quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Boas perguntas mas ainda sem respostas

"Depois de uma crise tão violenta, porque é que a esquerda não progride em termos eleitorais? Porque é que, depois de tanta austeridade e de tanto desemprego, a esquerda continua sem uma posição dominante na política europeia e são ainda as forças de direita que impõem as suas ideias e as suas políticas? Perante uma crise de confiança que põe em causa mesmo o capitalismo, porque é que a esquerda não tem a confiança dos eleitores?
Por um lado, pela simples razão de que a esquerda não estava preparada para uma crise desta natureza, e, por outro lado, porque, sob várias formas diferentes formações de esquerda estão associadas à gestão da crise."
Luís Amado, "Curiosidades" (Visão, 2.1.2014: 18-19).

A questão seguinte, que se coloca nomeadamente nas próximas eleições europeias, é se a esquerda já está preparada para fazer face à crise. Se está confesso que ainda não dei por isso. O PS, pelo menos, parece-me muito distante de ter uma alternativa, uma proposta diferente. Naturalmente, o PS muito provavelmente vencerá as próximas eleições europeias, mas isso não quer dizer que tenha soluções diferentes. Aliás, como Luís Amado refere no mesmo artigo, nos últimos 30 anos a esquerda europeia tem, pura e simplesmente, jogado sempre à defensiva perante o processo de globalização. Luís Amado entende que "uma maioria no Parlamento [Europeu] seria um primeiro passo" no sentido de a esquerda readquirir a "hegemonia a nível europeu". Voltamos, porém, sempre ao mesmo: de que serve a hegemonia à esquerda europeia se não tem propostas diferentes?