sábado, 30 de novembro de 2013

Crise e oportunidade

É indiscutível que a comunicação social portuguesa atravessa um período de crise prolongada. Crise que, no imediato, ainda estará para ficar. No entanto, o próximo ano promete algumas mudanças a seguir com atenção e interesse. Pedro Santos Guerreiro é um dos melhores jornalistas portugueses e vejo por isso com agrado e expectativa a sua nomeação para a edição digital diária do Expresso. A entrada de António Mosquito e de Luís Montez no capital da Controlinveste levará a que seguramente rolem cabeças. Num grupo em crise profunda, João Marcelino é o candidato mais óbvio a deixar o lugar, mas não será seguramente o único.
Adicionalmente poderão existir mais mudanças no panorama mediático, igualmente a prometer ajustes nas placas tectónicas da comunicação social portuguesa e arredores. O Expresso noticia que António Carrapatoso e Alexandre Relvas poderão lançar um novo jornal. Veremos. Pessoalmente interessa-me mais a possibilidade, igualmente noticiada pelo Expresso, de Rodrigo Moita de Deus avançar com uma versão portuguesa do Huffington Post.
Projectos em reestruturação e novos projectos no horizonte. Com o mercado publicitário ainda em fase de contenção, com as vendas em declínio e sem que se tenha ainda encontrado uma alternativa de modelo de negócio viável, a sustentabilidade financeira dos actuais e futuros projectos é uma autêntica incógnita. A não ser, claro, que haja vida para além do negócio da comunicação social no seu perímetro mais imediato.

A recusa

Rui Rio terá recusado o convite do primeiro-ministro para liderar o futuro Banco de Fomento. Algo me diz que esta história é capaz de estar mal contada. Refiro-me à versão que conhecemos neste momento. Adiante. Rui Rio está no seu direito, como é óbvio. Pessoalmente a única coisa que registo como politicamente relevante é o facto de a recusa do convite ter sido tornada pública. Se alguém pensou -- pensou mesmo? -- que tal beneficiava Rui Rio está muito enganado.

Crise de regime

Só na cabeça de Mário Soares, Vítor Ramalho, José Medeiros Ferreira e restante tropa do passado é que haverá amanhã uma crise de regime. No fundo confundem os seus desejos e as suas necessidades políticas com a realidade. São os mesmos que lançaram Soares numa aventura presidencial suicida. Esta tribo em vias de extinção, que anda por aí a pulular há 40 anos, precisa desesperadamente de instabilidade para mascarar a sua irrelevância no seu próprio quadrante político. A luta pela sobrevivência nunca foi um espectáculo bonito de se ver.

A lei da selva [2]

Desta vez não houve ternura e carinho. Sobrou para Eurico Brilhante Dias uma leitura não literal. Eis uma boa metáfora, ainda que involuntária. Este PS também não pode ser levado à letra. Nem a sério, em bom rigor.

O que faz correr António Mosquito?

O que leva António Mosquito a adquirir parte do capital da Controlinveste?
Não é seguramente a expectativa de lucros presentes ou futuros na Controlinveste, de certeza absoluta. Poder e influência, em Portugal e em Angola, que por sua vez permitirá obter resultados noutros tabuleiros, isso sim, como é óbvio.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A terceira lição

Ricardo Costa esqueceu-se de tirar uma terceira lição, porventura a mais importante. O acordo alcançado entre a CDU e o SPD, nos termos em que foi formulado, marca a falência total da estratégia europeia de António José Seguro. O líder do PS reclamava que era possível uma abordagem europeia diferente e, nessa medida, apostou muito nas eleições francesas e alemãs. Ora, depois da França, chegou a vez de a Alemanha validar a manutenção do actual rumo europeu. Poderão ocorrer ajustes pontuais, naturalmente, mas no essencial a estratégia que se seguiu nos últimos anos é para manter com o SPD no poder na Alemanha e com Hollande na presidência francesa, por muito que isso custe a António José Seguro.
Sim, "Passos Coelho teve sempre razão", refere Ricardo Costa. "Não lhe vale é de muito", acrescenta.
Não sei. O que sei é que se tivesse estado errado as consequências poderiam ter sido graves. Nessa medida parece-me que valeu alguma coisa a Passos Coelho -- e a todos nós -- estar certo. A quem seguramente não valeu nada estar errado foi a António José Seguro que vê agora a sua abordagem europeia ruir por completo.

O pensionista Cavaco Silva... [2]

Por José Carlos Alexandre.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A lei da selva

Mário Soares considera que o PS sob a liderança de António José Seguro não é suficientemente activo, o que quer que isso queira dizer. Pouco importa. Uma vez mais fica no ar a crítica pública. O secretário-geral do PS lá terá de responder, de novo, que tem "uma imensa ternura e um imenso carinho" por Soares para fugir à questão. Ternura e carinho são conceitos estranhos ao velho político carnívoro. Afinal, se o predador tivesse ternura e carinho pela presa passava fome.

Formas discretas de salvaguardar o interesse comum

Assim, por exemplo. Bem sei que não dá grandes capas de jornais, ou sensacionais abertura de telejornais, mas é eficaz e efectiva.

Faço minhas as palavras...

...de Francisco Seixas da Costa.

Programa cautelar [6]

Sem programa cautelar não haverá apoio do BCE através da compra de dívida no mercado secundário. Se alguém tinha essa ilusão, pois bem, assunto esclarecido...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O pensionista Cavaco Silva...

...que por acaso também é Presidente da República enviou para o Tribunal Constitucional (TC) uma decisão do Governo que afecta directamente os seus interesses. Era tão bom se todos nós pudéssemos enviar para o TC decisões governamentais que nos afectam pessoalmente. Infelizmente trata-se de um luxo de que dispõe apenas um pensionista em Portugal. Um pensionista de luxo.

Falemos de assuntos sérios...


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os donos do regime

À Esquerda e à Direita, há 40 anos que são sempre os mesmos. Elogiam-se uns aos outros, em espaços em que o cidadão comum não entra, ou em que é tolerado na segunda metade da sala. Nestes elogios públicos entre compagnons de route ninguém está desempregado e seguramente ninguém ganha o salário mínimo. Nenhum sabe o que é gerir uma empresa privada, criar e manter postos de trabalho, preocupar-se com o final do mês, com as encomendas dos clientes, com a criação de valor, com a inovação, ou com as exportações. Nenhum teve de emigrar, nenhum conheceu dificuldades ao longo da vida. Nada. Em contrapartida, abundam as subvenções vitalícias e as reformas chorudas, abundam aqueles que a manutenção do seu posto de trabalho nunca foi uma preocupação. Há excepções? Claro. Mas esta elite, no geral, não poderia estar mais longe do cidadão comum. No entanto assumem-se como intérpretes legítimos de experiências de vida que não conhecem. Falam em reformar o sistema, o sistema que eles criaram e que os alimenta há 40 anos consecutivos.
António Ramalho Eanes não tem culpa nenhuma disto. Se há alguém que não tem culpa 'disto' é ele, uma das poucas, muito poucas, referências políticas e morais em Portugal. Infelizmente, a justa homenagem à sua pessoa ficou refém dos suspeitos do costume. Sempre, sempre, a mesma tropa.

Não temos Governo

Diz Carlos Zorrinho. Pelo contrário, temos Governo, de certeza absoluta. Pode não ser o melhor, mas existe. O que não temos, como a realidade confirma todos os dias, é uma oposição digna desse nome. Um vazio enorme. António Costa, seu camarada de partido, explica-lhe, caso seja necessário.

domingo, 24 de novembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [13]

O título da Bola online, na imagem, resume mais ou menos o que se passou em campo. Longe de ser um dos melhores jogos da equipa leonina nesta época, antes pelo contrário, esta foi uma partida disputada e por vezes mal jogada. O empate esteve perto de ser o resultado final, o que nem seria injusto para o Guimarães, há que o reconhecer. Isto dito, a sorte de uns é o azar de outros e, desta vez, os deuses do berlinde acabaram por sorrir ao Sporting. Em poucos minutos, Slimani acabou por ser o jogador decisivo, num jogo em que as substituições ocorreram tardiamente. No final, a equipa do Sporting conseguiu os três pontos e isso, na verdade, é o que interessa. Allez, allez, Sporting allez...
[Publicado também aqui.]

Violência legítima

Não. Em democracia a violência nunca é um meio legítimo de acção política. Bem sei que às conveniências do momento, a título instrumental, poderia dar jeito o caos nas ruas e a violência como instrumento de acção. Poderá ser conveniente, mas não é legítima. Mas o mais surpreendente é que haja tontinhos, como Helena Roseta, a namoriscar com essas águas turvas. Muito provavelmente Roseta estaria na primeira fila dos que levaria nas trombas em caso de anarquia. Ela faz parte da elite, dos que nunca fizeram nada na vida a não ser política e que muito provavelmente já beneficia de uma qualquer subvenção vitalícia à custa da política. Acha ela que em caso de suposta violência legítima não seria incluída pela turba violenta no grupo dos parasitas e dos que vivem à custa do povo?
Abra os olhos. Ainda vai a tempo e deixe de dizer disparates irresponsáveis.

Um conselho de dois gumes

Ângelo Correia defende que Rui Rio se deve candidatar à liderança do PSD nas próximas eleições directas (Correio da Manhã, 24.11.2013: 29). Na sua opinião, "seria bom que [Rui Rio] clarificasse e demonstrasse que tem, pelo menos, ideias e um programa para o futuro". Dito de outra maneira, é impressão minha ou Ângelo Correia está a destacar que se Rio não for a jogo, tal significa que não tem ideias e um programa para o futuro?

Em destaque [38]

A Filosofia Clássica
Por algum tempo acreditei nas virtudes da doutrina
platónica. Pude entrar no interior da caverna, e ver por dentro
o destino dos homens, com o seu peso de sabedoria e
ignorância. Uns subiam o caminho das ideias, e muitos ficaram
a meio, sem saber o que estava no fim; outros, nem pensavam,
e as suas conversas tratavam do vazio que pode encher
muitas vidas. Entre uns e outros, não optei. Para quê pensar
demasiado, se o que sabemos é sempre menos do que
tudo o que nunca saberemos? E porquê esquecer os problemas
como se, um dia, não tivéssemos de os enfrentar? Assim,
pus Platão de parte -- e saí da caverna, trazendo comigo a procissão
dos morcegos, o mofo das profundezas e a minha própria sombra (p. 43).
Nuno Júdice, Navegação de acaso (D. Quixote, 2013).

Candidatos a candidatos

Parece que Paulo Rangel anda nervoso, uma vez que ainda ninguém lhe deu um sinal sobre a sua eventual recandidatura ao Parlamento Europeu. Tem duas soluções. A primeira passa por telefonar a Miguel Poiares Maduro, entre outros que por lá andam no Governo, para ver se intercedem por si. Muita da sua antiga tropa faz parte do Governo e imagino que isso para alguma deve servir. Essa rapaziada não muda seguramente de lealdade como quem muda de camisa e, consequentemente, ainda hoje devem ter por ele enorme estima e admiração. Altura, portanto, para o demonstrar fazendo lobby a seu favor. A segunda opção passa por tomar um Xanax. Talvez seja a mais prudente, sobretudo se pensar que a malta já mudou mesmo de camisa...

Indignações selectivas

Guilherme d'Oliveira Martins foi reconduzido para um novo mandato como presidente do Tribunal de Contas. Os indignados do costume com as nomeações deste Governo desta vez ficaram calados. O silêncio selectivo é muito simples de perceber. Se o nomeado for do PS está tudo bem, a escolha é pacífica e o currículo acima de qualquer dúvida. A rapaziada só se indigna quando o escolhido é do PSD. Pior ainda se substitui -- ó escândalo dos escândalos -- alguém do PS. Esta tropa acha que somos todos tolos e que andamos todos a dormir.

sábado, 23 de novembro de 2013

Ter de explicar o básico

Henrique Monteiro explica.

As coisas são como são

Uma das características mais negativas da comunicação social portuguesa é a utilização de espaços de opinião (e não só), nos jornais, rádios e televisões, inclusivé por jornalistas, como coutadas para gerir as suas redes de influência. A regra é simples: ao sabor das conveniências e simpatias pessoais, elogiam-se amigos, criticam-se adversários e inimigos.
Que isto aconteça nos blogues não me aquece nem me arrefece. Os bloggers não estão vinculados às regras deontológicas que os jornalistas supostamente deveriam estar. Os jornalistas, porém, reclamam para si um estatuto profisisonal com regras claras. Se o problema se colocasse apenas nos espaços de opinião até se poderia tentar desvalorizar o fenómeno. Porém, tal como as metástases, a coisa alastra por o todo o lado. Num cenário destes, como é que os jornalistas querem ser levados a sério?

Em destaque [37]

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Acto simbólico

Sorte a nossa, quanto ao simbolismo. Na próxima, em vez de subirem as escadarias com a conivência das forças de segurança presentes e em serviço, pode ser que lhes dê para simbolicamente, claro, incendiarem viaturas ou contentores do lixo, como qualquer reles delinquente. Já andou mais longe.

Guerra das estrelas

Há dois ou três anos que literalmente não via a Quadratura do Círculo. Vi ontem. Constato que Pacheco Pereira continua exactamente com os mesmos tiques. Ele está do lado Certo, imagino que com maiúscula. Ele está do lado Bom da Força. Ele detém a Verdade. O resto são tudo uns crápulas, uns mentirosos, uns cínicos. António Lobo Xavier tem uma paciência do... (introduzir vernáculo da pesada).

Demissão anunciada

Não creio que se pudesse encontrar outra solução que não passasse pelo convite à demissão do director nacional da PSP e imagino que foi isso que o MAI Miguel Macedo fez na reunião que teve com Paulo Valente Gomes. Ontem foi evidente que as forças de segurança presentes na Assembleia da República toleraram a invasão das escadarias, algo que no passado, sempre que quiseram, conseguiram evitar. Independentemente dos motivos de queixa que estes ou outros manifestantes possam ter, o que se passou ontem no Parlamento é inadmissível. Inadmissível, ponto.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como diria o outro [4]

Pacheco Pereira, Pacheco Pereira... Belas companhias...

Como diria o outro [3]

Mais um que abandona, assim como quem não quer a coisa, o barco. Pacheco Pereira, cada vez mais, o idiota útil que fica a segurar o microfone enquanto Mário Soares ataca o PSD, de Cavaco Silva a Passos Coelho. Grande Pacheco Pereira.

Como diria o outro [2]

Perante as deserções que se avolumam, José Pacheco Pereira assume, cada vez mais, o papel de idiota útil. Na verdade até é muito inútil, mas essa conversa fica para outra altura.

Espelho, espelho meu

João Cardoso Rosas pede mais honestidade intelectual ao que designa de nova direita, entidade essa que aparentemente está no poder. Intelectualmente honesto, Rosas não refere um único nome dessa nova direita que possamos ter como referência para perceber de que direita se trata, se realmente está mesmo no poder, e se é minimamente representativa. Como refutar, em última instância, uma acusação que não identifica o alvo?
Naturalmente, por uma questão de honestidade intelectual, Rosas não se cansa de lembrar que faz parte do conselho coordenador do Laboratório de Ideias do PS. Faz bem, em nome dessa transparência e desses altos padrões que defende. Adiante. Rosas entende que a tal nova direita sem rosto apresenta argumentos empíricos duvidosos, por exemplo em relação ao salário mínimo. Confesso que essa não é a minha praia. Leio, por isso, sempre com muita atenção o que escreve Luís Aguiar-Conraria. Atendendo ao que já aprendi com ele -- o que escreveu sobre o salário mínimo leva-me, no mínimo, a suspeitar de que fará parte dessa tal nova direita --, nesta como noutras matérias, só posso dar o meu tempo por bem empregue. E uma das coisas que aprendi com ele é que, no domínio do salário mínimo, por exemplo, as questões são um pouco mais complexas do que se possa pensar à primeira vista, e que as simplificações poderão ser úteis para o combate político, mas para um debate intelectualmente honesto ajudam pouco.
Mas por falar em ajuda, como se imagina, a nova direita sem rosto não está no poder para ajudar ninguém. O seu objectivo é um e um apenas: reduzir drasticamente o Estado social e vender isto tudo aos grandes interesses económicos por tuta e meia. Isto é tão evidente que quem disser o contrário é intelectualmente desonesto.

Demitam o demissor, se conseguirem

Todos têm direito a ter a sua opinião, desde que concordem comigo. Se não concordarem comigo nesse caso não têm legitimidade democrática. A legitimidade democrática não se obtém através do sufrágio universal, e do voto directo e secreto, mas sim através de plenários. Os plenários são o meio por excelência para aferir a vontade legítima do Povo. Refiro-me, naturalmente, aos plenários que são organizados e controlados por mim. Os outros, aqueles que ousam divergir, na verdade fazem parte de correntes autoritárias e anti-democráticas. Os verdadeiros democratas concordam sempre comigo e têm o direito e a obrigação de expressar a sua, a minha, opinião. Em última instância, a discordância e a dissidência relativamente à minha pessoa é anti-constitucional. Quem ousar dizer, ou pensar, o contrário deve ser relegado, por todos os meios, para a penumbra da ilegitimidade democrática. Fascismo nunca mais. Viva a democracia.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Da azia

"Treinei o verdadeiro Ronaldo, não este". Saia um frasco de sais de fruto para a mesa do canto, se faz favor.

Programa cautelar [5]

Tudo muito previsível. António José Seguro, pura e simplesmente, não tem mão nesta tropa.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Caro Blatter, vê a tua caixa de correio. Enviei-te um postal com dedicatória. Encontramo-nos no Brasil.


Até nisto o Governo...

...parece que está apostado em assegurar sempre a máxima antipatia. Será que a receita perdida era assim tão grande que não pudesse acomodar um sinal cujo valor é sobretudo simbólico?

Uma dúvida

O que faz correr Silva Peneda?
Sabemos, ou julgamos saber, dando apenas dois exemplos, o que faz correr Marcelo Rebelo de Sousa ou José Sócrates. E Silva Peneda, o que é que o faz correr?
Alguma coisa é, de certeza absoluta, tendo em conta as suas inúmeras intervenções nas diversas plataformas da comunicação social. Por este andar, não tarda nada e publica um livro...

Programa cautelar [4]

Sim, sem dúvida. Ai aguenta, aguenta, mas apesar de ter opiniões sobre tanta coisa, sobre essa não há bitaites.

Banana Republic

Isto é uma festa. Tudo se diz. Tudo se faz. Uma autêntica república das bananas. Uma vergonha.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Jobs for the boys

Considero inteiramente legítima e compreensível a indignação do cidadão comum em relação aos jobs for the boys quando manifestamente o currículo é escasso e a remuneração exagerada em função da experiência profissional. Repito, a indignação é legítima e compreensível. Nada a dizer. Mas já tenho alguma coisa a dizer quando essa indignação é manifestamente hipócrita e expressa por pessoas que participaram no Governo de José Sócrates, onde o fenómeno dos jobs for the boys foi igual ou, muito provavelmente, pior. Esses, se tivessem um pingo de vergonha na cara estavam caladinhos em vez de procurar explorar, demagogicamente e sem um pingo de moral, o pulsar legítimo e compreensível do cidadão comum.
Isto dito, há muito tempo que defendo que os salários no Governo deveriam ter um plafond mínimo e máximo e que deveriam igualmente ter uma fórmula de cálculo baseada, por exemplo, na declaração de IRS dos últimos três ou cinco anos. Esta proposta poderia não resolver por completo o problema, mas no mínimo introduzia alguma racionalidade e moralidade nas remunerações.
Naturalmente, pode haver outras soluções, eventualmente até melhores do que esta que aqui proponho (julgo que Santana Lopes foi a primeira pessoa a sugerir algo semelhante). Manter tudo tal como está é que não me parece uma abordagem razoável.

Programa cautelar [3]

Sobre o eventual recurso, ou não, a um programa cautelar, a Fitch coloca os pontos nos is (versão original). Imagino que a leitura das restantes agências de notação não andará longe desta.

domingo, 17 de novembro de 2013

Sobre o pagamento de conteúdos digitais [2]

Regresso ao que aqui escrevi. O Público quer colocar o leitor a pagar (a) notícias que não são em exclusivo (ver aqui e aqui), bem como (b) notícias feitas com os pés, com duas ou três pesquisas no Google, desequilibradas, incompletas e factualmente erradas*? É assim que o Público nos pretende convencer a pagar conteúdos?

* Vasco Rato nunca foi vice-presidente do PSD. Foi vogal na direcção de Luís Marques Mendes, tendo-se demitido a determinada altura. Mais. A primeira vez que surgiu uma referência ao seu nome para presidente da FLAD, que tenha reparado, foi no Correio da Manhã e não no i.

sábado, 16 de novembro de 2013

A sociedade civil e a Praia da Figueirinha [4]

Estava a ler isto e lembrei-me que ainda aqui não tinha feito referência a mais uma intervenção da minha operação pessoal e individual de voluntariado. Na última sexta-feira, recolhi na Praia da Figueirinha mais dois sacos cheios de plástico, vidro e metal. Hoje somos poucos, mas amanhã seremos mais.

É necessário um novo partido à Esquerda? [3]

Esqueçamos isto, sejamos simpáticos. José Sá Fernandes e Joana Amaral Dias, que também romperam com o Bloco de Esquerda, tal como Rui Tavares, marcaram presença na sessão de trabalho de hoje. O novo partido, se avançar, surge cada vez mais como uma dissidência do Bloco e contra o Bloco. É pouco, muito pouco, para gerar apoio público. Não vai longe.

Moscatel de Setúbal

"O Moscatel continua a ser o grande esquecido da lista espantosamente rica de vinhos generosos portugueses, uma espécie de parente pobre face ao brilho internacional tanto do Vinho do Porto como do Vinho da Madeira. (...) Os grandes Moscatel de Setúbal são vinhos incomparáveis e insubstituíveis, vinhos de vida eterna e de uma complexidade sublime, vinhos que ombreiam com o que de melhor se faz no mundo. Sem qualquer dose de patriotismo bacoco, sem favores ou excessos de linguagem, são vinhos que estão no lote muito restrito dos grandes vinhos do mundo" (Rui Falcão, Público/supl. Fugas, 16.11.2013, p. 28).
Rui Falcão está cheio de razão. Como aperitivo ou como digestivo, o Moscatel de Setúbal é uma maravilha, infelizmente desconhecida de grande parte dos portugueses, por regra mais familiarizados com o Vinho do Porto e o Vinho da Madeira. Tenho pessoal simpatia pelo Moscatel de Setúbal produzido pela Casa Agrícola Horácio Simões. A minha preferência, tendo em conta a relação qualidade/preço, vai para o Moscatel de Setúbal "Superior 10 Anos" -- na fotografia, canto inferior esquerdo (garrafa de 50cl, engarrafado em 2009, custa €30).
Uma sugestão, caro leitor, experimente. Esqueça o Vinho do Porto e o Vinho da Madeira. Verá como tenho razão.

Programa cautelar [2]

António José Seguro trava exigência de eleições antecipadas devido a programa cautelar, noticia o jornal i. A ser verdade, estaremos perante mais um duplo mortal à retaguarda. Repito, a ser verdade. Na sua edição de ontem o jornal Sol apontava no sentido contrário, i.e. que o PS só aceitaria validar um programa cautelar a troco da antecipação das eleições legislativas. Verdade ou não, José António Lima tem muita razão:
(Clicar na imagem.)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ronaldo rules...

Foto: AP.
[Adenda]
Ler seis notas oportunas de Pedro Correia.

Mais rápido do que a sua própria sombra

José Flávio Pimental Teixeira (JPT), rápido a puxar da arma e a disparar, sem contraditório e com base numa entrevista de um tipo sem tino, fica muito chocado com o suposto facto de um conjunto de blogonautas que apoiou Pedro Passos Coelho ter estado envolvido em actos de "falsificação de identidades, anonimatos, contra-informação rasteira, mentiras, boatice". Tal realidade, uma vez mais com mão leve na pistola e no gatilho, leva-o a decretar que estamos perante "um retrato nojento do país, do PSD, da escumalha que governa o país e dos jornalistas e/ou bloguistas que por aí andam e que se prestam a isso". E pronto. Todos julgados e condenados sumariamente na praça pública, sem direito a contraditório, que isso não interessa nada.
Bem sei que não devemos deixar a realidade intrometer-se num bom programa de ficção. Ainda assim, se não fosse muita maçada, seria possível dizer o nome -- só quero um nome apenas -- de um blogonauta que apoiou Pedro Passos Coelho, um nome em concreto, que tenha estado envolvido nessas manobras de falsificação de identidades, anonimatos, contra-informação rasteira, mentiras e boatice?
JPT já esclareceu que não lhe passou pela cabeça que Pedro Correia estivesse envolvido em semelhante coisa. Será Luís Naves? Será António Nogueira Leite? Serei eu? Quem? Quem foram os blogonautas, daqueles que foram explicitamente referidos na entrevista pelo seu nome, o que nem é o meu caso, que estiveram envolvidos nessa grande conspiração que não olhou a meios para atingir os seus fins?
Antecipadamente grato pela resposta.

P.S. -- Não sei se é factualmente preciso, mas julgo que terei estado entre os primeiros apoiantes de Pedro Passos Coelho na blogosfera. Enquanto blogonauta estive apenas num almoço com Passos Coelho, aliás que foi referido na altura na comunicação social, e mais tarde num jantar, se a memória não me falha (ou vice-versa). Nunca ninguém me disse o que escrever ou como escrever. Nunca fiz parte de nenhuma lista de emails, mas mesmo que fizesse não vinha daí mal ao mundo. No máximo, lembro-me de ter recebido uns SMS com os valores das sondagens e não mais do que isso. Nunca recebi informação privilegiada, antes ou depois das eleições internas no PSD, ou depois no ciclo das legislativas. Nada sei sobre falsificação de identidades, anonimatos, contra-informação rasteira, mentiras e boatice.
Já agora, em dez anos de blogosfera, enquanto blogonauta, ou através dos blogues, estive apenas em três ou quatro encontros com pessoas que tinham blogues, ou a quem os blogues interessavam por razões de estratégia política, digamos assim. Uma vez em casa de José Pacheco Pereira, na Marmeleira. No almoço e no jantar que referi anteriormente com Passos Coelho e num encontro com Paulo Rangel no Café Nicola. Não me recordo, se fui convidado para um almoço de blogonautas com José Sócrates. Se fui, recusei, mas confesso que já não me lembro.

Programa cautelar

Maria Luís Albuquerque mantém, formalmente, as suas opções em aberto. Um sinal da esquizofrenia que grassa no Governo. Tanto se acena com um segundo resgate, como se afirma que Portugal pode prescindir de um programa cautelar.
Em todo o caso, já se percebeu que o programa cautelar poderá vir a ser o grande palco de batalha. Marques Guedes afirma que o aval do PS não é obrigatório, o PS responde que um programa cautelar implica novas circunstâncias e por isso a convocação de eleições legislativas antecipadas.
No meio desta cacofonia, enquanto se discute cenários virtuais não se fala do presente. Um alívio para o Governo, mas também, suspeito, para o PS.

Como diria o outro

Les beaux esprits se rencontrent.

Não queria deixar...

...de enviar, a partir daqui, um abraço público ao Pedro Correia. É sempre desagradável ver o nosso nome envolvido em manobras e manipulações no qual não se participou. Sei do que falo porque, noutro contexto, também já o senti na pele. Imagino que a minha sorte foi não conhecer o entrevistado, caso contrário o meu nome também poderia ter sido citado naquela sopa delirante e sem tino. É a vida.

As notícias da minha morte...

Ciclicamente leio referências ao declínio dos blogues. Não sei do que estão a falar. Suspeito que confundem moda com declínio. Talvez se possa dizer que os blogues deixaram de estar na moda. Mas o que não se pode dizer, seguramente, é que estão em declínio. Como se avalia esse declínio é, por sua vez, uma longa conversa.
A tese do declínio, aliás, tem sido colocada em relação às diversas plataformas das redes sociais. E, no entanto, ainda recentemente, o Twitter foi um êxito na sua estreia em bolsa. Adiante. Na verdade, ainda que este texto possa transmitir a impressão contrária, o suposto declínio dos blogues, os que abordam a política nacional e os outros, não me tira o sono, nem me preocupa.
Este blogue, por exemplo, tem actualmente 200 a 300 leitores por dia. Podia ter 100 ou 1500 que para mim era exactamente igual. Os blogues sempre foram um fenómeno de minorias e sempre tiveram públicos limitados, ainda que alguns eventualmente tivessem alguma influência. Nada mudou nesse capítulo. Os blogues continuam a ser um fenómeno de minorias e alguns têm alguma influência.
Actualmente as expectativas e as ambições de alguns bloggers e antigos bloggers serão mais modestas em relação aos blogues. São eles, porventura, os grandes defensores da tese do declínio. Acontece que o problema não está, nem nunca esteve, nos blogues, mas sim nas suas ambições iniciais e no seu desconhecimento da realidade. Esses entusiastas com expectativas desmedidas, entretanto, tiveram uma grande desilusão, mas os blogues nunca saíram do mesmo sítio.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Natureza madrasta

Estou absolutamente convencido de que há pessoas que têm o intestino grosso ligado directamente ao cérebro e que a circulação dos fluidos se faz apenas em sentido ascendente. É isso, e só isso, que explica que, quando abrem a boca, saia tanta merda.

GES: a luta dos deuses [6]

"Recorde-se que na sexta-feira o Negócios noticiou que José Maria Ricciardi tinha entrado em conflito com Ricardo Salgado por causa da sucessão, tendo retirado a confiança ao primo."
Se é para recordar, eu recordo-me muito bem. E aquilo que o Negócios noticiou não foi que Ricciardi tinha entrado em conflito com Salgado, mas sim que fracassara uma tentativa de golpe de Estado e que Ricciardi falhara a destituição de Salgado. O Negócios noticiou muito mais do que um mero conflito. O Negócios foi mais longe. Abdicou da sua posição de neutralidade e imparcialidade. Assumiu as dores de uma das partes e não se limitou a noticiar, de forma neutra e imparcial, como faz agora em regime de limitação de danos, um conflito.

Sobre o pagamento de conteúdos digitais

Posso estar enganado, mas julgo que a opção do Público vai ser um tremendo fiasco. Por várias razões. Em primeiro lugar, uma grande parte dos artigos, a esmagadora maioria, não acrescenta muito valor acrescentado ao leitor. O que significa que muitos migrarão para outras plataformas. É certo que uma parte significativa nunca estaria disposta a pagar os conteúdos aos quais têm acesso. Mas há outros que eventualmente poderiam estar se reconhecessem, de facto, ao jornalismo do Público valor acrescentado, o que em muitas circunstâncias não é o caso. O Público perderá tráfego, receitas e influência, sem que, julgo, o volume de negócio gerado por esta nova estratégia compense o que se perde. Haverá, obviamente, quem adira à nova opção, imagino que em larga maioria quem viva fora de Portugal, mas, repito, parece-me que será uma adesão marginal.
Em segundo lugar, tenho dificuldade em perceber como é que esta nova opção não colide com a estratégia anterior. Mais do que acrescentar receita, esta opção arrisca-se a canibalizar a receita oriunda das assinaturas digitais e em papel, bem como das vendas diárias em papel.
Em terceiro lugar, o Público não é propriamente o New York Times ou o Financial Times. A marca Público não me parece ser suficientemente forte para sustentar uma estratégia desta natureza, nem o universo de potenciais leitores é suficiente vasto para permitir este exercício.
Por tudo isto, julgo que a nova estratégia vai ser um flop. Veremos.

[Adenda]
António Granado manifesta igualmente reticências sobre esta opção.

Irlanda vai a jogo, sozinha

Digno de nos despertar o sentimento de inveja.

Pequenos raios de luz [8]

Mais um.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Capucho: saldos

Esteve disponível para ser presidente da Cruz Vermelha. Esteve disponível para integrar candidaturas autárquicas. E agora está disponível para se candidatar à Presidência da República. Tudo indica que, no futuro próximo, com este track record, ainda estará disponível para muita coisa. Sempre em bicos dos pés. Patético.
Em nome da caridade cristã, por favor, disponibilizem-lhe qualquer coisinha. Talvez, presidente, ou provedor, do canil de Cascais?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sem remédio [4]

"Não há números mágicos"? Nem como "mera hipótese"?
Não me ocorre como é que a humilhação poderia ser maior, mas de certeza que o problema é meu.

[Adenda]
Erro num dos links, entretanto corrigido.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

GES: a luta dos deuses [5]

1. Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi anunciam a paz no BES. Trata-se de um exercício para inglês ver que imagino que visa essencialmente sossegar clientes e investidores.
2. Com esta declaração conjunta, Ricardo Salgado engole um enorme sapo vivo. Por um lado admite o eventual início do processo de sucessão e, por outro, reconhece que José Maria Ricciardi poderá vir a ser o seu sucessor.
3. Tendo assegurado estes dois pontos cruciais -- nada mau para quem tinha perdido a guerra et cetera e tal... -- Ricciardi fica, aparentemente, próximo de ter feito cheque ao rei.
4. Olhando para a declaração conjunta de outra maneira: percebe-se claramente no que cedeu Salgado e a contrapartida, i.e. tempo e controlo de danos. Percebe-se também o que ganhou Ricciardi, i.e. o estatuto de primus inter pares no processo de sucessão, sem que seja evidente qualquer cedência. O voto de confiança tem poucos ou nenhuns custos.
5. A comunicação social continua a manifestar um enviesamento favorável a Ricardo Salgado. No entanto, o ainda líder do BES, desde a semana passada que não tem feito outra coisa que não seja somar derrotas. O voto de confiança que pediu -- e que obteve no Conselho Superior do GES -- foi lido inicialmente como uma manifestação do seu poder quando, na realidade, não passou de um primeiro sinal de fraqueza. Fragilidade que culmina com a declaração conjunta de hoje, um exercício claramente impensável noutros tempos.
6. Naturalmente, Ricciardi não ganhou a guerra da sucessão e o resultado da disputa em curso é, possivelmente, ainda incerto. No entanto, não me admirava que o acordo entre as partes fosse mais extenso do que aquilo que foi tornado público com a declaração conjunta de hoje.
7. Isto dito, a declaração conjunta não corresponde a um anúncio de paz, como refere o Jornal de Negócios. (Refira-se, numa nota lateral, que o Negócios não consegue acertar um título neste dossier.) É antes um armistício num processo em que o regresso ao statu quo ante é impossível.

Textos anteriores:
GES: a luta dos deuses [4]
GES: a luta dos deuses [3]
GES: a luta dos deuses [2]
GES: a luta dos deuses [1]

Sem remédio [3]

Penoso. Muito penoso. Nem com o triplo mortal à retaguarda da "mera hipótese" se safa. A humilhação, mais uma, é total.

[Adenda]
Total, mas mesmo total...

Sem remédio [2]

Penoso. Muito penoso.

GES: a luta dos deuses [4]

1. Comandante Ricciardi apoia sucessão de Ricardo Salgado. "Eu, Comandante António Ricciardi, accionista do Grupo Espírito Santo e presidente do Conselho Superior, venho esclarecer que só não apoiei o voto do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi na moção de confiança pedida por Ricardo Salgado para evitar a ruptura institucional imediata, mas subscrevo sem quaisquer reservas a posição assumida pelo Conselho, incluindo a do meu filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi sobre a "governance" e sucessão na liderança do Grupo Espírito Santo".
2. Em suma, a tese de que teria falhado um golpe de Estado contra Ricardo Salgado tem cada vez menos pernas para andar. Não se utilize a expressão golpe de Estado, mas o resultado é o mesmo. A liderança de Salgado tem os dias contados.
3. Ainda está por contar o que verdadeiramente aconteceu no Conselho Superior do GES. Quando no comunicado de hoje António Ricciardi afirma que subcreve "sem quaisquer reservas a posição assumida pelo Conselho", incluindo a posição assumida por José Maria Ricciardi, pessoalmente fico com a impressão de que Salgado -- e não Ricciardi -- esteve muito mais isolado na reunião do que inicialmente se pensou.
4. A questão, aparentemente, não é 'se', mas 'quando' é que Salgado vai abandonar a liderança e, igualmente importante, quem o substituirá. Mais. O seu sucessor, atendendo às repetidas referências ao modelo de governance, terá seguramente muito menos poder do que Ricardo Salgado.

GES: a luta dos deuses [3]

1. José Maria Ricciardi desmente que tenha uma aliança com Álvaro Sobrinho. Talvez. No mínimo, Ricciardi não quer assumir publicamente essa aliança.
2. José Maria Ricciardi foi "impedido" de votar no conselho superior do Grupo Espírito Santo e abandonou reunião a meio. Veremos se será desmentida esta informação.
3. Entrámos na fase da informação e da contra-informação. Moral da história?
Começar a ler tudo com acrescida cautela.
4. Tenho alguma curiosidade em ver como se comportarão hoje as acções do BES e do ESFG na bolsa. Independentemente disso, uma coisa é certa: este clima que se vive no GES e que se tornou público na semana passada não se pode prolongar no tempo sem que tal tenha consequências graves. Pura e simplesmente, o actual statu quo e o clima de guerrilha são insustentáveis.

Textos anteriores:
GES: a luta dos deuses [2]
GES: a luta dos deuses [1]

domingo, 10 de novembro de 2013

Sem remédio

Vamos a votos? [6]

O ponta de lança de Miguel Poiares Maduro obteve 36% dos votos na corrida pela Distrital de Lisboa do PSD. Não é uma derrota humilhante, mas é em todo o caso uma vitória indiscutível e confortável de Miguel Pinto Luz.
Não será, portanto, a partir da Distrital de Lisboa que se fará qualquer tipo de operação política contra Pedro Passos Coelho. E depois há outras contas e outros cálculos a pensar já noutros ciclos políticos, mas essa é outra conversa.

GES: a luta dos deuses [2]

1. O Expresso revela que "na reunião do conselho superior do GES (...) o voto de confiança foi aprovado com a condição de se iniciar "imediatamente" o processo de sucessão e a alteração do modelo de governação" (9.11.2013: 40).
Não era do conhecimento público a existência desta enorme condição. A ser verdade, nesse caso a realidade passa a ser um pouco diferente daquela que foi apresentada na última edição do Jornal de Negócios, certo?
A destituição falhada e o golpe de Estado fracassado, afinal, poderão não ter sido tão falhados ou tão fracassados como inicialmente se pensou. Veremos.
2. Na sua edição de hoje, o Correio da Manhã revela que "José Maria Ricciardi, tem mantido reuniões regulares com Álvaro Sobrinho" (10.11.2013: 24).
Uma vez mais, a ser verdade, tal confirma que Ricciardi, não sendo propriamente louco, é óbvio que não entrou nesta guerra sem aliados. Como referi ontem, o leitor e eu não sabemos quem eles são, mas eles existem de certeza absoluta, nomeadamente no Conselho Superior do GES, o que nem é o caso de Álvaro Sobrinho. Hoje conhecemos a identidade de um dos seus aliados, mas há outros, seguramente. Em suma, Maquiavel, Sun Tzu, et cetera e tal.

Textos anteriores:

Os ângulos da lógica

"As troikas são uma aberração para a lógica do projecto europeu". Talvez. E levar um Estado à bancarrota, é algo que se enquadra na lógica do projecto europeu?

sábado, 9 de novembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [12]

Julgo que o título do Diário de Notícias resume bem o que se passou: Benfica vence o dérbi que ninguém merecia perder. Não vale a pena tentar entrar em grandes análises. Houve de tudo: uma arbitragem com casos, reviravoltas no resultado, muitos golos, muitos golos falhados, golos improváveis e muita, muita, emoção. Nem se pode dizer que o jogo foi particularmente bem jogado, mas a verdade é que foi um grande jogo de futebol, com muita adrenalina do princípio ao fim. No final os deuses do berlinde sorriram ao Benfica. Paciência. Quanto ao Sporting, os jogadores deram o litro durante 120 longos minutos e o resultado, se os deuses do berlinde nos tivessem sorrido, até poderia ter sido outro. Assim sendo, não se pode pedir mais. Allez, allez, Sporting allez...
Foto: Pedro Rocha (Global Imagens via DN).

GES: a luta dos deuses [1]

Regresso ainda ao confronto entre Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi. O título na capa da edição de ontem do Jornal de Negócios era o seguinte: "'Golpe de Estado' no BES fracassa. Nas páginas interiores era: "Ricciardi falha destituição de Salgado".
Bem sei que um título é apenas um título, quase que por definição trata-se de uma simplificação. Mas o problema com os títulos é que muitas vezes determinam o ângulo de abordagem. Peguemos neste caso concreto. O golpe de Estado terá mesmo falhado? Haveria mesmo a expectativa que Ricardo Salgado se demitiria de imediato? Dito de outra maneira, José Maria Ricciardi falhou mesmo a destituição de Salgado?
O meu problema com esta leitura (e estes títulos) é o seguinte. Ricciardi é assim tão pouco inteligente que não soubesse para que lado pendia o equilíbrio de forças no interior do Conselho Superior do GES? Seria tão pouco inteligente ao ponto de fazer uma investida às cegas?
Não parece uma leitura muito razoável, pois não, caro leitor?
Se assim é, nesse caso, mais do que um golpe de Estado que falhou, ou de uma destituição falhada, o que ocorreu foi o primeiro tiro numa batalha que agora começou. Nada fracassou, ou falhou, muito simplesmente a guerra foi oficialmente formalizada e não mais do que isso.
Para a tese do golpe de Estado fracassado, ou da destituição falhada, fazer sentido era necessário que tivesse ocorrido uma outra coisa, que não terá acontecido, ou que pelo menos o Jornal de Negócios não refere. José Maria Ricciardi foi traído pelos seus aliados? Quem, já agora? No momento da verdade, houve no Conselho Superior do GES quem o abandonasse? Quem?
Parece-me mais razoável olhar para esta questão de outra forma. José Maria Ricciardi perdeu uma batalha. Uma batalha que ele sabia de antemão que perderia, mas que em todo o caso tinha de perder para dar o início à guerra. E a guerra apenas agora começou...

P.S. -- Este texto é um exercício de especulação. Digamos que estou a pensar em voz alta. Vai na volta e até pode ser que nada disto tenha muito sentido. Um outro exemplo. Será que o objectivo de José Maria Ricciardi passa mesmo por destituir Ricardo Salgado? Ou será que, mais do que destituir Salgado, Ricciardi quer apenas -- um grande 'apenas' -- condicionar o processo de escolha do sucessor do seu primo? É que, a partir de agora, o Conselho Superior do GES terá de ter em conta as novas realidades e os novos equilíbrios. O peso da palavra e a influência de Salgado no processo mudou de um dia para o outro. Subitamente, pela primeira vez, ser o potencial delfim de Salgado pode não ser uma vantagem. Quem lhe quiser suceder sabe, a partir de agora, que terá de assegurar a aquiescência de terceiros. De Ricciardi, por exemplo. No mínimo dos mínimos, ao 'falhar' a tal destituição de Salgado, ao 'fracassar' o tal golpe de Estado, a verdade é que Ricciardi -- e os seus aliados não declarados até ao momento -- passou, passaram, a ter muito mais poder. E esta, hein?

Militantes nos dias ímpares

Muita tinta tem corrido, no rescaldo das autárquicas, à custa da eventual expulsão de diversos militantes no PSD. Uns quantos 'históricos', não muitos, mas com alguma visibilidade mediática, aparentemente entenderam que estavam acima dos estatutos e que, portanto, no seu caso a aplicação deveria ser suspensa. Lembra-me uma outra estória...
Mas eis que, de tanto olhar para os tais 'históricos' e menos históricos do PSD, a comunicação social quase que ignorava que, afinal, o mesmo se está a passar no PS. Os Socialistas também têm estatutos cuja aplicação, naturalmente, é para cumprir. Como não há 'históricos' da treta envolvidos a coisa é muito mais discreta, mas a verdade é que o processo, muito legitimamente, está a seguir o seu caminho (ver Jornal de Negócios de ontem). No PS também não se assobia para o ar, era o que faltava.
Repito o que já aqui escrevi: "Nenhum militante do PSD [ou do PS] é obrigado a apoiar um candidato de quem discorda, por boas ou más razões. Pode até expressar publicamente as vezes que bem entender essa discordância. No PSD [e no PS] vigora a liberdade de expressão e ninguém é punido por delito de opinião. Mas existem estatutos e esses, sim, é preciso respeitar. Aliás se houvesse bom senso nem seriam necessários estatutos. Faz algum sentido militar num partido e apoiar formalmente um candidato que concorre contra o seu partido?"

Vai uma aposta?

Que António José Seguro não dirá uma palavra sobre isto, ou se disser será qualquer coisa mais redonda do que uma circunferência?

Pequenos raios de luz [7]

Este, por exemplo.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O mundo está perigoso [2]

Longe vão os tempos em que não havia na comunicação social uma única notícia desagradável para o Grupo Espírito Santo (GES). Agora sucedem-se umas atrás das outras. Mais. O impensável aconteceu: Ricardo Salgado viu a sua liderança colocada em causa publicamente por José Maria Ricciardi. Repito, pública e assumidamente. Quem diria?
Evidentemente, nada será como antes no GES. Ricardo Salgado poderá terminar o seu mandato na data prevista, mas ainda que assim seja -- será? -- tudo mudou esta semana.
Isto dito, é altamente improvável que se repita no GES o que se passou no Millennium BCP. Se outra razão não existisse porque o precedente mostra como seria a descida ao inferno. Acresce que, sendo a estrutura accionista do GES dominada pela família Espírito Santo, tal significa que dificilmente os desentendimentos escaparão ao controlo.
Uma coisa é certa: de facto, o mundo está mesmo perigoso...

Moçambique: falta de bom senso

Totalmente de acordo com Francisco Seixas da Costa. Falta de bom senso, para não dizer outra coisa.

Guiné-Bissau

"A return to normalcy is impossible without serious efforts regarding the security sector reform and the fight against drug trafficking. (...) None of this is possible without a strong and lasting commitment from the international community. Bissau-Guineans are unable to do so by themselves. Political stability and economic prosperity will be impossible without successful efforts at both levels -- SSR and drug trafficking. Otherwise Guinea-Bissau is doomed to be a failed state".
Eis o que penso e que disse a um jornalista.

Estes atrasados mentais,...

...estúpidos como são, ainda não perceberam que as suas palavras não atingem apenas as elites. Atingem todos os portugueses e são ofensivas para todos os portugueses. Como é que isto é útil e positivo para Angola é para mim um mistério.

O problema europeu...

...não é o poder da Alemanha. É a fraqueza da França. Ou as duas coisas, se se quiser. Uma coisa é certa, o estado clínico francês não augura nada de bom, para os próprios e por extensão para terceiros.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O pior já passou...

...diz Miguel Poiares Maduro, o ministro que trouxe a tropa toda de Paulo Rangel para o Governo e que tão bons resultados tem vindo a produzir. Se ele o diz, quem somos nós para duvidar. Basta, aliás, olhar para o próximo Orçamento do Estado para ver como o pior já passou. Repita comigo, caro leitor, o pior já passou. Repita as vezes que for necessário até acreditar nas palavras que está a dizer. Mais tarde ou mais cedo, a realidade acabará por se formatar à sua língua de pau.

E claro que a coisa...

...nunca poderia ocorrer sem a devida fuga de informação.

Portugal e Angola: condenados a entender-se [10]

"Manuel Vicente não consta como arguido, nem foi suspeito, no inquérito em apreciação". Nova confirmação?
Grande Ministério Público. É um orgulho e uma honra ter uma instituição como esta, que tanto nos prestigia a todos. Cada vez que penso num exemplo de eficácia e eficiência, o Ministério Público é a instituição que me ocorre de imediato. Uma máquina perfeitamente oleada, onde não há uma peça fora do sítio. Tudo, absolutamente tudo, é feito para servir os cidadãos e o Estado em nome dos mais altos princípios. Dá gosto ver esta rapaziada a trabalhar.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Onde anda Rui Machete?

José Cesário é quem dá a cara na questão dos raptos dos portugueses em Moçambique. Paulo Portas vai ao Fórum Macau, mas acompanhado pelo SENEC, Luís Campos Ferreira. Quanto a Rui Machete, pura e simplesmente, quase que não existe política e diplomaticamente. Penoso. Muito penoso.

Vamos a votos? [5]

Leio a entrevista de Pedro Rodrigues, na esperança, porventura, de encontrar alguma coisa que me faça mudar de opinião, ou ter uma leitura mais benévola. Pura ilusão. Sucedem-se os chavões e as frases ocas. Não encontro absolutamente nada de motivante e que justifique o voto na sua candidatura. Pedro Rodrigues ao mesmo tempo que diz que o PSD não foi capaz de "escolher os melhores candidatos" autárquicos afirma igualmente que Fernando Seara teria sido o seu candidato. Reconhece que se enganou em relação a Pedro Passos Coelho. Ainda bem que o faz. Só que há um problema com a sua admissão de erro. Afinal, quem se engana uma vez, seguramente poderá voltar a enganar-se de novo em questões cruciais.
Pedro Rodrigues quer discutir as políticas do Governo. Certo. É um objectivo totalmente legítimo e imagino que Miguel Pinto Luz deseja igualmente, na medida do possível, dar o seu contributo. Há, no entanto, uma diferença estrutural entre a candidatura de um e outro. É que, como demonstra a galeria de notáveis -- e menos notáveis -- que apoia o ex-chefe de gabinete de Miguel Poiares Maduro, a sua candidatura à Distrital de Lisboa do PSD é um tubo de ensaio claramente hostil a Pedro Passos Coelho. Pura e simplesmente, ele nunca será um soldado disciplinado e leal do primeiro-ministro. Propenso a enganos, como vimos, Pedro Rodrigues já terá percebido que esta candidatura foi um erro.

Ter vergonha, tarde de mais

Aparentemente, Silva Lopes recebe quatro pensões, incluindo uma de sobrevivência (ver o jornal i). "Tenho vergonha", diz ele.
Caro leitor, esclareça-me por favor: alguém é obrigado, por lei, a receber uma pensão de sobrevivência? Em alternativa, há algum impedimento a que essa pensão seja doada na íntegra a uma ou várias IPSS?

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Europeias: bastidores

Uma breve leitura dos jornais nos últimos dias, bem como algumas referências nas redes sociais, confirmam que começou a guerra pelos lugares nas listas partidárias para o Parlamento Europeu. Não faltarão nomes a partir de agora, alguns para queimar, outros para testar, e outros ainda para pressionar António José Seguro e Pedro Passos Coelho.
Estamos a apenas sete meses das eleições europeias, compreende-se por isso a agitação. Seguro e Passos Coelho não terão seguramente as listas fechadas, mas já terão algumas ideias sobre quem quererão ver a encabeçar as respectivas listas. Porventura até já terão começado a sondar alguns eventuais candidatos a candidatos. Os sinais de fumo que vemos nos jornais são a face visível da crescente agitação subterrânea.

Chega de conversa fiada

António José Seguro tem toda a razão. Chega de conversa fiada. Escutemos, portanto, as alternativas que o PS tem para apresentar.

P.S. -- O silêncio ensurdecedor não se deve a qualquer falha no sistema de som.

Ironias

O soldado disciplinado e leal apela à indisciplina das empresas. Um autêntico revolucionário, não tarda nada.

Devia ser Natal todos os dias

Se hoje fosse 1 de Abril pensaria que era a mentira do dia. Na Venezuela a realidade ultrapassa a ficção. A primeira reacção é um sorriso, porventura até uma certa atitude trocista. Mas depois lê-se a notícia e a realidade vai caindo sobre nós. É muito triste o que está a acontecer aos venezuelanos, aos que votaram em Maduro -- há maduros em todo o lado, pelos vistos -- e aos outros.

Snowden: persona non grata

A Alemanha rejeitou dar asilo político a Edward Snowden. Fez bem. Se o fizesse abriria seguramente uma grave crise nas relações transatlânticas e em particular na relação bilateral entre os EUA e a Alemanha, uma vez que o acto seria sempre lido por Washington como politicamente hostil. É certo que Angela Merkel tem razões de queixa, conhecidas que foram as escutas da NSA. Isto dito, dar asilo político a Snowden nada resolveria, antes pelo contrário.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O regresso de Sócrates?

Elementos próximos do ex-primeiro-ministro não excluem nenhum cenário. Nem a possibilidade de regressar à liderança do PS, refere Luís Claro, no i. Em suma, o que já aqui tinha notado.

Audiência nula?

Quando começaram os monólogos de José Sócrates na RTP1, durante algumas semanas a comunicação social andou entretida a noticiar as audiências da coisa. Como Marcelo Rebelo de Sousa o bateu aos pontos e com distinção, três ou quatro semanas depois essa informação deixou de aparecer no radar. Passados alguns meses desde que começaram os monólogos, além de Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento, quem mais vê a coisa? Ainda há audiência, certo? Pouca, mas alguma ou não?

Aceitam-se candidaturas para comissário europeu

Miguel Poiares Maduro será o favorito de Pedro Passos Coelho para comissário europeu, avança hoje o Diário Económico. Se o Diário Económico o diz, quem sou eu para o contestar. Pessoalmente até iria mais longe. Seria um justo prémio, por relevantes serviços prestados nos últimos meses. Acresce que Poiares Maduro poderia sempre levar consigo a sua tropa, ou a tropa de Rangel, se o leitor preferir, toda para Bruxelas. Pedro Lomba incluído. Não esquecer igualmente Pedro Rodrigues.
Esta suposta promoção, por acaso, até soa a despromoção. Numa altura em que o ministro tem o pilim dos fundos comunitários para distribuir, seria precisamente nesse momento que rumaria para Bruxelas, por opção pessoal ou do primeiro-ministro? Quem quer correr com ele: o próprio, Passos Coelho, ou terceiros?
Por último, mas não em último, o que levaria o primeiro-ministro a lançar Poiares Maduro para Bruxelas, consciente de que tal o obrigaria a uma remodelação em altura imprópria?
Poiares Maduro tem o melhor currículo e o melhor perfil para ocupar o cargo, dizem as fontes escutadas pelo Diário Económico. Se o Diário Económico o diz, quem sou eu para o contestar.

domingo, 3 de novembro de 2013

Um Estado melhor

O guião apresentado por Paulo Portas é uma vergonha. Mais uma. Do princípio ao fim, estamos perante uma coisa preguiçosa e amadora, indigna de merecer a chancela governamental. Porventura, a única utilidade daquela porcaria é o contributo que presta para desmascarar a vacuidade e a indigência política de Paulo Portas.

A sociedade civil e a Praia da Figueirinha [3]

Regressando ao que aqui e aqui escrevi, voltei à minha operação pessoal e individual de voluntariado. Constatei, com satisfação, que não era o único. Ainda bem. Hoje somos poucos, mas amanhã seremos mais.

Allez, allez, Sporting allez [11]

O jogo contra o Marítimo foi muito difícil e a vitória foi tirada a ferros. De facto, ao jogo não faltou emoção e pressão, com o marcador a sofrer diversas alterações. Com o Sporting a perder ao intervalo, confesso que cheguei a temer que na segunda parte do jogo o nervosismo tomasse conta da equipa. Não foi o que aconteceu. Com algum sofrimento pelo meio, a equipa teve a maturidade suficiente para dar a volta ao marcador. Não se pode pedir mais, naturalmente.
Sem qualquer margem para dúvidas, Capel foi o herói do jogo. Adrien e Montero rubricaram também boas exibições. Carrillo esteve uns largos furos abaixo e Dier mostrou alguma insegurança. O Sporting tinha um teste difícil depois da derrota com o Porto e acabou por o ultrapassar, com isso carregando as baterias anímicas. Esta vitória acaba por valer cinco pontos, tendo em conta o deslize do Porto. Ultrapassada mais uma jornada, o Sporting continua o seu surpreendente percurso. Nesta maratona, há ainda muito campeonato pela frente, mas pela primeira vez em muitos anos começa a sonhar-se em Alvalade. Allez, allez, Sporting allez...
Foto: Francisco Leong (AFP via Público).

sábado, 2 de novembro de 2013

Casamento ou reunião político-partidária?

Não têm faltado referências na comunicação social ao casamento de Miguel Relvas. A fazer fé no que li, fico na dúvida se se tratava de uma reunião do conselho de ministros, de um encontro dos órgãos do PSD, ou realmente do seu casamento. A comunicação social, claro, centra as suas descrições nas referências aos convidados que são conhecidos do grande público. Talvez esse facto explique uma certa distorção. Fico, por esse motivo, na ignorância: dos seus antigos adjuntos e assessores quem foi convidado?
Isso, sim, confesso que tinha alguma curiosidade em saber.

Vamos a votos? [4]

Segundo o Sol, a intervenção de ontem de Pedro Passos Coelho na Distrital de Lisboa do PSD para explicar o Orçamento do Estado terá causado algum mal-estar. Afinal, diz o anónimo de serviço, o primeiro-ministro "podia ter começado por outro local, deixando passar a data das eleições em Lisboa".
Nada que não se resolva. Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba poderão sempre fazer uma intervenção de teor semelhante numa sessão organizada por Pedro Rodrigues. Convém, no entanto, no caso de Lomba ter a certeza de que ele não se engana no caminho.

Subscrevo

"A crítica também é uma forma de lealdade". Não poderia estar mais de acordo com Ângelo Correia. Naturalmente, também pode ser um acto de deslealdade. Mas essa é outra conversa. No meu caso, por exemplo, apoiarei Pedro Passos Coelho até ao último dia do seu Governo, mas isso não significa que não tenha uma visão crítica -- e que a manifeste -- sobre muito do que aconteceu e do que seguramente virá a acontecer.

P.S. -- Vale a pena ler a entrevista de Ângelo Correia. Não o acompanho na sua vontade de decretar estado de emergência nacional, mas isso fica para outra altura.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Uma espécie de

"Em 2011 vivemos uma espécie de 1580 financeiro. Em Junho de 2014 podemos viver uma espécie de 1640 financeiro", disse Paulo Portas, referindo-se ao período em que Portugal esteve sob domínio espanhol.
Regra geral, tenho uma certa urticária a comparações, porque quase sempre se acaba, de forma simplista e errada, por comparar o que não é comparável. Esta alusão ao domínio espanhol entre 1580 e 1640 é tão sem sentido e tão estúpida que até faz doer os olhos. É que só de forma muito grosseira e muito deturpada se consegue encontrar semelhanças entre uma coisa e a outra. Mas, enfim, aparentemente existe a percepção de que os políticos estão a falar para pessoas com limitaçãoes cognitivas graves e que, como tal, devem simplificar ao máximo a mensagem.

Regimes autoritários na UE?

"Se não tivermos uma solução europeia, arriscamo-nos a ter novamente ditaduras na Europa", afirmou Álvaro Santos Pereira, acrescentando que o caminho da "austeridade cega" vai exaltar "os extremismos" europeus.
Este é um tema que me interessa particularmente e para o qual a União Europeia (UE) não tem, se tal acontecesse, mecanismos institucionais para fazer face. Isto dito, não creio que a UE corra o risco de ver um dos seus Estados-membros transitar de um regime democrático para um autoritário. Pura e simplesmente, não me parece provável, ainda que teoricamente seja possível. O que já me parece mais provável é a erosão e a degradação da qualidade de alguns regimes democráticos no espaço da UE.
Qual a probabilidade?
Não sei. Pouca, porventura, partindo do pressuposto de que no plano europeu o mais difícil do actual ciclo de austeridade já se encontra ultrapassado, ou em vias de ser ultrapassado.
Esta discussão, entre democracia e prosperidade, nas suas diversas mutações, é muito antiga. Em bom rigor, ultrapassa-a. No fundo estamos a falar do potencial declínio, neste caso da Europa, e do seu impacto na ordem política. Uma longa conversa.