Primeira página do Expresso: "Pais Jorge entregou privatização ao Citigroup" e acrescenta ainda na capa "Enquanto presidente da Parpública, o secretário de Estado entregou ao banco onde trabalhou 19 anos a operação de venda da EGF".
Quem leu apenas a primeira página tirará as ilacções que entender com base nesta informação. Não é difícil de antever quais serão...
O leitor que leia o título da notícia na página 5 encontrará o seguinte: "Pais Jorge deu privatização dos resíduos ao Citi". Com o seguinte lead: "O Citigroup foi escolhido para assessorar o Estado na EGF quando Pais Jorge era presidente da Parpública. Receberá um preço mais elevado que o português BIG".
Em suma, as ilacções a tirar estão em linha com a capa..
Isto dito, para a minoria persistente -- e é de uma minoria que estamos a falar -- que leia a notícia na íntegra, o penúltimo parágrafo é aquele que verdadeiramente interessa. Cito: "O Expresso sabe que o Citi se candidatou também a outras operações, como a privatização dos CTT ou a venda de 4% da EDP em bolsa, consideradas 'bem mais interessantes' do que a EGF, mas não foi escolhido".
Não foi escolhido, presume-se, por Pais Jorge. Ou seja, o Citigroup, tanto quanto se percebe da notícia, não foi nem beneficiado nem prejudicado por Pais Jorge. Em suma, qual era mesmo a notícia?
Sejamos muito claros. O Expresso acusa directa e frontalmente Pais Jorge de ter beneficiado o Citigroup? Sim ou não? Em alternativa, o jornal defende que o Citigroup, enquanto Pais Jorge fosse presidente da Parpública, deveria ser objectivamente prejudicado pelo facto de a instituição ser liderada por um seu ex-funcionário? Sim ou não? Qual é, afinal, a posição -- e a notícia -- do jornal?