quarta-feira, 14 de agosto de 2013

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"[A] gente quando ensina aprende muito. Às vezes até vamos ler coisas que nunca tínhamos lido, pela simples razão de que precisamos de tê-las lido", salienta Sena numa entrevista concedida em 1972 (p. 236).
Totalmente de acordo. Tenho lido muita coisa pela razão apontada por Sena. E, já agora, acrescento: quando escrevemos aprendemos muito, na medida em que o exercício da escrita ajuda/obriga a sistematizar argumentos. Por vezes, o ponto de chegada pouco ou nada tem que ver com aquilo que inicialmente se pensou que seria. Há argumentos que ficam pelo caminho, outros que entretanto se fazem de convidados. Inevitavelmente, no final sabe-se sempre mais e tem-se uma noção mais exacta daquilo que não se sabe. Mas tal como no ensino, aprende-se muito.
Jorge de Sena, Entrevistas 1958-1978 (Guimarães, 2013) [edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço].