terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2014

Os meus votos, a todos os leitores, de um ano de 2014 tão bom quanto possível. E que o seguinte seja ainda melhor.

BCP: acordo com os sindicatos

O BCP anunciou que chegou a um acordo com os sindicatos. Felizmente para Nuno Amado não está em causa uma empresa pública, se possível na área dos transportes. Arménio Carlos e a CGTP, consequentemente, mantiveram-se ao largo. As coisas são como são...

Zapping blogosférico

[1] Bandeira.

Guiné-Bissau, uma vez mais [2]

João Pinto Bastos acrescenta mais algumas notas ao tema. Ontem, no meio da conversa, esqueci-me de referir porventura aquele que é o argumento central para justificar a opção por uma estratégia multilateralista. É que a Guiné-Bissau -- um Estado claramente controlado pelo narcotráfico -- representa hoje em dia um problema para a comunidade internacional no seu todo e não apenas para Portugal. Dito de outra maneira, por hipótese, Portugal até poderia ter reconhecido o governo oriundo do golpe de Estado que isso não alterava os dados da equação, i.e. a Guiné-Bissau continuaria a constituir um problema para a comunidade internacional e a exigir uma resposta no plano internacional.

O elogio da autocrítica

Henrique Monteiro recorda um tema em que se enganou. A autocrítica, o exercício de olhar para trás e ver no que é que se errou, é algo muito raro no comentário tanto na comunicação social como nos blogues. No entanto, quem anda à chuva molha-se. Qualquer pessoa que procure antecipar o que pode acontecer mais à frente pode errar. Evidentemente, a alternativa segura consiste em estar calado e nada escrever, ou fazê-lo sempre a olhar para o passado e nunca para o futuro.
Mas regressando à autocrítica, influenciado por Henrique Monteiro, ainda que na diagonal, em breve vou revisitar o que escrevi ao longo de 2013. Haverá seguramente erros de análise, expectativas que não se concretizaram, nuns casos estarei mais sozinho, noutros muito bem acompanhado.
Uma coisa é certa. Acertando e errando, cá estarei uma vez mais em 2014.

BANIF: o atraso

A mesma comunicação social que manifesta uma dureza sem igual em relação às falhas dos governos revela uma estrutural candura na apreciação das notícias oriundas das empresas do PSI-20.
Vejamos. O BANIF não foi capaz de concluir o processo de capitalização dentro dos prazos definidos. Não será propriamente um drama, mas a verdade é que falhou o prazo, o que inevitavelmente revela as dificuldades que está a encontrar para concluir com sucesso o plano previamente definido e acordado. Mas a comunicação social, candidamente, refere apenas um atraso, não propriamente um falhanço, ou dificuldades inesperadas. Nada. Houve apenas um atraso. Tipo, fui ali beber um café e reparei que me tinha esquecido de levar umas moedas para pagar. Uma chatice porque no café ninguém tinha troco de 200 milhões de euros. Por isso tive de voltar a casa e acabei por chegar atrasado ao trabalho.
Moral da história?
Se eu fosse primeiro-ministro tudo faria para colocar o governo no PSI-20.

[Adenda]
Mais. Já reparou que raramente há notícias incómodas para as empresas do PSI-20? Já reparou que nunca há fontes anónimas a zurzir nos CEOs ou nas suas estratégias?
Veja-se o que aconteceu recentemente. O episódio que veio a público sobre a contestação à liderança de Ricardo Salgado é uma raridade. Aparentemente, nas empresas do PSI-20 não há lutas de poder. E repare-se igualmente como o assunto BES desapareceu do radar. Nenhum jornal, nenhum jornalista, teve qualquer interesse em mexer muito no assunto. Tanto jornalista, tanta rádio, televisão e jornal e ninguém conseguiu mais uma única notícia sobre a sucessão de Ricardo Salgado?
É obra...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Quotidiano


Decisões para 2014 [3]

Ir mais ao cinema. Ouvir mais música. Ler menos livros. Manter o blogue.

Zapping blogosférico

[1] Pedro Picoito e [2] Pedro Magalhães.

Guiné-Bissau, uma vez mais

Queria aqui fazer algumas observações sobre o texto de Francisco Seixas da Costa tendo como pano de fundo a mais recente crise entre Portugal e a Guiné-Bissau. Concordo que a abordagem diplomática portuguesa deve ter como ponto central uma estratégia multilateral. Porventura, fica no ar a percepção de que tal não tem sido o caminho seguido pelo actual Governo. Nada de mais errado. Esta declaração de Catherine Ashton não surge do nada. Portugal tem procurado sempre envolver, tanto quanto possível, a ONU e a UE na sua estratégia de resposta multilateral aos acontecimentos na Guiné-Bissau. Não é, aliás, uma novidade. Tem sido assim com o actual Governo e foi assim com o anterior, para não recuar mais. Nem sempre com o sucesso desejado, naturalmente, mas não tem sido por falta de vontade, ou desatenção da parte portuguesa em relação à componente multilateral. Neste espaço fiz recentemente referência à declaração do presidente do Conselho de Segurança da ONU. Não foi Portugal que redigiu a declaração, mas digamos que também não lhe passou ao lado o draft inicial.
É verdade que no tríptico multilateral, a CPLP é o pé coxo. Mas não é a ausência de um representante diplomático português que explica a inoperância da CPLP no caso da Guiné-Bissau. O problema é o secretário-executivo, Murade Murargy, por regra claramente hostil às posições portuguesas nas mais diversas questões, e por outro a ausência de um consenso mínimo entre os Estados-membros. Portugal poderia ter -- e deve ter -- um representante diplomático na CPLP que, no essencial, nada mudava. Mas, repito, no essencial a estratégia tem sido sempre de aposta numa envolvente diplomática de natureza multilateral. Não me parece, por isso, que exista um risco real de nos enredarmos num processo bilateral que ajude o infractor. É possível, naturalmente, mas parece-me improvável.
Uma última nota sobre a referência oportuna às agências de comunicação. O blitzkrieg mediático de Fernando Vaz teve o seu dedo, como é óbvio. Não foi por acaso que subitamente TSF, SICN e Expresso -- não sei se houve outras entrevistas -- decidiram conceder-lhe, generosamente, tempo de antena. Como sempre, essa é a antecâmara opaca que permanece na escuridão, ainda que nem sempre passe despercebida. Mas essas são as regras do jogo. É a vida.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [18]

Um grande jogo de futebol, muita emoção apesar do empate a zero. Ainda que se aceite o resultado, a verdade é que o mesmo não transmite o que se passou em campo. O Sporting merecia claramente ter ganho este jogo e não o fez apenas porque o guarda-redes do FC Porto fez uma enorme exibição.
Parabéns a todos os jogadores do Sporting pelo excelente jogo. Allez, allez, Sporting allez...!
Foto: Gustavo Bom (Global Imagens via DN).

É como brincar aos pobrezinhos

Lembra-se disto, caro leitor? Na altura esta frase deu que falar e não faltaram manifestações de grande indignação. O tempo, como sempre, encarregou-se de enterrar a polémica na secção do arquivo morto.
Curiosamente, esta prosa de Nicolau Santos -- sempre ele -- tem sido injustamente ignorada. Se o seu apelido fosse Espírito Santo tinha atenção garantida, mas como é o Santos da Impresa pode dizer o que quiser que já ninguém liga. E, no entanto, o conteúdo não anda muito longe da frase (mais directa e expontânea) de Cristina Espírito Santo.
Nicolau foi de férias, pelo que se percebe. Esteve num autêntico paraíso. Não havia stress. Não havia bancos. Não havia luz eléctrica pública. Não havia estradas alcatroadas. Não havia engarrafamentos, uma vez que quase que não havia carros. A malta, em geral, ganhava apenas o salário mínimo -- metade do nosso, vejam lá os mãos largas. Em suma, a rapaziada vivia com pouco e aparentemente sem grandes luxos. Pobrezinhos, no fundo. Um encanto. Ao fim de dez longos dias de brincadeira, uma vida de observação como se percebe, Nicolau conclui que "não [lh]e pareceu que os habitantes do local fossem mais infelizes do que nós". O leitor repare bem: o mesmo Nicolau que se farta de zurzir o Governo por nos estar a tornar todos mais pobres faz neste artigo a apologia de "outras maneiras de viver", no fundo com cheta e meia. Infelizmente, os dez dias não deram para brincar em todos os escorregas do paraíso e ficou por dizer uma palavra sobre o sistema de saúde, o ensino, ou a segurança social, mas estou certo que serão também um espectáculo. Como se sabe, os pobres fazem milagres com o salário mínimo.

Algumas considerações filosóficas sobre enchidos

Todos gostamos de comer enchidos, mas ninguém está muito interessado em saber como são feitos. Esta observação profunda, digna de Kant ou Platão, vem a propósito das previsões da Economist Intelligence Unit (EIU). A marca Economist dá -- dá mesmo? -- alguma credibilidade às previsões, pelo que poucos querem saber como se chegou a tais resultados. Quem é que fez parte da equipa que chegou a estas previsões. Que variáveis foram tidas em conta para se chegar a estes resultados. Ninguém está muito interessado em saber como são feitos os enchidos, na verdade. Tudo isto, no fundo, não passa de infotainment. Alguém se lembra quais eram as previsões da EIU para Portugal em 2013?
Pois...

Zapping blogosférico

[1] Francisco Seixas da Costa.

Guiné-Bissau: Fernando Vaz [3]

Cada tiro, cada melro. "Estamos a combater o narcotráfico de forma eficaz", diz o artista Fernando Vaz na entrevista referida. O jornalista Hugo Franco esquece-se de lhe perguntar pelos resultados desse combate. Quem foi preso, que cargas foram apreendidas, enfim, detalhes desse combate eficaz.
Esquece-se igualmente de lhe perguntar se nesse combate eficaz se inclui a manutenção de um CEMGFA, António Indjai, acusado por um procurador dos EUA de tráfico de drogas e armas. Ou se se referia à detenção pelos EUA de Bubo Na Tchuto.
Um artista este Fernando Vaz...

Guiné-Bissau: Fernando Vaz [2]

Como já escrevi anteriormente, Fernando Vaz é um artista. Um artista que brinca com os jornalistas portugueses. Utiliza-os e ainda se fica a rir da sua ignorância. Alguns exemplos?
Na sua entrevista publicada na edição do Expresso desta semana, Fernando Vaz destaca as supostas dívidas da TAP, uma vez que a companhia aérea portuguesa não paga os impostos devidos à Guiné-Bissau, mas sobre as dívidas da Guiné-Bissau à TAP nem uma palavra. Uma omissão conveniente que o jornalista deixou passar.
De seguida refere que não há um acordo para evitar a dupla tributação entre a Guiné-Bissau e Portugal. Mais uma, digamos, sejamos simpáticos, imprecisão involuntária. Não só o acordo foi assinado em 2008, como já está em vigor desde 2012. O jornalista, uma vez mais, ficou a apanhar bonés.
Quanto às supostas fragilidades do check in online dispenso-me de fazer comentários. É tão ridículo que nem vale a pena perder tempo com isso.
Repito: Fernando Vaz é um artista. Como os jornalistas portugueses não conhecem os assuntos, ele faz afirmações que não correspondem à verdade sem qualquer tipo de contraditório. No fundo, o jornalista Hugo Franco serviu apenas para segurar o gravador enquanto Fernando Vaz disse o que quis, como quis e quando quis, sem grandes preocupações de, digamos, rigor. Foi ele quem fez a entrevista a Fernando Vaz como poderia ter sido o Rato Mickey. Hugo Franco entrevistou Fernando Vaz como poderia ter entrevistado Tony Carreira. Mas isso, na verdade, pouco lhe interessa.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Quotidiano


Pão e circo

Era interessante fazer o mesmo exercício com as direcções das televisões, rádios e jornais. Qual seria a nota, por exemplo, de Nicolau Santos, João Marcelino, Bárbara Reis, ou de Paulo Baldaia?
Os políticos, pelo menos, prestam contas através de eleições regulares, livres e justas. É, em última instância, quem vota que decide a continuidade deste ou de outro governo. No caso da comunicação social, apesar da sua enorme relevância na nossa vida colectiva, os mecanismos de accountability são totalmente opacos. Há direcções de televisões, rádios e jornais que, independentemente dos resultados (audiências, vendas, credibilidade/influência, etc.), se mantêm sem que se perceba o motivo de tanta fidelidade da parte dos accionistas.
Naturalmente, há casos de excelentes profissionais e com resultados para apresentar. Pedro Santos Guerreiro, por exemplo. Há outros, claro, mas o panorama está longe de ser animador.
No entanto, esta tropa todos os dias larga postas de pescada como se fossem uma espécie de deuses, sempre a olhar de cima para baixo, como se fossem moral e intelectualmente superiores aos restantes membros da sua comunidade e em particular em relação aos políticos. Haja pachorra.
P.S. -- Há casos que nem sei se ria, se chore...

Decisões para 2014 [2]

Manter o espírito crítico -- e aqui posso seguramente ser muito mais crítico do que tenho sido até agora -- em relação ao Governo. Será, de qualquer modo, o 'meu' Governo até ao último dia.

Zapping blogosférico

[1] Luís Naves e [2] Tavares Moreira.

Decisões para 2014 [1]

Manter o espírito crítico -- mais crítico ainda, se possível -- relativamente à comunicação social portuguesa. Não esquecer, em circunstância alguma, a falta de credibilidade de muitos destes personagens.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Guiné-Bissau: a espinha atravessada na garganta

O governo de facto oriundo do golpe de Estado de 2012 nunca escondeu a enorme irritação que lhe causou o facto de Portugal não lhe ter reconhecido legitimidade política. O trauliteiro Fernando Vaz é o ponta de lança que dá corpo a essa enorme irritação. O governo oriundo do golpe militar sabe bem o quão importante é o papel de Portugal. Por isso a posição do Governo português tem sido uma espécie de espinha atravessada na garganta.
Neste jogo, em que a paciência conta muito, o desgaste não é homogéneo e equitativamente distribuído. Portugal pode conviver tranquilamente com o arrastar da situação, o que não é o caso do governo de facto de Bissau. À medida que se vai esgotando a paciência da CEDEAO -- o último presidential statement do presidente do Conselho de Segurança da ONU dá algumas pistas nesse sentido -- o governo oriundo do golpe vai perdendo espaço de manobra, ficando cada vez mais isolado e dependente dos poucos apoios que lhe restam.
As eleições, entretanto, poderão voltar a deslizar no calendário. A confirmar-se, a reacção da comunidade internacional será inevitável. Este governo de facto está num beco com uma saída muito estreita. O primeiro-ministro de Bissau sabe isso, Fernando Vaz também, só alguns idiotas úteis portugueses é que parecem não ter ainda percebido o que para os golpistas foi claro desde a primeira hora.

Zapping blogosférico

[1] Jorge Heitor e [2] Pedro Cruz.

Não sendo proibido noticiar...

...alguém que desvalorize de imediato, se faz favor.

Quotidiano


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Guiné-Bissau: Fernando Vaz

Fernando Vaz é um artista... Desde o golpe de Estado de Abril de 2012 que tem sido o mais feroz crítico das posições assumidas pelo Governo português, por vezes até num estilo grosseiro. "A TAP tem também culpas neste processo", insiste. Evidentemente. Perante a ameaça proferida por um ministro -- repito, um ministro -- de que o avião ficaria retido em Bissau, a resposta razoável, está mesmo a ver-se, era aceitar a retenção do aparelho no local, com o transtorno que isso causaria à empresa e aos passageiros. Isto cabe na cabeça de alguém?
Um "incidente comercial", diz ele. Pois claro. Um incidente comercial com o envolvimento directo, nessa qualidade, de um ministro. Como é que alguém poderia pensar, ou caracterizar, o assunto como um incidente diplomático, ainda que um ministro tenha exigido o embarque?
Um artista, este Fernando Vaz...

Quotidiano


Zapping blogosférico

[1] Vítor Cunha e [2] Filipe Nunes Vicente.

Universo paralelo

Conto de Natal do primeiro-ministro. Presidente que agiu mal. O PS é o único soldado a marchar com o passo certo.

Um pessimismo militante

Há sempre uma razão para desvalorizar as boas notícias. Por um lado foi a forma como se conseguiu aqui chegar, por outro o que ainda falta fazer. Tudo serve para desvalorizar as boas notícias. É óbvio que as boas notícias devem ser recebidas com cautela e com moderação, mas teria sido preferível não as receber?

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Guiné-Bissau: de mal a pior

Está canalha acha que somos todos parvos. Este relatório, como era de temer, é uma farsa. Não há um pedido de desculpas, para começar. Depois, tenta co-responsabilizar a TAP. Por último, o ministro, coitadinho, apenas fez o que fez por "motivos de segurança interna" que não se sabe quais são. Mas fica por esclarecer, se se tratava de um problema de segurança interna para a Guiné-Bissau, ao abrigo de que tipo de relação entre Estados amigos é que Bissau passa a bola para Lisboa. No fundo, no fundo, o ministro até foi um patriota e a culpa foi toda da TAP. Esta canalha não presta.

Quotidiano


Como diria Albarran...

...é o horror, o drama, a emoção. Se não lavar os dentes de imediato, caro leitor, o mundo acaba nos próximos 30 segundos.

Zapping blogosférico

[1] Diogo Vaz Pinto e [2] João Pinto Bastos.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Zapping blogosférico

[1] Vital Moreira e [2] Gabriel Silva.

Allez, allez, Sporting allez [17]

Não gosto de falar das arbitragens, em larga medida porque não gosto de explicar os resultados menos conseguidos com base na arbitragem. Desta vez, porém, explicar o empate frente ao Nacional dizendo que a equipa do Sporting fez uma exibição menos conseguida seria uma descrição insuficiente e errada do que se passou em Alvalade. Aquilo que se passou é que assisti a um jogo com uma arbitragem miserável que do princípio ao fim prejudicou a equipa do Sporting. Um nojo. Certo, a exibição da equipa do Sporting não foi uma das melhores. Mas desta vez, ao contrário de jogos anteriores, jogou-se uma partida inteira contra 11+3. Uma arbitragem habilidosa e manhosa, com evidente dualidade de critérios. Repito, um nojo.
Confirma-se, portanto, que a nossa equipa é uma ameaça que está a ser levada muito a sério. Vimos dois pontos irem para o maneta, mas o grupo sai deste jogo mais forte. A partir deste jogo sabemos que vale tudo e que teremos de lutar contra ventos e marés. Nada que não se resolva com redobrada determinação. Mais do que nunca, os sportinguistas estão com a sua equipa. Allez, allez, Sporting allez.
Foto: Álvaro Isidoro (Global Imagens via DN).

sábado, 21 de dezembro de 2013

Os criaditos

No seu artigo de hoje no Público, José Pacheco Pereira nem tenta disfarçar a sua profunda irritação com António José Seguro. A situação não deixa de ser caricata. Temos, então, um militante do PSD que está profundamente insatisfeito com a oposição -- branda, na sua opinião -- do PS ao Governo do seu partido. A linguagem de Pacheco Pereira neste artigo ultrapassa, aliás, a normal cordialidade que deve existir no combate político. Quase histérico, provavelmente próximo de lhe faltar o ar, o traído Pacheco Pereira -- ele que depositava tanta esperança num registo radical da parte do PS -- entende que "Seguro e os seus criaditos diligentes estão ali para servirem as refeições aos que mandam". Espantoso. BE e PCP correm o risco de ser ultrapassados pela esquerda, por surpreendente que possa parecer. No fundo, no mundinho particular de Pacheco Pereira, os políticos são todos uma merda aproveitando-se apenas os happy few da sua facção (e respectivos criaditos). Só ele sabe o que é a Verdade -- com V maiúsculo -- e qual é o lado Certo. Bem sei, a intolerância e o radicalismo nunca foram um espectáculo bonito de se ver.

O problema orçamental

Justiça lhe seja feita. Se há alguém que, de forma repetida e insistente, tem chamado a atenção para a importância do equilíbrio orçamental, em parte devido à evolução da conjuntura europeia, essa pessoa tem sido Luís Amado. Assunto, aliás, que lhe valeu alguns choques políticos com José Sócrates quando ainda era o seu ministro dos Negócios Estrangeiros.
No artigo desta semana publicado na Visão, Luís Amado uma vez mais assume uma posição de alguma distância em relação ao PS nesta questão. Quem ainda não percebeu exactamente do que estamos a falar e das suas implicações -- já agora, estas afirmações de Subir Lall não surgem por mero acaso -- aconselha-se que leia o seu artigo na íntegra.

O problema

De forma mais sucinta e menos elaborada, escrevi aqui no mesmo sentido. De certa forma, Rui Rio é um mito que beneficiou ao longo dos últimos anos de uma certa imunidade, em parte porque ninguém lhe prestou muita atenção fora do seu contexto regional. O escrutínio será diferente a partir de agora. Veremos se o mito resiste, ou se se desmorona.


Zapping blogosférico

[1] João Pinto Bastos, [2] Pedro Rolo Duarte e [3] Pedro Correia.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Não é um drama

Claro que não. Como aqui referi.

Corram-nos à paulada

Se as eleições fossem hoje, apesar das minhas inúmeras e constantes críticas ao Governo, (ainda) faria parte dos 26.5% que votariam no PSD. Não sou um soldado disciplinado, como Pires de Lima, mas sou um soldado fiel, apesar das inúmeras decepções e frustrações que aqui e ali se vão acumulando.

Certo, mas...

Utilizando como ponto de partida as observações de Luís Naves, gostaria de aqui deixar duas ou três observações. Estou, aliás, a repetir-me. Se a votação foi unânime, tal significa que não houve uma fractura ideológica, ou qualquer tipo de alinhamento partidário da parte dos juízes do Tribunal Constitucional. Este facto pode e deve ser referido porque me parece ser relevante. Tal, por sua vez, leva-me a duas notas complementares. A primeira é que há mesmo um problema constitucional na lei que foi submetida a apreciação. Não vale a pena tentar esconder o sol com uma peneira. Caramba, a votação foi unânime, por Toutátis! A segunda tem que ver com o descuido, por assim dizer, com que PSD e CDS escolheram os juízes que indicaram para o TC. Nenhum dos dois partidos tratou de saber qual era a sensibilidade dos juízes que iriam escolher em relação a um conjunto de princípios e de medidas que era necessário aprovar mais à frente. Não vale a pena, portanto, acusar o Tribunal Constitucional de responsabilidades que ele não tem. Tal como não vale a pena encará-lo como um obstáculo, como nota Ferreira de Almeida. A responsabilidade, a montante e a jusante, é única e exclusivamente do Governo.
A interpretação dos juízes do TC é conservadora?
Talvez seja, mas é conservadora por unanimidade, em relação a um conjunto de medidas que politicamente não recolhe, neste momento, um apoio unânime. Na política há sempre soluções. Haverá seguramente uma alternativa à medida chumbada pelo TC, ainda que, porventura, seja menos justa ou menos eficiente. Será, em contrapartida, do ponto de vista institucional, a medida possível e por isso democraticamente legítima. E isso é o que interessa.

Zapping blogosférico

[1] Pedro Correia, [2] Francisco Seixas da Costa e [3] João Miguel Tavares.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Quando os números também falam por si próprios

Unânime e apenas duas declarações de voto. Nada a acrescentar, portanto.

Remodelação permanente

Não me recordo de outro Governo em que as remodelações fossem em regime contínuo. Poderá ter existido, mas não me lembro de algo parecido. Naturalmente, nada impede o Primeiro-Ministro de remodelar quando entende ser o momento adequado. Se quisesse, Pedro Passos Coelho poderia remodelar um ministro ou secretário de Estado a cada 15 dias, ou todos os meses. Esta é uma matéria da sua exclusiva competência, aliás de acordo com a Constituição. Isto dito, no plano político, este entra e sai revela uma inexplicável falta de planeamento e de gestão da sua equipa governamental. Se assim não é, na verdade parece.
Acresce que nem as circunstâncias verdadeiramente excepcionais dos últimos dois anos e o desgaste que implicou explicam esta remodelação permanente. Estas remodelações aos pingos são puro improviso, sem qualquer tipo de controlo de calendário ou de estratégia política. Um fenómeno negativo, por consequência.

IRC

Afinal, PS e Governo conseguem entender-se e chegar a acordo. Quando existe vontade política, naturalmente.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Propostas politicamente correctas?

Com o intuito de reforçar a sua legitimidade democrática, Paulo Rangel defende a eleição directa do presidente da Comissão Europeia. Na prática, se não existirem mecanismos de correcção (e Rangel não parece ter abordado o assunto), o resultado final poderá ser exactamente o contrário, i.e. uma Comissão ainda menos representativa e menos legítima. Dito ainda de outra maneira, à luz de lindos princípios, Rangel está a condenar sem querer os pequenos Estados a um papel ainda mais subalterno no âmbito dos equilíbrios europeus. Esta insistência numa Europa dos cidadãos no âmbito de uma Europa de Estados é pura engenharia voluntarista. Rangel necessita de ler, ou reler, Edmund Burke...

Evidência zoológica

Certeiro.

Pequenos raios de luz [10]

Outro.

As múltiplas faces da soberania

Paulo Portas entende que estamos sob regime de protectorado. Guilherme d'Oliveira Martins argumenta, em sentido contrário, que mantivemos a soberania plena. Um e outro abordam o conceito de soberania a partir de uma agenda política, necessariamente simplista. Porém, como explicou Stephen Krasner, há múltiplas soberanias na soberania. É por isso que esta discussão, ou dicotomia, entre o protectorado e o Estado plenamente soberano tem pouco sentido e pouco rigor. No fundo tem um interesse diminuto. Pode ser um bom tópico de conversa, ou de escrita, mas não nos resolve um único problema.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Portugal e a República Centro-Africana

Era importante que não se voltasse a repetir os erros cometidos em relação ao Mali. Portugal tem de estar presente na intervenção militar em curso na República Centro-Africana (RCA). Alemanha, Bélgica, Espanha, Polónia e Reino Unido já se comprometeram a prestar auxílio à intervenção militar francesa na RCA que, recorde-se, tem cobertura legal das Nações Unidas.
Há mil e uma razões para Portugal ter uma presença mínima na operação militar liderada pela França, agora ou mais à frente, mas desde já anunciada publicamente. De forma breve e sem grande desenvolvimento: [1] Uma das cartas fortes da nossa diplomacia tem sido o facto de nós sermos um security provider. Que saiba, nada mudou, apesar das nossas dificuldades financeiras. [2] Por uma questão de solidariedade europeia com um parceiro histórico de Portugal. [3] A França fica-nos a dever um 'favor' que posteriormente poderá ser relembrado noutros palcos, como é o caso da Guiné-Bissau. [4] Onde estão os espanhóis nós também temos de estar. [5] Países europeus da nossa dimensão, como é o caso da Bélgica, vão marcar presença. [6] A política externa portuguesa, na sua vertente subsaariana, não se pode circunscrever quase em exclusivo aos países de língua portuguesa. [7] O que se passa na RCA é importante para a UE, mas também para os nossos parceiros da CPLP. Se é importante para eles inevitavelmente também tem de ser para nós.
Tudo somado, custa-me a aceitar que Portugal não possa ter uma forma qualquer de participação. Nem falo de boots on the ground. No mínimo, um C-130, por Toutátis!

Que atire a primeira pedra...

Quem não googlou...

3D 2.0

Há situações de uma ironia involuntária que se fosse propositado ninguém se teria lembrado. A poucos meses de se celebrar os 40 anos do 25 de Abril, um conjunto de pessoas de Esquerda lembra-se de lançar um "Manifesto 3D". A Esquerda, que esteve no poder durante largos períodos dos últimos 40 anos, ainda tem como bandeiras políticas a democracia e o desenvolvimento. Bem sei que esta Esquerda do Manifesto não é exactamente aquela que esteve no poder, mas ainda assim o leitor quer maior admissão de fracasso do que esta?
Para o salto no tempo ser perfeito, como se os últimos 40 anos não tivessem existido, só faltava o Manifesto 3D advogar a descolonização. Bem, Paulo Portas diz que estamos sob protectorado e até tem um relógio em contagem decrescente, sendo que desta vez os descolonizados seremos nós...
Enfim, siga, descontado o buzz mediático de curta duração, nada disto terá qualquer relevância.

Como a nossa classe política ocupa os dias

Mario Draghi faz uma intervenção sobre a situação portuguesa. António José Seguro aproveita para entrar no campo da intrigalhada política, não tendo aliás qualquer problema em arrastar o Presidente para este caldo de trica. A reboque, o PSD acaba por entrar no jogo.
Passamos os dias nisto. Espuma e mais espuma. Canelada e mais canelada por debaixo da mesa. Nada disto resolve os nossos problemas, ou contribui para um debate sério e esclarecedor. Azar o nosso.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sempre ao lado

Pouco me interessa se o cargo foi criado ou não à medida. O PS, como sempre, atira ao lado e Miguel Macedo agradece. O que me parece extraordinário é que alguém que pediu a sua demissão de director da PSP, numa história que conhecemos mal, tenha tido o aval político do ministro para preencher aquela vaga. Este episódio, a somar ao anterior em que o novo director manteve a equipa do seu antecessor, revelam uma história que parece muito mal contada.
Miguel Macedo, para mim, tal como Nuno Crato, passou à história como ministro.

Spin

Havia que destacar uma vitória. A resistência foi heróica e os resultados estão à vista. O Governo conseguiu fazer frente, com sucesso, às intenções da troika. Good cop, bad cop...

O relógio em contagem...

...decrescente para a saída da troika é ridículo e típico do populismo de Paulo Portas. Os bicéfalos devem estar roídos de inveja por não se terem lembrado desta. Afinal, os extremos tocam-se não é verdade?

domingo, 15 de dezembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [16]

A equipa do Sporting mostrou frente ao Belenenses, com uma vitória indiscutível por três golos sem resposta, que a pressão de que se falou ao longo da semana não é um problema. Destaque-se igualmente o facto deste ter sido mais um jogo sem sofrer golos e mais uma partida com uma vitória clara. Perante um estádio cheio e em total sintonia com a equipa, André Martins foi claramente a figura do jogo, numa partida colectivamente bem conseguida e em que Rui Patrício quase que não foi chamado a intervir. Não há muito mais para dizer. O Sporting respira confiança nesta fase. Tudo parece correr bem e jogos potencialmente difíceis acabam por ser resolvidos com alguma facilidade. Sorte? Talvez, mas a sorte conquista-se e é fruto de muito trabalho. Matenha-se, portanto, o rumo que tão bons resultados está a produzir. Allez, allez, Sporting allez.
[Publicado também aqui. Ver igualmente os apontamentos de Pedro Correia.]
Foto: Pedro Rocha (Global Imagens via DN).

sábado, 14 de dezembro de 2013

A ser verdade...

...mais um ministro que para mim deixou de existir. A ser verdade, repito, porque custa a acreditar que Miguel Macedo seja tão pouco sensato. Mas já não digo nada.

Na mouche

Bem resumido por Luís Naves.

O balão de ensaio

Carvalho da Silva, segundo o Público, vai lançar um movimento a pensar nas eleições europeias. Posso estar enganado, mas a coisa tem todo o ar de ser um balão de ensaio tendo como pano de fundo a sua eventual candidatura presidencial.
Carvalho da Silva pretende testar as águas. Ele sabe que sem federar a Esquerda não tem qualquer hipótese e este movimento é um primeiro exercício nesse sentido.
Como é que ele pretende vir a ser o candidato apoiado pelo PS é outra conversa. Uma autêntica quadratura do círculo.

Fantochadas

"Não voto" porque "isto é tudo uma fantochada", diz Joe Berardo. Certo. Nunca esquecer que ele prefere fantochadas de outro tipo. Santa paciência.

Guiné-Bissau: a surpresa, surpreendente [3]

A tripulação do voo da TAP entre Bissau e Lisboa foi coagida por "um membro superior das autoridades de transição guineenses", revelou ontem em comunicado Catherine Ashton.
Quem é esse membro superior que a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança optou por não identificar?
Já respondo. Antes disso importa relembrar que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Fernando Delfim da Silva, quando se demitiu, apontou o dedo a "gente ligada à imigração e segurança".
Por sua vez, o presidente da TAP confirmou que houve pressão política. "Vieram ordens superiores para embarcar se não o avião ficaria retido", explicou Fernando Pinto.
Quem é, então, esse membro das autoridades de transição -- i.e. do Governo guineense -- que coagiu funcionários da TAP em Bissau?
Nada mais nada menos do que o ministro do Interior -- e militar na reserva (os militares, sempre...) -- António Suca Ntchama. Aliás, como a imprensa portuguesa pode confirmar facilmente, se quiser. Foi o ministro do Interior quem exigiu/impôs a elementos da TAP em Bissau o embarque do grupo de cidadãos sírios com documentação falsa.
Quanto à Comissão de Inquérito guineense, os factos são muito fáceis de confirmar. Em breve veremos se a finalidade desta Comissão consiste mesmo em apurar os factos, ou se, pelo contrário, a sua intenção é outra.

[Adenda, 00:57]
O Público refere igualmente António Suca Ntchama como a fonte da pressão política. O Expresso refere que este foi o quarto grupo de cidadãos sírios a tentar apanhar um voo da TAP em Bissau.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Moçambique: candidatos na pole position

Um destes três será o futuro Presidente de Moçambique. Naturalmente, o assunto interessa-nos por várias razões. Não sei qual dos três tem mais possibilidades de vir a ser escolhido pela FRELIMO para ser o candidato oficial, mas se tivesse de apostar às cegas apontaria o nome de Alberto Vaquina ou de Filipe Nyusi como os mais prováveis.
É um segredo público que a relação entre Pedro Passos Coelho e Armando Guebuza é fria e distante. Não é por acaso que a cimeira bilateral entre Portugal e Moçambique tem vindo a ser adiada. A eleição de um novo Presidente moçambicano representa, deste modo, uma oportunidade para fazer uma espécie de reset na relação bilateral que permita impulsionar um novo ciclo. Veremos.

Guiné-Bissau: a surpresa, surpreendente [2]

Delfim da Silva cansou-se. O seu gesto, assumindo que será irrevogável -- maldita palavra... -- é em todo o caso inútil. Tudo continuará na mesma, com um leque de idiotas úteis oriundos dos partidos movidos pela sua ambição e que com isso legitimaram e continuam a legitimar o papel profundamente desestabilizador dos militares, a verdadeira essência do problema na Guiné-Bissau. Mas, repito, houve aqui uma novidade. A juntar ao tráfico de droga temos agora o tráfico de refugiados. Um caso pontual ou uma nova linha de negócio?
Julgo que terá sido um caso que dificilmente se repetirá, mas importa identificar, se possível, quem é que na Guiné-Bissau esteve metido nesta operação.

