sábado, 14 de dezembro de 2013

Guiné-Bissau: a surpresa, surpreendente [3]

A tripulação do voo da TAP entre Bissau e Lisboa foi coagida por "um membro superior das autoridades de transição guineenses", revelou ontem em comunicado Catherine Ashton.
Quem é esse membro superior que a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança optou por não identificar?
Já respondo. Antes disso importa relembrar que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Fernando Delfim da Silva, quando se demitiu, apontou o dedo a "gente ligada à imigração e segurança".
Por sua vez, o presidente da TAP confirmou que houve pressão política. "Vieram ordens superiores para embarcar se não o avião ficaria retido", explicou Fernando Pinto.
Quem é, então, esse membro das autoridades de transição -- i.e. do Governo guineense -- que coagiu funcionários da TAP em Bissau?
Nada mais nada menos do que o ministro do Interior -- e militar na reserva (os militares, sempre...) -- António Suca Ntchama. Aliás, como a imprensa portuguesa pode confirmar facilmente, se quiser. Foi o ministro do Interior quem exigiu/impôs a elementos da TAP em Bissau o embarque do grupo de cidadãos sírios com documentação falsa.
Quanto à Comissão de Inquérito guineense, os factos são muito fáceis de confirmar. Em breve veremos se a finalidade desta Comissão consiste mesmo em apurar os factos, ou se, pelo contrário, a sua intenção é outra.

[Adenda, 00:57]
O Público refere igualmente António Suca Ntchama como a fonte da pressão política. O Expresso refere que este foi o quarto grupo de cidadãos sírios a tentar apanhar um voo da TAP em Bissau.