quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O Tratado Orçamental de António Costa

Pedro Correia citava recentemente um artigo de Viriato Soromenho-Marques em que ele frisava que "são as respostas concretas que alimentam uma liderança. A pose não chega".
A actividade diária na política portuguesa está cheia de pose e de achismo. Actualmente, por exemplo, alguém que tenha algum peso político-partidário tem de ter opinião -- tem de 'achar' alguma coisa -- sobre a saída limpa versus programa cautelar, ainda que não tenha qualquer informação ou conhecimento para sustentar essa posição.
Adiante. Lembrei-me das palavras de Soromenho-Marques enquanto escutava António Costa (ver secção multimédia do Jornal de Negócios). Costa 'acha' que o PS cometeu um erro quando aprovou o Tratado Orçamental (TO) e, nessa medida, espera que tenha sido "o último erro que os socialistas cometeram". Qual era a alternativa, pergunta o jornalista: acha que o PS não devia ter aprovado o TO?
Colocado perante a obrigação de dar uma "resposta concreta", a que aludia Soromenho-Marques, Costa recua e diz que "provavelmente na altura em que aprovámos o TO não havia outra solução senão aprovar o TO". O erro que Costa detectou, afinal, não foi bem um erro porque a verdade é que não havia uma alternativa. A "resposta concreta" ficou para outro dia, pois, resumida a coisa, Costa apenas considera que o TO tem de ser revisto. Conversa sem substância e sem respostas concretas, no fundo. Pose e achismo. É por esta e por outras que estamos na situação em que estamos.