Em destaque [40]

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um dos melhores elementos

Não é a primeira vez, nem será a última, que tenho vontade de elogiar publicamente Francisco Assis. Ele é, de facto, um dos melhores elementos do PS. Não sei se seria um bom secretário-geral ou um bom primeiro-ministro, mas é sem dúvida alguém com uma preparação sólida e um bom senso que muitas vezes escasseia na política portuguesa. Assis não é um daqueles mitos sobre os quais há elevadas expectativas muito simplesmente porque não abrem a boca e quando o fazem de imediato desfazem todas as dúvidas. Pelo contrário. Ele tem tido uma presença no espaço público regular ao longo das últimas décadas. Não se pode dizer que não se saiba o que pensa sobre diversos assuntos ou que não tenha assumido por diversas vezes posições corajosas e incómodas até para alguns dos seus camaradas de partido.
Naturalmente, se um dia fosse secretário-geral do PS ou primeiro-ministro o estado de graça terminava de imediato. Mas isso não o impede de estar, do ponto de vista da sua preparação pessoal, ou da consistência intelectual, no clube restrito dos melhores do seu partido.

Guiné-Bissau: a surpresa, surpreendente

As Forças Armadas, pura e simplesmente, não respondem perante o Executivo. Elas mandam no Executivo. Elas estão no Executivo. O relatório, consequentemente, será uma ficção inconsequente. Alguém acredita que haverá exonerações ou processos disciplinares, eventualmente judiciais, na sequência do que sucedeu?
Estamos a falar, convém recordar, de um Governo que emergiu na sequência de um golpe de Estado em 2012. O enésimo. Um Governo interino que se arrasta no tempo, sem autoridade ou legitimidade, e totalmente controlado pelos autores do golpe militar.
As notícias sobre o aumento do tráfico de droga a partir de 2012 e sobre a utilização da Guiné-Bissau como placa giratória são recorrentes. A novidade, agora, é a sua utilização pelas redes que lucram com o tráfico de refugiados, porque tudo neste caso aponta para isso. Se houvesse vontade da parte das autoridades de Bissau seria muito fácil perceber quem está metido nisso e quem lucrou com este episódio, mas tenho a certeza que o 'surpreso' Olívio Pereira não quer meter as mãos nesse vespeiro.

Em destaque [39]

O brilho das cidades. A rota do azulejo (Fundação Calouste Gulbenkian).

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O problema

Se Rui Rio tem ambições políticas vai ter de se comprometer. Não basta admitir possibilidades. É preciso apresentar um pensamento minimamente estruturado e revelar alguma reflexão. Não se lhe exige que o faça da noite para o dia, mas mais tarde ou mais cedo vai ter de o fazer. Portugal não é o Porto. O grau de exigência é um bocadinho diferente e o escrutínio assume outra dimensão. Rui Rio está preparado para essa dura batalha?
Se não tiver talvez seja melhor repensar no que se está a meter.

Certo

Mas qual é a solução? É impressão minha ou ela terá sempre de ter o aval da União Europeia? No fundo, não é essa a estratégia deste Governo? Primeiro reconquistar alguma credibilidade para depois utilizar esse crédito no plano europeu, nomeadamente junto da Alemanha?

Nada a dizer

É um critério, provavelmente o mais razoável. Excessivamente minimalista na minha opinião, mas que aceito como equilibrado.

Uma possibilidade

Não se compromete, nem o entusiasma, portanto. Redondo e sem arestas, como manda a regra.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Santa paciência

Do Presidente da República ao Banco de Portugal, todos estão contra o PS. Apenas escapa o Tribunal Constitucional. Por agora...

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

É isso mesmo

Cautela e realismo.

Coitado de José...

...Pacheco Pereira. Caro Rui Rio, isso não se faz.

Trial test [2]

Estou ainda a digerir as notícias de que Paulo Rangel poderá vir a ser o candidato de Pedro Passos Coelho nas eleições europeias. A confirmar-se é a minha linha vermelha e, muito provavelmente, para mim pelo menos, o fim de um ciclo.

Falta de assunto et al.

Exceptuando sobre o Sporting, ando com pouca vontade de escrever. Há assuntos que não me interessam, outros há, como é o caso de Nelson Mandela, em que tudo já foi dito e repetido, e alguns sobre os quais pura e simplesmente não me apetece opinar. Uma tragédia, bem sei.

Pequenos raios de luz [9]

Mais um.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [15]

A equipa leonina teve o mérito de tornar um jogo difícil numa partida que, se se olhar apenas para o resultado, até pode parecer ter sido fácil. Não foi. Independentemente disso, no final o que interessa são os pontos e com estes três pontos adicionais, com esta vitória frente ao Gil Vicente, o Sporting isolou-se no primeiro lugar da classificação, com mais dois pontos do que o Benfica e o FC Porto, algo que não acontecia há quase nove anos.
Uma vez mais Fredy Montero foi o marcador de serviço, com dois golos típicos de um goleador nato, altamente eficaz e oportuno, com isso repondo a distância de Jackson Martinez, na disputa particular entre os dois para a lista dos melhores marcadores do campeonato nacional.
Mais um jogo soberbo de William Carvalho. Começa a ser repetitivo, mas a realidade é essa. William Carvalho é uma peça absolutamente crucial no dispositivo táctico de Leonardo Jardim. Bom jogo também de André Martins, Cédric, Capel e Jefferson.
Saliente-se também que de novo a equipa não sofreu golos, cabendo aqui o mérito, como não poderia deixar de ser, à defesa e a Rui Patrício.
O Sporting, de facto, não parece sentir a pressão de ser primeiro, como afirmava Bruno de Carvalho. Ainda bem. O que todos queremos -- a estrutura dirigente, a equipa técnica e os jogadores, os sócios e os adeptos -- é isso mesmo. Indiscutivelmente, a equipa atravessa um bom momento, com os níveis de confiança que apenas os bons resultados permitem alcançar. Continuemos, portanto. Allez, allez, Sporting allez...
[Publicado também aqui.]
Foto: Fábio Poço (Global Imagens via DN).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Novo ciclo no IEFP

A confirmar-se, apenas vale a pena dizer que Jorge Gaspar é uma excelente escolha.

Sobre o novo ciclo na FLAD

"Vasco Rato tem todas as condições para fazer um bom trabalho na FLAD. É um académico, tem trabalho feito e publicado na área das relações internacionais e tem uma sensibilidade para as relações com os Estados Unidos que certamente será muito importante na condução dos destinos da FLAD."
Em poucas linhas, Maria de Lurdes Rodrigues tirou o tapete a dois ou três artistas. Se alguém contava com ela para ser menos elegante com o seu sucessor, pois bem, aqui está a resposta. Embrulhem.

A hipocrisia do costume do BE e do PCP

Confesso que nem sei o que é mais ridículo: [1] estar a lembrar para efeitos políticos um facto ocorrido há 25 anos; [2] por ignorância ou por má-fé contar a história de forma parcial e necessariamente distorcida; ou [3] tudo isto ser colocado na agenda política, para não ir mais longe, por um partido -- como é o caso do PCP -- que nunca foi capaz de criticar a conduta da União Soviética na Hungria em 1956 ou na Checoslováquia em 1968. Um partido que viu a queda do Muro de Berlim em 1989 como uma catástrofe e que é incapaz de dizer uma palavra sobre a Coreia do Norte ou sobre Cuba tem a suprema lata de se colocar num pedestal moral?
Esta gente não tem vergonha nenhuma na cara?

