segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Bloguítica: mudar de casa

O Bloguítica migrou para o Sapo: aqui, a partir de agora [http://bloguitica.blogs.sapo.pt/].

PS: o susto

Se alguém estivesse assustado, a primeira coisa que iria fazer era reconhecer que estava assustado...
A necessidade de enviar um email para tranquilizar as estruturas do partido é, por si só, uma fonte de informação sobre o ambiente interno e um sinal de falta de tranquilidade. Nervoso miudinho, em suma. Há comunicados que só servem para confirmar aquilo que querem desmentir.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Allez, allez, Sporting allez [23]

Ainda estou a digerir este empate. Mais uma arbitragem da qual o Sporting se pode queixar, ainda que a mesma não explique tudo o que se passou em campo. O rendimento da equipa do Sporting na primeira parte do jogo foi claramente inferior ao desempenho na segunda metade da partida e, à medida que o encontro se foi desenrolando, a Académica foi ganhando acrescida confiança. Não faltaram, no entanto, ocasiões de golo, mas este era um daqueles dias em que, por mais remates que se fizesse, a bola insistia em não entrar.
No final, o Sporting desperdiçou uma oportunidade única para subir na tabela classificativa, mas tal não é propriamente um drama, tendo em conta que ainda há muito campeonato pela frente. Allez, allez, Sporting allez!

Match do dia: Vitória de Setúbal versus G. D. Fabril do Barreiro

Mais um fim de semana, mais uma partida de futebol, desta vez no recinto do Playhouse no Pinhal Novo. Novo triunfo do Vitória Futebol Clube, neste caso contra o Grupo Desportivo Fabril do Barreiro. A jogar com um dispositivo táctico 1-2-1, o Vitória de Setúbal rapidamente impôs o seu jogo, dando expressão, ainda na primeira parte, ao seu caudal ofensivo. À semelhança da última jornada, o Vitória de Setúbal voltou a ganhar por um esmagador um a zero, perante um adversário que deu sempre luta até ao último minuto. O resultado poderia ter sido ainda mais dilatado, mas as linhas da frente do Vitória de Setúbal atiraram por duas vezes a bola ao poste.
O jogador da partida?
Lucas Gorjão. Uma apreciação que, naturalmente, nada tem a ver com o facto de ser meu filho.
Com um tridente ofensivo muito mais eficaz do que o do Manchester United, o Vitória foi rei e senhor de uma partida que dominou a seu bel-prazer. Com uma equipa de alta competição com esta eficácia e eficiência, o Vitória dificilmente conseguirá segurar estes atletas na próxima época!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Miguel Castro Caldas: Comida

seria esse o dia em que a minha mão abraçaria o prato da comida como se fosse um brinquedo ou como se fosse daquelas pessoas de quem se gosta muito que só apetece que caibam nos nossos bolsos e  para se caber nos bolsos tem de se caber primeiro na palma da mão
Miguel Castro Caldas, Comida (Douda Correria, 2014).

GES: a luta dos deuses [7]

Se Ricardo Salgado pensa conseguir terminar o seu mandato, nesse caso importa salientar que está muito enganado?
P.S. -- Não se sabe ainda quando é que o BES apresenta os seus resultados de 2013, mas aparentemente as notícias poderão ser péssimas (ver Sol, p. 42).
Textos anteriores:
GES: a luta dos deuses [5]
GES: a luta dos deuses [4]
GES: a luta dos deuses [3]
GES: a luta dos deuses [2]
GES: a luta dos deuses [1]

Zapping blogosférico

[1] Luís Naves, e [2] Pedro Correia.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

José António Lima dixit

"António Costa e Rui Rio nunca foram primeiros-ministros ou, sequer, líderes partidários. Nunca foram postos à prova nesses cargos de elevado desgaste de popularidade, têm estado preservados em funções secundárias. De Rio mal se conhece um pensamento político estruturado e diferenciado. De Costa sabe-se que apoiou a triste governação de Sócrates até ao último minuto.
Há, pois, o sério risco de um preocupante downgrade político nas presidenciais de 2016."
José António Lima (Sol, 31.1.2014: 54).

Nuno Moura: Canto Nono

quem é que incendeia a sua própria casa sem estar nas lonas?
a minha casa é um anexo da tua
e a tua é um anexo de outro
viver em altura faz mal
viver defronte do outro é ainda pior
entre olho de pau
de pé olho mau.
Nuno Moura, Canto Nono (Douda Correria, 2013).

Jack Ryan: Shadow Recruit

Estrelas: 3 (de 1 a 5).

José António Saraiva dixit

"Com o aproximar das eleições, em que a tentação da maioria será abrir os cordões à bolsa, o PS deveria assumir-se como o partido da disciplina e denunciar tudo o que cheirasse a eleitoralismo.
Se o fizesse, credibilizava-se.
Mas, pelo que temos visto, fará exactamente o contrário: continuará a criticar a austeridade, que nos salvou da bancarrota, e a exigir mais despesa.
Continuará a prometer o impossível."
José António Saraiva, "Da Europa connosco ao orgulhosamente sós" (Sol, 31.1.2014: 2).

Fernando Ulrich: saída limpa ou cautelar? [2]

Ulrich esqueceu-se também da inevitável Manuela Ferreira Leite. Ela até já tem as continhas todas feitas. E sabe tudo, nomeadamente as condições -- que ninguém conhece -- em que o cautelar nos será proposto. E sabe também que o cautelar -- que provavelmente terá de ser aprovado por alguns parlamentos nacionais -- passará nessa consulta. Pose e achismo. Santa paciência.

Fernando Ulrich: saída limpa ou cautelar?

Segundo Fernando Ulrich, "qualquer das vias pode ser utilizada com sucesso e de forma positiva para o País". Mas acrescentou que "quem tem informação para tomar essa decisão é o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o governador do Banco de Portugal. Essa decisão depende também dos nossos credores e dos nossos aliados europeus".
Ulrich, seguramente por lapso, esqueceu-se de incluir Rui Rio, entre outros, no grupo dos informados. Em todo o caso estou certo que a tese de Rui Rio do barquinho a remos não deixará de ser tida em conta nas mais altas instâncias de decisão, nacionais e europeias. E pronto, lá volto eu à questão da pose e do achismo.

Zapping blogosférico

[1] João Rodrigues, [2] Nuno Tiago Pinto, e [3] João Miranda.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

BANIF: o atraso [2]

Regresso ao BANIF e aos atrasos. De Janeiro agora, pelos vistos, vamos para Fevereiro. Jorge Tomé vai vivendo um pesadelo que nunca mais termina. É a vida.

O Tratado Orçamental de António Costa

Pedro Correia citava recentemente um artigo de Viriato Soromenho-Marques em que ele frisava que "são as respostas concretas que alimentam uma liderança. A pose não chega".
A actividade diária na política portuguesa está cheia de pose e de achismo. Actualmente, por exemplo, alguém que tenha algum peso político-partidário tem de ter opinião -- tem de 'achar' alguma coisa -- sobre a saída limpa versus programa cautelar, ainda que não tenha qualquer informação ou conhecimento para sustentar essa posição.
Adiante. Lembrei-me das palavras de Soromenho-Marques enquanto escutava António Costa (ver secção multimédia do Jornal de Negócios). Costa 'acha' que o PS cometeu um erro quando aprovou o Tratado Orçamental (TO) e, nessa medida, espera que tenha sido "o último erro que os socialistas cometeram". Qual era a alternativa, pergunta o jornalista: acha que o PS não devia ter aprovado o TO?
Colocado perante a obrigação de dar uma "resposta concreta", a que aludia Soromenho-Marques, Costa recua e diz que "provavelmente na altura em que aprovámos o TO não havia outra solução senão aprovar o TO". O erro que Costa detectou, afinal, não foi bem um erro porque a verdade é que não havia uma alternativa. A "resposta concreta" ficou para outro dia, pois, resumida a coisa, Costa apenas considera que o TO tem de ser revisto. Conversa sem substância e sem respostas concretas, no fundo. Pose e achismo. É por esta e por outras que estamos na situação em que estamos.

Zapping blogosférico

[1] Rodrigo Moita de Deus, [2] João Pinto Bastos, e [3] Ricardo Lima.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Rui Moreira: já?

Começam cedo as trapalhadas do menino d'oiro da Foz. Veremos quanto tempo dura a boa imprensa.

Cavaco Silva: co-adopção [2]

Ei-los, rapidamente a saír da toca. Agora já queriam decisões políticas, independentemente da constitucionalidade.

Cavaco Silva: co-adopção

Sem surpresas, portanto. Aposto que alguma Esquerda que nos últimos dois anos, por tudo e por nada, tem pedido ao Presidente para pedir a fiscalização da constitucionalidade de tudo e mais alguma coisa, em coerência, agora está radiante com esta decisão.

A implosão da Esquerda?

De facto, há qualquer coisa de inexplicável no ar. E o resultado pode ser este.

Zapping blogosférico

[1] Filipe Nunes Vicente, [2] José Medeiros Ferreira, e [3] João Miranda.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O síndrome do bom aluno

Pois. É isto.

Com as eleições europeias...

...à vista, altura para os partidos políticos voltarem a redescobrir o encanto das redes sociais?

Zapping blogosférico

[1] Vital Moreira, [2] João Gonçalves, e [3] Luís Moreira.

Sondagem: boas notícias? mas para quem?

Quase que custa a acreditar nos valores desta sondagem. A esta distância, com uma abstenção muito elevada e sem se conhecerem ainda os cabeças de lista, a minha reacção imediata vai no sentido de a desvalorizar. Mas assumindo que poderia ser este o resultado nas eleições europeias, este triunfo do PSD e do CDS poderia vir a ser uma vitória de Pirro. António José Seguro seria liquidado no dia seguinte, assumindo que ele próprio não se demitiria na noite eleitoral. Ora, numa perspectiva puramente táctica e de interesse partidário, esse não é um resultado que interesse de certeza absoluta ao PSD ou ao CDS.
Mas seria do nosso interesse comum?
Não sei, porque não sei o que viria a seguir no PS, se um posicionamento menos demagógico e mais de centro-esquerda, se uma deriva a favor da ala esquerda mais radical.
Uma coisa tenho a certeza. Pedro Passos Coelho conseguirá acomodar uma derrota política nas eleições europeias, mesmo que ela seja pesada. António José Seguro não resistirá a uma derrota, por mais suave que ela seja.
Esta sondagem pode valer pouco, mas mesmo assim aposto que deixou muita gente nervosa.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Rui Caeiro: Um Gato no Inferno

Refastelado no veludo negro
do inferno, um gato
espera por mim

Não haverá muitos gatos
nos desvãos do inferno
Mas um há que eu tinha
e que espera por mim lá

No inferno procurar bem
para além de pulgas e de baratas
há-de haver um gato
Rui Caeiro, Um Gato no Inferno (Edição do Autor, 2013).

Match do dia: Vitória de Setúbal vs. Pinhalnovense

Numa partida muito disputada, que decorreu esta manhã na Academia de Formação do Futebol Clube Barreirense, o Vitória Futebol Clube derrotou o Clube Desportivo Pinhalnovense por um esmagador um a zero. Com um dispositivo táctico eficaz e num jogo muito disputado a meio-campo, o Vitória de Setúbal anulou quase sempre os ataques do Pinhalnovense. Com o decorrer da partida, fruto da boa circulação da bola e com a pressão alta feita pela equipa, acabou por ser uma questão de tempo até que o controlo da partida por parte do Vitória de Setúbal se concretizasse em golos. Conquistada a vantagem no marcador, o Vitória de Setúbal passou a controlar o jogo de forma inteligente, podendo até ter dilatado a vantagem, o que não aconteceu por mero capricho da trave. O futebol é uma caixinha de surpresas e em contraciclo o Pinhalnovense até poderia ter igualado na fase final da partida, através de uma grande penalidade, mas a justiça no resultado acabou por prevalecer quando o Pinhalnovense desperdiçou essa oportunidade soberana.
O treinador do Vitória de Setúbal revelou uma grande leitura táctica do jogo, procedendo a um conjunto de substituições que se revelaram sempre acertadas no tempo, dessa forma contribuindo para a eficácia da equipa, o que se revelou crucial para o resultado final. Em suma, o resultado é inteiramente justo e em nada sou influenciado nesta análise pelo facto do meu filho mais novo ser um dos jogadores em campo do grande Vitória de Setúbal.
Para a semana há mais. Carpe diem.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Allez, allez, Sporting allez [22]

Há vitórias com sabor amargo. Esta foi uma delas.
Allez, allez, Sporting allez!
[Publicado também aqui.]
Foto: Francisco Leong (AFP).

Ter de ter opinião todos os dias

Lembro-me frequentemente de Manuel António Pina. Esta resposta, por exemplo. Ao contrário dele não tenho opinião uma vez por ano, mas também não tenho todos os dias. O mais frequente, diria, é não ter opinião. Um potencial problema quando se tem um blogue onde é suposto ter opinião...
Há assuntos sobre os quais me sinto um pouco como um animal em vias de extinção, um dos últimos espécimes que ainda não tem opinião, pasme-se, sobre um determinado tema.
Eu com tão pouca opinião e outros com opinião tão frequente e segura. A opinião está muito mal distribuída, é o que é.

Zapping blogosférico

[1] Pedro Correia, e [2] João Ferreira do Amaral.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Miguel-Manso: Supremo 16/70

IIII
paraste numa rua decaída
como o Sol
o abatimento de bengala tornando
devagar a caminho de casa

única cedência da alegria:
o perfume das laranjeiras o complô
acriançado dos pássaros o branco fabuloso
desses muros -- se afastasses da ideia
o aperto que arquitectam --

alguém te chamou, olhaste
saudou-te com um entusiasmo forçado e no fim
trocou o teu nome pelo nome do teu pai
(eu só te conheci a mãe)

não corrigiste esse nem nenhum
outro desacerto
(o mais premente e perturbador de todos
visto assim não tem cura)
e seguiste à sombra do teu morto
ainda mais calado
Miguel-Manso, Supremo 16/70 (Artefacto, 2013).

Marcelo Rebelo de Sousa desistiu de se candidatar?

Às eleições presidenciais?
Subitamente lembrei-me de Mark Twain...

Nouriel Roubini: prognósticos com precisão variável

"O pior da crise já passou em termos de riscos financeiros", afirmou Nouriel Roubini.
Roubini vive dos louros de ter antecipado a crise do subprime nos EUA. Na verdade, até um relógio parado está certo duas vezes por dia. O problema é o resto do tempo. Exemplos?
AquiAqui. Aqui. Aqui. Devo continuar?

Zapping blogosférico

[1] Luís Naves, [2] Luís Aguiar-Conraria, e [3] Rodrigo Moita de Deus.

Luís Marques Guedes: sem margem

Repetir, se faz favor, as vezes que for necessário: como Luís Marques Guedes frisou com todo o sentido de oportunidade, "o Estado continua a gastar mais 7.151 milhões de euros do que aquilo que arrecada em receita". Tão simples como isto.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Luís Montenegro: Panteão

Aqui está um exemplo de uma reflexão que tem apenas uma finalidade: empurrar com a barriga.

Ferro Rodrigues: Ambrósio, apetece-me eleições

Está bem, abelha...

Pires 'Shakespeare' de Lima

To be or not to be...

Zapping blogosférico

[1] Joana Lopes, e [2] Luciano Amaral.

Frederico Pedreira: Doze Passos Atrás [2]

ESTÁTUAS
Desde criança que cumprimento o meu pai
 e todos os meus tios com um beijo na cara.
Desde criança que me recordo do odor acre
das suas bocas, vindo do peru do Natal,
dos lagos de vinho tinto, do excesso de beijos.
É isto que sobretudo recordo: o excesso de beijos.

Não me parece agora justo pedir-lhes que
voltem alegremente ao que eram, ao teatro onde
faziam tilintar os talheres, as facas de trinchar,
aos seus modos de afagarem as barrigas,
à sua insistência em conversarem.

Por vezes, temo-os: são gestos apontando o vazio,
indefinidos no ar raro em que os deixei, debaixo
de uma chuva de gravilha. Mostram um sorriso
largo no rosto sem ter onde desembocar e aquele
doce modo de desacelerar a vida, permitindo-a
morrer devagarinho, como deve ser, em paz.

Frederico Pedreira, Doze Passos Atrás (Artefacto, 2013), p 53.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Black Wednesday

É mais ou menos isto: . . . - - - . . .

Frederico Pedreira: Doze Passos Atrás

A ESPERA
Éramos ainda tão novos quando aprendemos
a fingir os movimentos do volante e das mudanças,
a disfarçar a ansiedade da espera
nos cliques da regulação dos faróis.
O som oco dos pedais pressionados
pelos nossos pés minúsculos,
tudo a mover-se a uma velocidade inabitável.
Eu e o meu irmão, de madrugada,
imitando o ruído do motor com os lábios,
apontados para a fachada daquela cervejaria
que nos retinha sem razão, conduzindo
numa quilometragem de medos,
dali para fora.

Frederico Pedreira, Doze Passos Atrás (Artefacto, 2013), p 38.

Zapping blogosférico

4700 condutores...

...a uma infracção de ficarem sem carta. Esta é a notícia central hoje na capa do Diário de Notícias. O número é impressionante. Ainda sem ler a notícia, quase que apostaria que a esmagadora maioria são contra-ordenações por excesso de velocidade. A maioria das operações de controlo de velocidade, como o leitor sabe, são pura caça à multa, sem qualquer outro critério que não seja facturar. Quem conduza 30 a 40 mil quilómetros por ano dificilmente escapa sem ter tido uma, ou várias, contra-ordenações graves e muito graves.
Juntou-se a fome à vontade de comer, i.e. um legislador com mão pesada e agentes da lei com uma enorme vontade de mostrar serviço. O resultado está à vista.
Altura, talvez, para decretar uma amnistia geral?

