Henrique Granadeiro e Ricardo Salgado -- e é possível que haja outros que me escaparam -- não perceberam o timing da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na venda da posição de 6,11% que detinha na Portugal Telecom (PT). Recorde-se que na fusão acordada entre a PT e a Oi ficou desde logo decidido que a CGD não integraria a nova administração. Desconheço se esta exclusão foi polémica ou pacífica, mas de uma forma ou de outra, no fundo, traduzia de imediato a retirada que iria suceder da CGD do capital da PT.
O BES -- e seguramente também a Ongoing -- gostaria de contar com os 6,11% da CGD para reforçar a sua posição no processo de fusão em curso. No fundo, Ricardo Salgado gostaria de contar com um reforço de poder de 6,11%, mas sem os inerentes custos de capital. Nessa medida, a decisão da administração da CGD constitui de facto uma adversidade inesperada. Isto dito, o BES não está propriamente perante algo que não se resolva. Estou seguro que, se quiser, a instituição liderada por Ricardo Salgado conseguirá reforçar a sua posição na PT. Afinal, o que não falta são acções da PT à venda na bolsa.