Trial test

Gosto de responder a questionários e a testes. Nessa perspectiva, aqui vai: segundo vejo na capa do Sol, Pedro Passos Coelho prepara-se para manter Paulo Rangel na lista de candidatos do PSD ao Parlamento Europeu. A ser verdade, julgo que faz muito bem. Estou dispensado, portanto, de votar no PSD nas próximas eleições europeias.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Guiné Equatorial e CPLP: de membro associado à adesão plena?

Esta semana decorreu uma conferência na Universidade Lusíada sobre o processo de adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na qual participou, entre outros, o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (SENEC), Luís Campos Ferreira. Devo dizer que gostei muito de ouvir. Por uma razão muito simples. Nestas ocasiões muitas vezes quem tem funções institucionais opta por falar sem dizer nada, com intervenções muito redondas e ocas de conteúdo. Não foi o caso de Luís Campos Ferreira que não poderia ter sido mais directo, com uma mensagem clara e estruturada, ainda que, naturalmente, preservando um espaço de incerteza que lhe dá a si e a Portugal margem de manobra diplomática.
Perante o embaixador da Guiné Equatorial em Portugal, José Chubum, o SENEC colocou a questão no devido lugar, digamos que para memória futura. Luís Campos Ferreira foi muito claro, aliás sabendo que as suas palavras não deixarão de ter eco nas diversas capitais dos Estados-membros da CPLP: a Guiné Equatorial tem "um caminho a percorrer, quer na promoção e uso efectivo da língua portuguesa, quer em matéria de direitos humanos, designadamente a adopção de uma moratória sobre a pena de morte". Trocado por miúdos, a Guiné Equatorial tem cerca de seis meses para apresentar resultados concretos e substantivos em duas frentes, i.e. no uso efectivo da língua portuguesa e na adopção de uma moratória sobre a pena de morte. Dito ainda de outro modo, o caminho não está percorrido e a decisão a tomar na cimeira de Díli não está fechada. Sem resultados nessas duas frentes a Guiné Equatorial terá uma vez mais dificuldades substantivas para convencer os Estados-membros da CPLP, entre eles Portugal, a aceitá-la como membro de pleno direito. A decisão, recordo, terá de ser tomada por unanimidade.
Luís Campos Ferreira, no entanto, foi mais longe em dois aspectos de natureza táctica que, do ponto de vista diplomático, são importantes. Em primeiro lugar procurou afastar-se de uma posição de mero bloqueador, de factor passivo de resistência, salientando que Portugal está "decidido a colaborar proactivamente" no processo. Ou seja, naquilo que puder, não será seguramente por causa de Portugal que a Guiné Equatorial não aderirá à CPLP. Esta é uma abordagem que faz todo o sentido, se se tiver em conta que Portugal tem sido acusado on e off the record, pelos mais diversos protagonistas, de ser o único travão à adesão da Guiné Equatorial. Este isolamento, há que o reconhecer, do ponto de vista diplomático, não oferece grandes vantagens.
Em segundo lugar, ao mesmo tempo que acentuava a posição proactiva de Portugal, Luís Campos Ferreira transferia para a Guiné Equatorial a responsabilidade e a iniciativa no processo. Como disse numa metáfora futebolística, "a bola está do lado da Guiné Equatorial. Neste desafio, pode contar com o apoio empenhado e construtivo de Portugal, mas terá de ser a Guiné Equatorial a marcar golo". Dito de outra maneira, se a Guiné Equatorial não fizer o trabalho de casa -- e há ainda quantitativa e qualitativamente trabalho de casa para fazer --, ninguém o poderá fazer por si.
Ora, a seis meses da cimeira de Díli, o relógio continua a sua imparável contagem decrescente. De certo modo, aproximamo-nos a grande velocidade de uma parede. Nós podemos ajudar a Guiné Equatorial a derrubar essa parede, mas ninguém o pode fazer por si. Luís Campos Ferreira não poderia ter sido mais claro. Ainda bem.

Pequenos raios de luz [9]

Bem sei que, para alguns, a notícia é profundamente desagradável. Mario Draghi, se não tem cuidado, ainda é corrido à paulada.

Oportunamente lembrado

Aqui.

O partido político que...

...não pedia a demissão de ministros, no fundo, não faz outra coisa. Nesta, como noutras matérias, parece-me uma posição coerente. E pronto. É isto que temos como alternativa.

Rui Rio: quo vadis? [3]

O tempo que nós passamos a discutir não-assuntos (I e II). A candidatura de Rui Rio à liderança do PSD, por exemplo. Só se fosse louco é que avançaria nas directas de Janeiro de 2014.
Tanto quanto consigo perceber, o seu calendário político contemplará sempre o ciclo posterior à liderança de Pedro Passos Coelho, o que pode ser já em 2014, ou eventualmente em 2015, admitindo como hipótese teórica que o actual primeiro-ministro poderá perder as próximas eleições legislativas. Rui Rio tem, por isso, de preencher o espaço e de se começar a posicionar nos diversos tabuleiros: partidário, político, mediático, entre outros. Nada disto se faz da noite para o dia. No mínimo dos mínimos, exige a formulação de uma estratégia, a constituição de equipas e, sobretudo, tempo. Rui Rio sabe isto melhor do que ninguém e seguramente melhor do que eu. Na política como na vida, a paciência é uma virtude, por muito que isso custe a alguns dos seus acólitos.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ninguém avisa...

...o PS? Ninguém tranquiliza Pedro Marques?

Teresa Leal Coelho: abordagem totalmente errada

A reacção pública era a pior das hipóteses. Ao fazê-lo deu espaço mediático acrescido à iniciativa, acusou o toque e reconheceu-o implicitamente, e em última instância valorizou-a. O silêncio teria sido o caminho mais sensato.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ronaldo, amigo

Faz-nos um enorme favor, pá. Não metas os pés na cerimónia de atribuição da Bola de Ouro. E se ganhares recusa a merda do caneco. Tu és o maior, pá, não precisas daquilo para nada.

Ucrânia: a linha da frente

O assunto recebe da parte da opinião pública portuguesa uma atenção relativamente marginal. É, no entanto, desde o final da Guerra Fria, a grande incógnita e a linha da frente da guerra surda entre a União Europeia e a Rússia. Cerca de 15 anos depois, estamos mais ou menos no ponto de partida, sem que seja claro para que lado se voltará a Ucrânia.
No fundo, o debate sobre a estratégia da UE para a Ucrânia é mais vasto e ultrapassa esta questão em particular. Velhos debates, velhas discussões...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Uma dúvida

Miguel Macedo tolera isto?

Para memória futura

Nuno Crato terminou hoje as suas funções como ministro. A partir de agora está apenas a ocupar o cargo e a fazer figura de corpo presente. É uma das maiores decepções dos últimos dois anos e, pela minha parte, atingiu o ponto de não retorno.

Radar: controlos de velocidade em Dezembro

Operações da PSP (as da GNR não estão nesta lista).