Trichet: será Portugal a decidir sobre cautelar

Como não poderia deixar de ser. Apesar das evidentes condicionantes existentes à nossa autonomia de decisão, em todo o caso ainda somos um Estado soberano. Nesta matéria Pedro Passos Coelho parece-me ter uma posição inatacável. Como o caso irlandês demonstra, não temos de tomar nenhuma decisão até ao final da semana. Ainda há muito tempo à nossa frente até ao final do programa da troika.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rehn: "reacção nacional tardia"

Há quem insista desesperadamente em re-escrever a História. José Sócrates, por exemplo, fá-lo todas as semanas no canal público de televisão, ainda que poucos se disponham a ouvir historietas de adormecer. A verdade, porém, por mais que se procure confundir, insiste em vir ao de cima.

Mais uma barreira...

...psicológica que foi ultrapassada. Bem sei, vale o que vale, mas não deixa de ser mais um passo na direcção que nos interessa.

Teixeira da Silva: O Lugar que Muda o Lugar

O LUGAR QUE MUDA O LUGAR
Dias e dias em que olhamos as margens
a simbólica, real escorrência
e trazes no sopro do ar, neste exacto ar
os versos que vêm e vão de oriente a oriente

Assim batam nos olhos as coisas literais
o lugar em que o lugar muda o lugar
e explica o mar maresias de si para si
o peso do sol e o peso da lua

A água na distinta água arrasta
os conhecidos seixinhos, róseos detritos
carcaças de aves e petróleo que cheira
como cheiram alegorias do mal

Dias para alcançar o fim da terra
ver aparecer, ver desaparecer
essa impecável figura peregrina
e os nomes próximos de areias e rochedos
cabedelo, pedra davra, samagaio
perdida evidência entre marés

José Manuel Teixeira da Silva, O Lugar que Muda o Lugar (Língua Morta, 2013), p. 13.

Zapping blogosférico

Portugal e a República Centro-Africana [2]

Um mês depois ainda andamos nisto...

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Cali: King of the Dancefloor

Tenho uma enorme admiração por todas as pessoas que se dedicam às diferentes formas de criação artística. Mais ainda no caso de Cali por se tratar de um ex-aluno meu. Não posso, por isso, deixar de fazer referência ao seu CD a solo, King of the Dancefloor, onde ele mistura sonoridades que vão do Hip Hop, House, Kuduro ao R&B.
O resultado final?
Cinco estrelas. 

Quem será o candidato presidencial do PSD? [2]

Pedro Passos Coelho afirmou estar surpreendido com a reacção de Marcelo Rebelo de Sousa. Não sei se é o caso, mas a dissimulação faz parte das regras do jogo político. Como era óbvio, o primeiro-ministro dificilmente iria assumir, ou personalizar, o perfil traçado na moção de estratégia. Mas, evidentemente, também não negou que o ex-líder do PSD possa estar no lote dos excluídos.
Adiante. Esta polémica tem muito pouco sentido a esta distância das eleições presidenciais. Como é óbvio, ainda vai correr muita água por debaixo das pontes até 2015.

The Wolf of Wall Street

Estrelas: 4/5

Quem será o candidato presidencial do PSD?

Eis como uma moção de candidatura, em poucas linhas, pode condicionar a agenda política e mediática. Segundo a interpretação geral, Passos Coelho recusa apoiar Marcelo Rebelo de Sousa. No perfil que se desenha, o que se critica, no fundo, é a sua suposta falta de credibilidade, mas a discussão posterior tem vindo a abordar também a interpretação dos poderes presidenciais pelo candidato.
Passos Coelho teve muito provavelmente duas, ou mais, intenções. Mostrar, em primeiro lugar, que uma vitória nas legislativas está ao seu alcance, daí a discussão das presidenciais. Em segundo, definir um perfil pessoal de candidato, sobretudo pela negativa, i.e. excluindo, porventura, Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros.
Duvido que, ao contrário do que está a ser dito e escrito, Passos Coelho queira condicionar a escolha do futuro Presidente em função da sua interpretação dos poderes presidenciais. Por uma razão muito simples. Naturalmente, qualquer primeiro-ministro quer um Presidente o menos interventivo possível, mas Passos Coelho sabe também que no dia da eleição o Presidente 'autonomiza-se', por assim dizer, do partido que o apoiou.
Sim, Passos Coelho quererá que o PSD apoie um candidato credível e não apenas com popularidade, mas não creio que o veto a Marcelo Rebelo de Sousa tenha alguma coisa que ver com a sua interpretação dos poderes presidenciais.

Nunes da Rocha: Óculos Sujos, Fígado Gordo

A vida não é mesa posta
Ou lâmpada fundida.
Pode também ser um medo
De vidro, quando
A garrafa retorna sem notícia
E as mãos regressam aos bolsos --
Constelação maior
De uma biografia distraída.

