Sejamos claros. Ninguém era obrigado, dentro e fora do PSD, a votar nos candidatos oficiais do partido. Eu, por exemplo, se votasse no Porto não teria votado seguramente em Luís Filipe Menezes. Mas não teria igualmente integrado a comissão de honra de um candidato de uma lista adversária. Teria, porventura, seguido uma posição semelhante à de Rui Rio, ainda que eu não seja militante do PSD e, por isso, não tenha os direitos e deveres associados à militância partidária.
Arlindo Cunha, numa argumentação digna de um chico esperto, diz que houve candidatos que foram mal escolhidos e que a sua selecção obedeceu a lógicas clientelares intra-partidárias. Vamos admitir que sim, para simplificar. Mas foi a primeira vez? Arlindo Cunha insurgiu-se no passado contra isso, ou na altura, talvez porque fossem as suas clientelas, não viu mal algum no fenómeno?
Nenhum militante do PSD é obrigado a apoiar um candidato de quem discorda, por boas ou más razões. Pode até expressar publicamente as vezes que bem entender essa discordância. No PSD vigora a liberdade de expressão e ninguém é punido por delito de opinião. Mas existem estatutos e esses, sim, é preciso respeitar. Aliás se houvesse bom senso nem seriam necessários estatutos. Faz algum sentido militar num partido e apoiar formalmente um candidato que concorre contra o seu partido?