Qatar: mérito e demérito

"O mérito é da MSF", salientou Paulo Portas. Não tenho dúvida nenhuma de que assim é. Quem não teve mérito nenhum na matéria, seguramente, foi o sempre muito ocupado embaixador de Portugal no Qatar, Fernando Araújo. Assumindo, naturalmente, que teve tempo e disponibilidade para responder a eventuais emails da MSF que lhe possam ter sido dirigidos.

CTT: pequenos detalhes

Imagino que a minha carta foi enviada por correio normal e não por correio azul, uma vez que a recebi apenas na segunda fase da privatização. Se estivesse à espera da carta para comprar acções dos CTT ficava desde logo prejudicado nas condições de rateio. De duas, uma. Ou alguém preparou esta iniciativa tardiamente, ou então é um monumento vivo e a cores à eficiência da empresa. De uma forma ou de outra, queria agradecer publicamente a Francisco de Lacerda a preocupação que colocou em me escrever. Não é todos os dias que se recebe correspondência de um CEO.

Portugal alemão

Esta pseudo-polémica, totalmente artificial, só existe na comunicação social. Admito que Bruno Maçães possa ter sido menos feliz na forma como se expressou. Talvez tenha sido, não sei. Mas ainda que o tenha sido, não vale a pena deturpar a posição portuguesa, que aliás em nada mudou com a sua nomeação. Maçães limita-se a manter a posição anteriormente seguida por Miguel Morais Leitão, que tanto quanto me lembro ninguém criticou por expressar um "Portugal alemão". Obviamente, mais do que as suas palavras, o alvo é o próprio Maçães que alguns querem fragilizar politicamente. Não considero, que isso fique bem claro, que a sua escolha tenha sido particularmente feliz, mas a sua posição é um não-assunto, apenas alimentado pela agenda politico-partidária.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Allez, allez, Sporting allez [14]

A equipa do Sporting é candidata ao título? Não sei. Ainda vai correr muita água por debaixo das pontes e ainda há muito campeonato por jogar. Aquilo que me interessa, neste momento, é que há uma sintonia muito positiva entre a estrutura dirigente, a equipa técnica e os jogadores, os sócios e os adeptos. Isso é que me parece que deve ser destacado neste momento. Quanto aos jogos, um a um, vamos ultrapassando etapas com serenidade. Hoje William Carvalho fez uma grande exibição e até marcou o primeiro golo contra o Paços Ferreira, num jogo que marcou o regresso de Fredy Montero aos golos. Cédric, Capel e André Martins também fizeram um bom jogo, numa partida em que verdadeiramente ninguém destoou pela negativa. Não diria (ainda) que a equipa respira confiança, ou que os jogos são sempre bem jogados, mas nota-se um crescente à vontade entre as diferentes peças. O Sporting ainda pode e deve evoluir muito, mas a verdade é que há uma consistência de resultados que ninguém esperava no início da época. Nesta altura, na verdade, não se pode pedir mais. Allez, allez, Sporting allez...
Foto: Gustavo Bom (Global Imagens via DN).

[Adenda]
Peço desculpa, mas este tenho de reproduzir com a devida permissão de Zélia Parreira (e de caminho, ler os comentários de Pedro Correia):

O meu consumo...

 ...de televisão -- SICN, TVI24, RTP Informação e restantes canais generalistas -- tem sido muito reduzido, ou praticamente nulo nalguns casos, nos últimos dois ou três anos. O meu exercício de zapping diário, por regra, não vai para além dos canais FOX, Hollywood, AXN e MOV. Esta madrugada, excepcionalmente, passei os olhos pela SICN e encontrei um programa de António José Teixeira que desconhecia, salvo erro intitulado "A Propósito". O facto de Vítor Bento ser o entrevistado prendeu-me a atenção. Ouvi-o, como sempre, com interesse, até porque acabo sempre por aprender qualquer coisa. Perante um palavroso António José Teixeira, Vítor Bento disse sempre apenas aquilo que queria dizer e não aquilo que o entrevistador queria que ele dissesse, sem grandes manifestações de estados de alma, mas sempre de forma equilibrada e ponderada. Se as nossas elites tivessem mais Vítor Bentos e menos, muito menos, elementos dessa fauna que pululula regularmente pela comunicação social, estaríamos certamente todos melhor.

Europa: regras, direitos, favores

aqui e aqui tinha feito referência à agitação subterrânea que começa a agitar o PSD -- no PS a situação será igual -- tendo como pano de fundo as próximas eleições europeias. A edição do Expresso desta semana vai mais longe e toca já no dossier relativo à escolha do próximo comissário europeu a designar por Portugal. Como sempre nomes e candidatos não faltam. Na verdade ninguém sabe ainda quem será o escolhido, mas isso pouco importa. Muito possivelmente nem o primeiro-ministro tem ainda a questão resolvida na sua cabeça. Veremos a seu tempo.
Mas a parte mais deliciosa vem na última página do jornal. Para minha surpresa leio que o PS -- sim, caro leitor, leu bem -- quer escolher o próximo comissário europeu. No Governo ou na oposição, o PS mantém a mesma sede em relação a lugares de topo. A argumentação ensaiada é divina. Primeiro, a questão da legislatura. Segundo, o apoio à renovação do mandato de Durão Barroso. Vamos por partes. Alguém em nome do PS, recorrendo ao off do costume, afirma que o próximo comissário europeu ficará no cargo para além desta legislatura e por isso deve ser alguém indicado pelo PS. Naturalmente, primeiro ponto, estamos a partir do pressuposto de que o PS vencerá as próximas eleições legislativas. No fundo, bem vistas as coisas, talvez nem valha a pena perder tempo a consultar os portugueses. Afinal, a vitória do PS são favas contadas. Segundo ponto, não consigo encontrar um argumento válido para sustentar a tese de que um comissário europeu indicado pelo PSD não conseguirá articular com um eventual Governo liderado pelo PS -- e possivelmente em coligação com o PSD -- posições que defendam, na medida do possível, os interesses de Portugal. Por mero acaso António Vitorino apresentou a sua demissão de comissário europeu quando Durão Barroso foi eleito primeiro-ministro por manifesta incapacidade de se articular com um Governo PSD/CDS? Ou será que a incapacidade de articulação diz respeito apenas a comissários indicados pelo PSD? Esta gente acha que os portugueses são todos tolos?
Mas vamos ao segundo argumento. O Governo de José Sócrates apoiou a renovação do mandato de Durão Barroso à frente da Comissão Europeia e, nessa medida, o PSD deve 'pagar' o favor. Peço desculpa, mas José Sócrates tinha alternativa? Talvez valha a pena lembrar que o PS ainda ensaiou em 2004, sem sucesso, a tentativa de lançar António Vitorino para a Comissão. Falhada essa tentativa, em 2009 o PS não tinha uma alternativa para apresentar. Nessa medida, o apoio de Sócrates era irrelevante. Em suma, cobrar agora esse suposto 'favor' é treta, pura e dura.
Não estão em causa pessoas em concreto. Não faltam destacados militantes do PS que pessoalmente veria com todo o gosto como comissário europeu se o ciclo político fosse outro. Pura e simplesmente, não é, e a regra não escrita define que quem está no Governo escolhe o comissário europeu, ponto final, parágrafo.