Deixa-me neste cais de nuvens
(Óculos sujos,
Fígado gordo);
Varrendo os barcos de papel,
Cotão dos dias,
No tapete da entrada.

Nunes da Rocha, Óculos Sujos, Fígado Gordo (&etc), p. 37.

Zapping blogosférico

[1] Luís Moreira, e [2] Ana Cristina Leonardo.

domingo, 19 de janeiro de 2014

António José Seguro: perdido e desnorteado

A melhor defesa é o ataque, diz a sabedoria popular. Perdido e sem estratégia, algo absolutamente evidente, o líder do PS inverte a situação e acusa o primeiro-ministro de estar "perdido e desnorteado". Quase que parece um número de stand-up comedy...

Sondagem: mais do mesmo

O PS não consegue descolar do PSD num contexto político em que tudo, ou quase tudo, joga a seu favor. O PSD, aliás, para desespero de José Pacheco Pereira, António Capucho e Manuela Ferreira Leite, apesar das circunstâncias adversas consegue a notável proeza de obter 30% das intenções de voto.
Moral da história?
Pedro Passos Coelho está muito menos isolado politicamente do que alguns querem fazer crer. A sua legitimidade, para voltar a um tema que esteve artificialmente em causa há alguns meses atrás, continua intacta e é indiscutível. É a vida.

AAVV: Quarto de Hóspedes [2]

POEMA ENCOMENDADA [Rui Caeiro]

No quarto, nem sequer de hóspedes, no quarto
escuro das arrumações, fui dar com a minha
vida, e em que lindo estado. No meio de uma
inqualificável tralha, lá estava ela, ao fundo,
a minha vida, encore bien que je te trouve!,
mas tão desconchavada a pobre, tão anémica
que metia dó. Que situação tão constrangedora,
pensei, sem lho dar a entender. Que posso
eu fazer por ti que não seja fugir depressa
daqui ou enfiar-me logo pelo chão abaixo?
E tu, minha vida, vá, deixa-te ficar, tant mal
que bien, e olha que o quarto também não é tão
mau assim. E desacompanhada não ficas nunca
(seria aliás difícil, com toda a tralha em volta...)
e olha que nestas coisas é como no demais, é como
em certos casamentos: NÃO DEU NÃO DEU, adiante.

AAVV, Quarto de Hóspedes (Língua Morta, 2013), p. 79.

Zapping blogosférico

[1] Luís Naves, [2] Vital Moreira, e [3] João Gonçalves.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Allez, allez, Sporting allez [21]

Esforço, dedicação, devoção e glória.
Allez, allez, Sporting allez!
[Publicado também aqui.]

AAVV: Quarto de Hóspedes

CAMEL BLUE [José Carlos Soares]
No pequeno cemitério
comovente

ninguém, a não ser
o latido de algum
cão, o canto

de um galo
vermelho, a tosse
de um pequeno deus

desempregado. Também
pude reparar
como saía

de uma velha campa
abandonada
um exército de formigas

sob um intenso
céu azul
que nada respondia.

AAVV, Quarto de Hóspedes (Língua Morta, 2013), p. 45.

Zapping blogosférico

[1] Vital Moreira, [2] José Medeiros Ferreira, e [3] Filipe Nunes Vicente.

Ongoing vs. Impresa: The End

Sem surpresa. Quando no ano passado a Ongoing desistiu de todos os processos que tinha em curso contra a Impresa tornou-se evidente que se procurava uma solução nos bastidores e que seria uma questão de tempo até que a Ongoing vendesse as acções que detinha da Impresa. Não demorou muito tempo, como agora se constata.
Moral da história?
A Impresa mantém a sua posição dominante no panorama da comunicação social portuguesa e a Ongoing vira-se cada vez mais para o Brasil. Nuno Vasconcellos, aliás, há alguns anos que passa mais tempo no Brasil do que em Portugal. Afinal, salvo algum imprevisto, o futuro da Portugal Telecom -- empresa onde a Ongoing detém uma participação relevante -- está traçado e Lisboa é cada vez mais uma realidade distante.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Teresa Leal Coelho

Grande Teresa, é assim mesmo!

S&P: depois logo se vê...

