quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Portugal e Angola: condenados a entender-se [2]

Estava a reler o que escrevi sobre Portugal e Angola e constato que inadvertidamente ignorei o elefante no meio da loja de cristais. Sim, Portugal e Angola estão obrigados a entender-se, mas há variáveis que não controlam e que no curto-prazo podem dificultar o entendimento. Aliás, é precisamente essa variável que origina a actual situação. Refiro-me, como não poderia deixar de ser, às investigações em curso em Portugal e que supostamente envolverão altas figuras do Estado angolano. Uma espécie de tail that wags the dog.
Uma dúvida: a posição assumida por José Eduardo dos Santos deve ser interpretada como uma retaliação, ou como uma manobra de dissuasão?
Uma e outra têm implicações diferentes. Estou mais inclinado a olhar para o que se passou à luz da segunda hipótese. De uma maneira ou de outra, Angola passa claramente a bola para o lado português e aumenta a pressão sobre os poderes político e judicial em Portugal. Georges Chicoti foi, aliás, muito claro quanto a isso.