terça-feira, 24 de setembro de 2013

O que será?

Neste, como noutros textos similares, constato com alguma surpresa que ninguém admite, nem que seja teoricamente, uma possibilidade que não excluo, i.e. o regresso ao local do crime. Aparentemente ninguém parece levar muito a sério a hipótese de José Sócrates querer voltar a ser primeiro-ministro. Bem sei que ser primeiro-ministro mais do que uma vez tem sido a excepção e não a regra. No período pós-1976, apenas Mário Soares foi primeiro-ministro duas vezes e nos dois casos antes da adesão de Portugal à União Europeia em 1986. Mas não sendo a regra esta é uma possibilidade que no caso de Sócrates não excluo, antes pelo contrário.
José Sócrates é ainda muito novo e tem um currículo que seguramente joga a seu favor. Enfim, descontando o facto de ter levado Portugal ao tapete... Adiante. Ele foi o único secretário-geral do PS que conseguiu obter uma maioria absoluta. Acresce que o ex-líder do PS tem um perfil e uma personalidade que se coaduna muito mais com o cargo de primeiro-ministro do que Presidente. (Refira-se que em todo o caso pode sempre ser Presidente mais tarde.) Voltar a ser primeiro-ministro tem dois desafios que me parecem ser interessantes do seu ponto de vista. Primeiro, conseguir igualar e ir mais longe do que Mário Soares na liderança do PS. Segundo, mais importante, ajustar contas com a História, numa espécie de processo de redenção, se possível com algumas bofetadas de luva branca. Recordo que parte das suas tropas continua muito activa nos planos político e mediático. Tropas, lembre-se, com as quais ele não perdeu o contacto. Outros, estando mais adormecidos, continuam em todo o caso em posições partidárias relevantes. Sócrates apenas precisa de dar tempo ao tempo, refazer a sua imagem e esperar pela oportunidade. Oportunidade que no curto-prazo depende em larga medida de António José Seguro. Dito isto, se o momento certo não surgir, Sócrates poderá sempre reajustar os seus planos. Uma coisa é certa. Politicamente morto é que ele não está. Infelizmente, tenho de acrescentar.