Sem surpresas, portanto. De forma conservadora, espera-se por decisões sobre o pós-troika.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Quotidiano


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Allez, allez, Sporting allez [20]

O Sporting quebrou hoje a sequência de três jogos sem marcar golos e manteve o ciclo de jogos sem sofrer qualquer golo. Leonardo Jardim aproveitou a Taça da Liga para rodar alguns jogadores, refrescar a equipa e dar uma oportunidade a jogadores que por regra não são titulares. Boeck, Dier, Mané, Slimani e Vítor alinharam de início e todos responderam muito positivamente à chamada. Boeck foi o homem do jogo, negando ao Marítimo três ou quatro golos, defendeu tudo o que havia para defender, mesmo o que parecia impossível. Se o Marítimo não marcou pelo menos um golo, a ele se deve a inviolabilidade da baliza do Sporting. Mané foi o homem que descobriu o caminho para a baliza do Marítimo, ele que marcou o primeiro golo e que esteve em grande plano, sobretudo na primeira parte. Slimani foi, depois de Boeck, o jogador que mais se destacou nesta partida. O argelino correu quilómetros, foi incansável a ir buscar jogo e a servir os colegas em jogadas ofensivas. No final falhou um golo que bem merecia nesta partida. Dier tremeu num lance ou dois, mas no resto deu boa conta do recado. Vítor marcou o segundo golo -- o terceiro foi de Rojo -- e correu quilómetros em campo. Em suma, quem disse que o Sporting não tinha banco?
Quanto aos restantes, William Carvalho, Rojo, Jefferson, Adrien e Cédric estiveram ao seu nível do costume. Capel foi talvez o jogador menos eficaz na sua posição, ainda que, como sempre, tenha tido um empenho acima de qualquer dúvida.
Esta partida foi importante para restabelecer os níveis de confiança depois de três jogos consecutivos sem marcar. E se Slimani não marcou, em todo o caso o Sporting mostrou ter diversas opções para marcar golos.
Este foi o jogo desta época em que, tanto quanto me recordo, estiveram menos espectadores no Estádio de Alvalade, pouco mais de onze mil. Poucos, mas bons...
Uma última palavra para a arbitragem que, no essencial, mereceu nota positiva.
Segue-se o Arouca. Allez, allez, Sporting allez!
Foto: Manuel de Almeida (Lusa via Correio da Manhã).

Zapping blogosférico

[1] Nuno Tiago Pinto, e [2] Maria João Marques.

Ballon d'Or: Ronaldo

Estava a ver a listagem com as votações e, às tantas, lembrei-me do Festival da Eurovisão. Não é bem a mesma coisa, mas anda lá perto...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Vítor Gaspar: ser e parecer

Havia apenas duas ou três instituições para as quais, em nome do bom senso, Vítor Gaspar não deveria ter ido depois de ter sido ministro das Finanças. A saber, FMI, BCE e Comissão Europeia.
Vítor Gaspar evitou sempre qualquer conflito com a troika ao ponto de, por vezes, não se perceber qual era o seu lado da barricada. Ele que uma vez chegou a referir-se no Parlamento aos "vossos eleitores" -- não os dele, aos quais aparentemente não tinha de prestar contas -- perante os deputados do PSD e do CDS. Pois bem. É precisamente no FMI que ele aterra menos de um ano depois de ter sido ministro.

Portugal e o investimento chinês

De acordo. Se é angolano é porque é angolano. Se é chinês é porque é chinês. Pelos vistos, alguns puristas só querem investimento oriundo do Vaticano. E mesmo esse...

Moody's: safe bet

Regressando à Moody's, a rapaziada optou por jogar pelo seguro...

Zapping blogosférico

[1] Helena Matos, e [2] Filipe Nunes Vicente.

domingo, 12 de janeiro de 2014

CDS: congresso poderia ter sido diferente?

Evidentemente que não. Um congresso a meio de uma legislatura e quando esse partido está no poder é sempre um acontecimento norte-coreano. Paulo Portas tinha uma obrigação e uma preocupação. A obrigação era ter que regressar à crise de Julho de 2013. Como era esperado, passou pelos pingos da chuva sem se molhar. A sua explicação não convenceu ninguém, evidentemente, mas esta era uma formalidade a cumprir. A preocupação dizia respeito aos equilíbrios de poder e à estabilidade interna. De novo, Portas resolveu a coisa com a maior facilidade.
Quanto à oposição interna, com limitações óbvias, cumpriu o seu papel, restando-lhe aguardar por melhores dias.
A realidade segue dentro de momentos.

