessoal, como gosta de clarificar) o comportamento político de algumas figuras do Governo.
P.S. -- Pires de Lima, curiosamente, perdeu o pio. Logo ele que gosta tanto de analisar publicamente (sempre a título pessoal, como gosta de clarificar) o comportamento político de algumas figuras do Governo.
No meio da tempestade... [1]
...impõe-se uma palavra de apreço e de elogio à cabeça fria de Pedro Passos Coelho que conseguiu evitar que uma grave crise política se transformasse em algo ainda pior. A tempestade ainda não terminou, mas pelo que vamos sabendo se hoje estamos um pouco mais longe de um desastre terrível isso se deve em larga medida ao primeiro-ministro.
Haverá outra forma...
...de avaliar o comportamento de Paulo Portas que não seja de forma severa? Uma irresponsabilidade total? Uma garotice absoluta que desprestigiou Portugal, destruiu mais de dois mil milhões de euros na bolsa e nos custou um agravamento considerável nas yields? Sempre com a boca cheia de interesse nacional e sentido de Estado e Paulo Portas quase que nos atirava para um segundo resgate?
Assume a responsabilidade...
...mas não sabe com quem. Tanto pode ser com o BE como com o CDS, dois partidos, claro, com posicionamentos políticos muito semelhantes. Mas isso o que interessa? O perfume do poder é muito mais forte do que esses detalhes menores...
A suspensão dos briefings...
...diários é uma medida bem pensada, sim senhor. Em vez de se aguentarem à pressão e esperarem por melhores dias, a rapaziada fecha a porta à primeira dificuldade. Estão lançadas as bases para uma relação franca e duradoura com a comunicação social.
E agora? [5]
Confesso que ainda não acredito no que se está a passar. É demasiado mau para ser verdade. É irresponsabilidade a mais.
Porque a realidade supera sempre a ficção...
No meio da mais grave crise governamental dos últimos dois anos, o primeiro-ministro decide manter na sua agenda a deslocação a Berlim?
Percebo a intenção, mas uma vez mais é um erro de critério e de análise que não se aceita.
Percebo a intenção, mas uma vez mais é um erro de critério e de análise que não se aceita.
E agora? [4]
A confirmar-se a saída em bloco dos membros do CDS do Governo resta a possibilidade de um acordo de incidência parlamentar que permita alguma estabilidade política até 2014. O diabo estará nos detalhes desse acordo. E a aprovação de uma moção de confiança com os votos do CDS será obrigatória. Avizinham-se dias muito complicados.
terça-feira, 2 de julho de 2013
E agora? [3]
Ainda coloco a possibilidade de eleições legislativas antecipadas no campo das hipóteses. Não é ainda uma inevitabilidade, mas estamos mais próximos do precipício. Uma irresponsabilidade inadmissível, pura e simplesmente.
E agora? [2]
Se houver eleições legislativas antecipadas não votarei no PS ou no PSD sem que os dois clarifiquem muito claramente quais as soluções e os entendimentos partidários que preconizam para o dia seguinte. Não darei cheques em branco.
E agora? [1]
Pouco me interessa a contabilidade das responsabilidades. Se houver eleições legislativas antecipadas tenho apenas um desejo: que os cidadãos punam eleitoralmente de forma exemplar PSD e CDS. Os dois sem excepção.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Uma dúvida
A quem interessa fazer saber que Vítor Gaspar pediu a demissão há oito meses? Qual a relevância disso nesta altura? Na luta em curso pela imposição da narrativa política, o que explica o momento específico da sua saída? O que se passou recentemente, ou o que é que se está para passar nos próximos tempos?
Uma remodelação...
...igual na forma às anteriores, i.e. sem controlar o tempo político e de forma atabalhoada. É sempre um péssimo sinal quando os secretários de Estado são promovidos a ministros, independentemente da bondade da justificação.
Inspirar, expirar...
Inspirar, expirar...
O inevitável [2]
Por incrível que possa parecer, a substituição de Vítor Gaspar consegue apanhar o primeiro-ministro sem um plano B devidamente preparado. A saída de Gaspar, podendo ser uma oportunidade política, acaba por surgir como um remendo de improviso.
Era possível transformar uma oportunidade num problema?
Pelos vistos, sim.
Era possível transformar uma oportunidade num problema?
Pelos vistos, sim.
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