Pedro Braz Teixeira acredita que "teremos eleições antecipadas num futuro não muito distante". A fórmula utilizada -- "futuro não muito distante" -- é defensiva e propositadamente vaga, mas no essencial estou de acordo. Pelo andar da carruagem, se nada mudar, também me parece que este Governo não durará até 2015. Ao contrário de Pedro Braz Teixeira, até arrisco ser um pouco mais preciso. Uma vez assegurado e definido o programa cautelar, algures entre o segundo e o terceiro trimestres de 2014, o Governo entrará em contagem decrescente. Resta apenas saber se o final será por implosão, ou por decisão do Presidente da República.
Por outro lado, se em vez de um programa cautelar tivermos um segundo resgate, o actual Governo deixa igualmente de ter condições para se manter em funções.
O que se segue?
Tal como Pedro Braz Teixeira, também vejo com maus olhos um governo de Bloco Central, ainda que acredite que essa será a solução mais provável. E arrisco de igual modo especular que esse governo, seja de Bloco Central ou uma coligação entre o PS e o CDS, tal como o actual, provavelmente também não durará toda a legislatura.
Por último mas não em último, não acredito que o Presidente da República aceite dar posse a um governo minoritário. Seria para mim um enorme surpresa se isso acontecesse.
Preparemo-nos, portanto, para a continuação da instabilidade política, com este ou com outro governo, e para as legislaturas cujo ciclo, mais tarde ou mais cedo, será interrompido. Tal nem é necessariamente grave se, mesmo assim, se conseguir assegurar um mínimo de governabilidade. Não é o ideal, como é óbvio, mas não é forçosamente um problema.