Quotidiano


Zapping Blogosférico

sábado, 11 de janeiro de 2014

Allez, allez, Sporting allez [19]

Infelizmente o Sporting não conseguiu vencer o Estoril e o empate a zero é inteiramente justo. Num jogo sem muitas oportunidades de golo, muito táctico e muito disputado no meio-campo, faltou ao Sporting uma pontinha de sorte para garantir outro resultado. Este era um daqueles jogos em que um lance de inspiração individual faria toda a diferença, mas a verdade é que ele não existiu.
Dito isto, o empate não é propriamente um mau resultado e o Sporting termina a primeira volta muito acima das expectativas de qualquer sportinguista no início da época. Nada a dizer, portanto. Ou melhor, há a dizer: allez, allez, Sporting allez...
Foto: Pedro Rocha (Global Imagens via DN).

Quotidiano


Observador [2]

Nicolau Santos, sempre ele. As coisas que ele já sabe de antemão sobre o Observador. De forma resumida, o escriba avança desde já que será um canal de intervenção ideológica que servirá possivelmente para "dar exposição e bons cargos públicos a alguns dos seus membros". Por isso este projecto deve ser, desde já, encarado com a máxima suspeita. Afinal, "tantos investidores privados" dispostos "alegremente a perder dinheiro durante vários anos" é uma coisa nunca vista. O Público, por exemplo, é um jornal que desde a sua fundação está farto de dar lucro à Sonae. A própria Impresa tem resultados financeiros magníficos para mostrar. Seria, naturalmente, um projecto fascinante e sério se fosse dirigido pelos Baptistas da Silva que tanto o encantam. Não sendo o caso, é um projecto com toda a legitimidade -- porra, o que lhe custou admitir isto -- mas seguramente vinculado a agendas obscuras.

Em defesa dos centros de decisão?

Já dei, em tempos, para esse peditório. É um tema para o qual tenho alguma simpatia, cada vez menos, tenho de confessar. Ainda me lembro de Diogo Vaz Guedes defender empenhadamente a manutenção dos centros de decisão nacional e depois vender a Somague à espanhola Sacyr. Nesse dia, a minha simpatia pela 'causa' começou a diminuir significativamente.
No Expresso lamenta-se, com a mais recente vaga de privatizações, a perda de controlo nacional de um conjunto de centros de decisão. Inevitavelmente, a culpa é atribuída ao Estado e a este Governo em particular. Os nossos empresários -- sem estratégia, incapazes de se associar, sempre disponíveis para fazer mais-valias na primeira oportunidade -- são, no essencial, ilibados de qualquer responsabilidade. O Estado tem a 'obrigação' de preservar os centros de decisão nacional. Já as elites empresariais -- por regra apenas interessadas em comprar ao preço da uva mijona -- não têm responsabilidade absolutamente nenhuma. Haja pachorra.

Carpe diem

Moody's: not in the mood for an outlook upgrade?

É impressão minha, ou ontem era suposto ter sido divulgada uma análise da Moody's ao risco de crédito de Portugal? A agência de notação mudou de ideias? O que é que se passou para ter sido adiada, ou cancelada, a sua publicação?

Zapping blogosférico

[1] João Pinto Bastos, e [2] Francisco Seixas da Costa.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vital Moreira dixit

"Depois da crise não voltamos ao estado anterior, em que tínhamos o recurso dos impostos, o endividamento e o dinheiro da União Europeia. O tempo do endividamento acabou. A partir de agora, provavelmente temos é de ter saldos positivos para diminuir a dívida acumulada. Vamos ter de ser muito austeros e imaginativos se quisermos manter o Estado Social. É um desafio para o PS, quando voltar ao Governo. (...) A convenção Novo Rumo será o pontapé de saída e temos um ano e meio para construir essa alternativa, até às legislativas. Ela é necessária e ainda não existe. Eu insisto: um partido de governo não lhe basta fazer boa oposição, tem de dizer porque quer ser Governo. (Sol, 10.1.2014: 6-7.)"

Oliveira Martins: trocando por miúdos

Estamos perante uma intervenção sem qualquer conteúdo, ou trata-se de um recado dirigido sobretudo ao PS?
Como me custa a acreditar que seja o segundo caso, depreendo que o presidente do Tribunal de Contas se limitou a encher chouriços.

CDS: a espuma dos dias

De outra forma nunca mais abandona a liderança do partido?

Luís Quintais: Depois da Música

TOTENBUCH
Com horror
haveríamos de encontrar o círculo negro da história,
o arquivo inabitável, irrespirável.

É amoral o gesto de quem regista,
assinala óbitos, assepsias, extermínios.

Um forno não é um forno
e um chuveiro não é mais um chuveiro.

O funcionário que regista tem
por dedos lâminas rombas.

Desenha com método. Anota com desvelo.

Luís Quintais, Depois da Música (Tinta da China, 2013), p. 28.

Zapping blogosférico

[1] Luís Naves, [2] Helena Matos, e [3] Pedro Rolo Duarte.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Quotidiano